No dia 1º de janeiro, o movimento que implantou o socialismo na ilha caribenha e desafiou o poder dos Estados Unidos completou 65 anos. A comemoração da Revolução cubana vem sendo marcada por reflexões e publicações sobre o que representou esse momento do ponto de vista histórico e político, suas implicações nos dias de hoje e personagens icônicos, como símbolo de luta e resistência.
Uma destas publicações é o livro “O ministro Che Guevara, testemunhos de um colaborador”, de Tirso W. Saenz, cuja segunda edição, pelas Edições Manoel Lisboa, em parceria com a UJR (União da Juventude Rebelião), teve lançamento no Simpro-Rio (Rua Pedro Lessa, 35), no dia 29 de fevereiro, com a presença do autor. Mas após o lançamento de seu livro, Tirso Saenz passou mal e foi internado. Apesar de todos os esforços da equipe médica, não resistiu a um edema pulmonar e faleceu, aos 92 anos de idade.
Tirso foi vice-ministro do Che no Ministério de Indústrias de Cuba nos primeiros anos da revolução. Ao lado do Che, enfrentou enormes desafios para iniciar a construção do socialismo na Ilha. Seu livro, relançado pela UJR e pelas Edições Manoel Lisboa, em 2023, é um relato vivo e entusiasmante dessa experiência.
O livro vai além de registrar como o povo cubano enfrentou desafios políticos, sociais e técnicos. A narrativa sobre a convivência no cotidiano do trabalho do engenheiro químico cubano designado em 1962 vice-ministro com Che, dá pistas da personalidade intensa e humana do grande revolucionário.
Disciplina no trabalho
“Che era o primeiro no trabalho voluntário que acontecia toda semana. O trabalho voluntário era para todos, inclusive para os dirigentes do Ministério, que tinham que trabalhar na indústria têxtil, cortar cana… Che cortava cana como um profissional! Me marcou aquele homem que não usava recursos para nada, que era uma pessoa dedicada 100% à revolução, não só como ministro, mas também como membro da direção política, como membro do Conselho de Ministros, como chefe militar. E, ademais, um pensador e criador, um homem de ideias sobre como desenvolver o socialismo, particularmente em um país subdesenvolvido como Cuba”, conta Tirso em entrevista publicada na edição nº 279 do Jornal A Verdade (de outubro de 2023).
“Che morreu há mais de sessenta anos e segue sendo uma figura de caráter internacional. Eu creio que o mais importante seja a ideia que coloca o ser humano como o elemento central e decisivo em um processo de construção do socialismo. Ou seja, o futuro do socialismo está não só no desenvolvimento da ciência e da tecnologia, mas também no das pessoas. É um processo de formação de um ser humano que não seja egoísta, que tenha uma visão social, que tenha consciência de que é membro de uma sociedade”, avalia o autor. (A íntegra está em https://averdade.org.br/2023/10/tirso-w-saenz-para-o-che-o-ser-humano-e-o-principal-na-construcao-do-socialismo/).
Em despedida, a coordenação nacional da União da Juventude Rebelião UJR), escreveu: “Tirso viveu uma vida plena. Adorava contar para a juventude as histórias que viveu ao lado de Che. Aprendemos muito com ele. Sua partida é muito dolorosa para toda a militância da UJR. Vai deixar um vazio muito grande em cada um de nós, que tivemos o privilégio de conhecê-lo e chamá-lo de companheiro.”