Com faixas, bandeiras e cartazes dezenas de estudantes da UFRJ marcharam da Faculdade de Letras até a Ponte do Saber que foi fechada por vários minutos na manhã desta sexta-feira(19) Representantes do Sintufrj e do Andes-SN participaram do ato.
A manifestação – deliberada em assembleia do DCE Mário Prata – tem um nome característico de campanha: SOS UFRJ: a Educação grita por verbas!
Foi um protesto ruidoso e colorido contra o sucateamento e a restrição progressiva de recursos da universidade, exigindo verbas para a sua sobrevivência. “Educação não é gasto, é investimento!”, dizia um dos cartazes.
“A nossa luta unificou. É o estudante junto com trabalhador!”
“Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu. Aqui está presente o movimento estudantil!”
Em uníssono nas palavras de ordem ou nas falas que se sucederam, os manifestantes denunciaram a gravidade da situação da UFRJ, exigindo recomposição orçamentária, na passeata que saiu da Faculdade de Letras, ocupando todas as pistas da Avenida Horácio Macedo (no sentido da Reitoria) e da Avenida Pedro Calmon até a ponte.
Olha pra cá!
“Queremos uma sociedade diferente, que não tenha ninguém que passe fome e que não tenha condições de estar aqui. Defendemos que a universidade deve estar aberta para todo mundo”, disse o representante do DCE Alex Borges, puxando uma palavra de ordem, acompanhado pelo enorme grupo: “Olha para cá! Estou na rua, para o seu filho estudar”.
Segundo ele, o DCE realizou nesta sexta-feira, 24 horas de paralisação com atividades políticas e ações descentralizadas e que o ato no Fundão contou com a participação de todos os centros.
Ele contou que, no dia anterior houve paralisação na Praia Vermelha, com o fechamento do Avenida Venceslau Brás, com o apoio dos Centros Acadêmicos (CAs). E que a unidade dos CAs com o DCE cresce cada vez mais. Os cursos estão realizando assembleia e em breve o DCE irá convocar assembleias gerais para debater sobre a mobilização e defesa da universidade.
Jogral na ponte
“Nós somos estudante e trabalhadores da UFRJ em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. O nosso futuro não será precarizado. Queremos dignidade para estudar e para trabalhar, e não seremos coagidos porque essa é primeira das muitas manifestações que a UFRJ vai protagonizar enquanto a gente não tiver uma recomposição orçamentária que de conta dos nossos sonhos,”, disse a representante do DCE e do CA de Engenharia Camile Gonçalves, repetida em jogral por dezenas de estudantes, em meio a aproximação de policiais em uma viatura e duas motos no intuito de desobstruir o acesso à Linha Vermelha.
Crescendo
Eles chegavam à Letras, local da concentração, em grandes grupos, e se juntavam aos demais, vindos de diferentes unidades do CCS, do HU, Educação Física, EBA, FAU. Seus representantes se revezavam no microfone, denunciando a precariedade dos prédios, como na EBA que teve o ateliê Pamplonão fechado por falta de condições, o do IFCS que contam estar sob risco de um incêndio pela fragilidade das instalações, unidades cujos terceirizados sofrem com atrasos de salários e estudantes sem acesso a bolsas fundamentais para sua permanência.
“A UFRJ vai parar”
Representante o Sintufrj, a coordenadora Marly Rodrigues lembrou que o futuro da universidade estava ali. “Os técnicos-administrativos estão em greve desde o dia 11 de maio, numa luta que é de vocês também. E dos professores que ainda não entenderam por que a gente tem que lutar. Mas vão entender. Se a gente não parar esta universidade, ela é que vai parar sem condições de manter seus alunos. Sem bandejões ou moradia. Hoje temos uma universidade sucateada, e o governo diminui o orçamento. Precisamos fazer este movimento para mostrar para a sociedade que não é um mar de rosas. Esta é a maior universidade federal do país, mas que esta ‘sendo sucateada a cada dia”.
Claudia Piccinini, representante da Regional do Andes, contou que o Sindicato em Nacional está em greve e, aplaudida pelos estudantes, que mais da metade das ifes estão na greve. “Vamos fazer uma grande greve da Educação neste país, porque o governo está nos empurrando para a greve. Estamos juntos nesta luta com a Fasubra e o Sinasefe”, afirmou.
Os dirigentes do Diretório Central dos Estudantes comemoravam o crescendo da mobilização.
O vice-presidente do CA de Engenharia, Samuel Carvalho apontou a redução de recursos para educação e saúde públicas para favorecer a privatização de serviços em que a população pobre não poderá ter acesso. Ele citou dados levantados pelo DCE: a UFRJ perdeu de 2012 a 2024 quase R$400 milhões e já tem esse ano um déficit que não permitirá nem o funcionamento adequado muito menos a expansão. Os orçamentos para as universidades sofreram uma redução de R$ R$310 milhões, enquanto a verba para pagamento da dívida pública é de R$2,5 trilhões e o previsto para as emendas parlamentares é de R$ 44,6 bilhões.
Os estudantes comemoraram o sucesso do ato que foi concluído em frente a escadaria da Reitoria.
A coordenadora do Sintufrj Marly Rodrigues na manifestação dos estudantes que percorreu as vias do Fundão e fechou a Ponte do Saber no dia 19 de abril
Abaixo, o trânsito parado no chegada à ponte. Policiais se aproximas mas os estudantes, em jogral, mandam seu recado: “Essa é primeira das muitas manifestações que a UFRJ vai protagonizar enquanto a gente não tiver uma recomposição orçamentária que de conta dos nossos sonhos!”