Marcha do funcionalismo amplia pressão sobre governo

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  •  Sintufrj foi à capital federal com uma das maiores delegações entre as entidades filiadas à Fasubra.

  • Na caminhada na Esplanada dos Ministérios, greve mostra força exigindo respostas do Planalto

Milhares de trabalhadores públicos federais da educação ocuparam Brasília na manhã desta quarta-feira, 17, vindos em caravanas de todo o país para a jornada de lutas por Carreira, reajuste salarial e recomposição orçamentária de universidades e institutos. O movimento é apoiado por estudantes engajados na luta por recursos para instituições que enfrentam colapso financeiro.

Pela manhã servidores e estudantes realizaram uma grande marcha sob um sol escaldante pela Esplanada dos Ministérios e ato em frente ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), pasta que está à frente das negociações. No início da tarde teve aula pública em frente ao MEC.

Os trabalhadores da educação, aliás, mostraram a força de sua  mobilização – técnico-administrativos em educação estão em greve em 67 instituições de ensino superior há 37 dias, sendo seguidos pelos servidores da Rede Federal de Educação Básica, Profissional e Tecnológica que deflagraram greve em 3 de abril e pelos professores de universidades e institutos federais que se somaram ao movimento no dia 15 de abril.  A expectativa do Sinasefe e do Andes é que o movimento nas suas bases cresça ainda mais até sexta-feira, 19.

Pressão

O objetivo da jornada é pressionar o governo a apresentar proposta concreta às reinvindicações e encontrar orçamento para reajuste ainda esse ano. A pressão acontece há dois dias de reunião marcada para sexta, 19 de abril, que promete ser momento decisivo nas negociações com o setor da educação. O governo promete apresentar sua proposta e diz que os técnico-administrativos em educação têm relevância para o atendimento de suas reivindicações.

A Fasubra e sua base, a categoria dos técnico-administrativos em educação, todos de colete azul, fizeram diferença nos atos deste dia 17. A categoria permanecerá três dias em Brasília acampada participando dos atos e estará em vigília durante a negociação dia 19.

O Sintufrj, por sua vez, foi a capital federal com uma das maiores delegações da federação, integrada por companheiros aposentados e companheiros dos campi do Fundão, Praia Vermelha, Macaé e Caxias.

“Vieram vários ônibus trazendo companheiros de todo o país. Esse é um ato vitorioso. Tivemos mais de 15 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Estamos aqui no MGI para dizer que não aceitamos reajuste zero”, falou entusiasmado o coordenador de Comunicação Sindical do Sintufrj, Cícero Rabelo.

Fasubra saiu na frente

Em frente ao MGI os representantes das entidades do Fonasefe, fórum que reúne as entidades nacionais do funcionalismo, organizadora da Jornada de Lutas, fizeram falas. Os representantes da Fasubra anunciaram o protagonismo dos  técnico-administrativos em educação na deflagração do movimento paredista, falaram da força da greve da categoria e afirmaram que a federação não aceitará nenhuma proposta que divida a categoria e exclua aposentados e pensionistas.

“Não aceitaremos divisão na nossa categoria. Nossa carreira é dividida em classes e não aceitaremos que uma ganhe mais que a outra. Queremos reajuste para toda a categoria, independente de classes, ativos, aposentados e pensionistas. Nossa greve é fortíssima no Brasil inteiro. Somos a única categoria que saiu em greve dia 11 de março e hoje dia 17 de abril está fazendo 37 dias de greve que está nas ruas – 37 dias que fez com que o Sinasefe viesse para a greve, o Andes e outros da educação. A Fasubra está de parabéns porque unificou a educação”, declarou a coordenadora geral da Fasubra, Cristina del Papa.

Aos aposentados, eles foram em peso a Brasília, a coordenadora-geral da Fasubra, Ivanilda Reis, garantiu. “Estamos aqui mobilizados para dizer, reestruturação da carreira para todos. Não aceitaremos ninguém fora da reestruturação. Viemos aqui buscar a valorização para os técnico-administrativos e para o conjunto dos servidores públicos. Não sairemos da greve sem nossa valorização. Só sairemos da greve com uma boa proposta. Vamos mostrar a força da nossa greve, da greve unificada. Nós conseguimos unificar a greve da educação”, afirmou.

Maior greve da educação federal

O coordenador-geral do Sinasefe, David Lobão, afirmou que Andes, Fasubra e Sinasefe reunidas estão realizando a maior greve da educação federal do país e isso não pode ser desprezado pelo governo. O Sinasefe está junto com a Fasubra numa proposta única de carreira para as duas categorias.

“O governo tem que presentar propostas concretas e decentes que dialoguem com o que reivindicamos. A maior greve da educação federal desse país não pode ser desprezada. Queremos reestruturação de carreira. Não queremos congelamento de salários agora em 2024”,

O presidente do Andes, Gustavo Seferian, ressaltou a força da educação de todo país reunida na greve a qual soma-se agora os professores das universidades e institutos federais. Ele disse que é um movimento contra o reajuste zero e por orçamento.

“O zero por cento é uma vergonha. Vergonha na medida que há sim espaço no orçamento para o serviço público e para investimento na educação e na saúde. É fundamental apontarmos a falta de disposição política hoje colocada de destinar os fundos públicos aos servidores, entregando para o Centrão, rentistas e capital financeiro”, disse.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que fez o requerimento para a audiência, no ato em frente ao MGI reafirmou que há dinheiro.

“Há uma margem de 15 bi com a votação do DPVAT. Então é a brecha que precisávamos para disputar recursos para o reajuste. O movimento tem que caminhar com firmeza por que que os abutres do Centrão querem abocanhar essa verba em ano eleitoral”, disse.

Une se manifesta

A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella, defendeu a unificação da pauta de toda a educação em torno da recomposição orçamentária e de uma reforma universitária.

“Trabalhadores e estudantes estão aqui hoje para defender a educação e a universidade dos nossos sonhos. Viemos nós da Une junto com vocês para defender a unificação da pauta da educação. Nos solidarizamos com a pauta do reajuste salarial, da valorização da carreira e dos profissionais da educação, mas queremos também a recomposição orçamentária das universidades já. Queremos a retomada de obras paradas, a aprovação da lei nacional de assistência estudantil e reajuste de bolsas. Queremos uma reforma universitária do tamanho dos desafios do nosso país.

A DELEGAÇÃO DE CARAVANEIROS DO SINTUFRJ é uma das maiores entre as que estão em Brasília o que revela a força do movimento na UFRJ (FOTO: RENAN SILVA)

 

REGISTRO DA LUTA. Em Brasília, perto do poder, bandeiras são erguidas para consolidar uma das grandes greves da educação (FOTO: RENAN SILVA)
DIRIGENTES DA FASUBRA participam da aula pública em frente ao MEC como parte das atividades da jornada desse dia intenso de agitação
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