Fotos Elisângela Leite, Renan Silva, CAs, DCE e Agência Brasil
Cresce a mobilização da comunidade, que protesta e reivindica recomposição orçamentária urgente, pauta da greve dos técnico-administrativos
Um cenário de ruínas que resulta da penúria financeira atinge vastas áreas da universidade. O Jornal do Sintufrj foi a campo e realizou breve inventário dessa paisagem devastada que compromete o funcionamento da maior universidade da rede federal. Uma série de problemas têm eclodido pelos campi devido à falta de manutenção e a deterioração da infraestrutura. O reitor Roberto Medronho afirma que já solicitou audiência com o Ministro da Educação Camilo Santana, mas não conseguiu ser recebido, mesmo com ajuda de parlamentares. Talvez, com conhecimento destas imagens que não condizem com a importância da produção da instituição centenária, a história fosse outra.
Retratos da Crise
Queda de marquise na EEFD
A queda de mais um trecho das marquises , projetando destroços para o interior do Bloco A, (a primeira vez foi em setembro, no bloco B), revoltou a comunidade. Foi no 1º de maio, sem vítimas. Mas o prédio foi interditado. Os cursos de Licenciatura em Dança, Bacharelado em Dança e Bacharelado em Teoria da Dança deflagraram greve no dia 14 de maio.
Em 9 de setembro, no bloco B
IFCS suspendeu atividades
A caixa de gordura em mau estado no bandejão do IFCS transbordou, no dia 23, e atingiu instalações elétricas, gerando fumaça. A luz geral foi desligada e o prédio, interditado. “Os problemas elétricos e hidráulicos se tornaram insustentáveis. Não temos água potável, banheiros, bandejão. A direção decidiu interditar o prédio por hoje.”, disse o CA.
Ainda no dia 23, mais vazamentos no Centro de Tecnologia
Depois do vazamento no bloco A, que alagou salas nos andares e chegou aos pilotis, e da queda do forro na sala D 107 (no dia 12), no dia 23, outro vazamento, desta vez no bloco F, deixou o corredor às escuras.
Más condições do velho prédio da Reitoria
Segundo do CA da EBA. a janela do Ateliê de Metal e Madeira caiu, no dia 15, em pleno horário de aula: “Até quando vamos viver com nossas vidas correndo risco? Mês passado um ventilador caiu em cima de um estudante (na FAU) e agora essa janela quase atingiu outro discente”
Ventilados caiu em cima de aluno na FAU; instalações elétricas expostas
O ateliê Pamplonão foi interditado em janeiro, devido a extensão dos danos, risco de queda de pedaços do teto, infiltrações graves. Até hoje, grande parte está interditada. Sem local adequado e cobrando soluções, em 26 de março, estudantes da Eba aprovaram a ocupação do salão nobre da Reitoria.
8º andar: marcas do incêndio permanecem
Em 2016, o oitavo andar do prédio da Reitoria foi quase que totalmente destruído por um incêndio, que atingiu a Escola de Belas Artes (EBA), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e outros setores. Parte considerável da estrutura do andar ficou comprometida e encontra-se isolada até hoje.
CCS: no auditório novo, piso afunda
Na tarde de 14 de maio, o DCE postou imagens do afundamento de um pedaço do piso do auditório do Bloco N, no CCS, durante a aula. O professor caiu no vão, mas não se feriu. Do lado de fora do mesmo auditório – um dos mais recentes do CCS, estruturas decadentes.
Caxias: infiltração interdita sala.
As fotos são de 4 de abril,. No dia 16 de maio, em meio ao reparo no telhado para corrigir uma infiltração, novo rompimento de uma tubulação inundou salas e o restaurante, levando a suspensão das aulas.
ECO
“Nossas condições de estudo estão cada vez mais precárias, tanto por conta da estrutura que vem (literalmente) caindo aos pedaços, quanto pela falta de equipamentos e professores!”, anuncia o CA da ECO.
Na Letras, infiltração e auditório fechado
O auditório G2 interditado, salas inutilizadas pelo mofo, espaços interditados por risco de desabamento. Estes, e entre outros problemas, são reportados pelo CA da Letras.
Museu em chamas
Em 2018 (no dia 2 de setembro) aconteceu o terrível incêndio do Museu Nacional, destruindo valiosíssima coleção. O Sintufrj denunciou o governo golpista pela destruição de 200 anos de história reduzidos a cinzas pelo descaso com a ciência, a pesquisa e a Educação no Brasil.
No Alojamento
Em agosto de 2017, um incêndio atingiu uma das duas alas do Alojamento. Quatro pessoas ficaram feridas. O fogo começou em um dos quartos no primeiro andar e se alastrou para outros oito apartamentos.
Em 2021, outro incêndio na Reitoria
Parte do segundo andar do prédio da Reitoria da UFRJ foi destruído pelo fogo que começou nas instalações da Procuradoria Federal da instituição. O acervo documental da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) estava entre as perdas.
Obras inacabadas no Fundão
Paliteiro, ao lado da Letras
Pilotis do CT
Residência estudantil, ao lado do CCMN
Contra a completa asfixia orçamentária
“Nos últimos anos, as tentativas de desconstrução e desmonte das políticas sociais aceleraram a situação já crítica das universidades públicas, que se vê em situação de completa asfixia orçamentária, com a continuidade das ações cotidianas ameaçadas”, disse o decano Vantuil Pereira ao apresentar proposta de moção do CFCH.
“Mais de 100 anos, nunca atravessamos um período como agora”, apontou, relacionando instalações em ruínas com desabamentos, alagamentos e medo de incêndio. Lembrando o desabamento da marquise da Escola de Educação Física e o desalojamento da Educação Infantil da sede interditada no IPPMG (para a sede do CAP na Lagoa) por problemas estruturais,.
“Hoje temos um país em luta e precisamos pensar como a UFRJ pode e deve se adequar a esse cenário. Não vai chegar alguém e dizer ‘Vou trancar as portas da universidade. Acabou a maior universidade federal do Brasil’. Mas a gente vem fechando aos poucos, não é? Quantas coisas a gente fazia e não fazemos mais? Quanta coisa a gente quer fazer e não temos condições?, apontou a líder estudantil Camile Paiva, convocando a mobilização.
A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista alerta que pedaços da universidade estão caindo “literalmente nas nossas cabeças”, denunciando que não será uma parceria com o setor privado – alternativa que, segundo explica, tem sido apontada pela Reitoria – que vai resolver a situação crítica que a UFRJ enfrenta: “A Educação não é mercadoria e não existe para dar lucro para empresário!”.
“Parece que a universidade está se desfazendo”, aponta o coordenador geral Esteban Crescente, “A UPRJ precisa de R$ 780 milhões para poder funcionar. O orçamento atual é o mesmo de 2011, de mais de 10 anos atrás. Isso é um absurdo, porque a universidade tem que ser prioridade”, afirmou o coordenador-geral do Sintufrj Esteban Crescente.
“E o que a gente vê”, acrescentou o dirigente, “é o orçamento público sendo abocanhado por meia dúzia de pessoas com interesses inescrupulosos. São R$50 bilhões em emendas parlamentares. A educação federal toda precisa de mais R$9 bilhões e não recebe. Recursos tem, só que a prioridade não está nos trabalhadores e nas trabalhadoras. Então, se a gente não faz greve, se a gente não faz barulho, a gente não consegue arrancar o que é nosso por direito”.