Audiência Pública expõe drama da UFRJ

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Marta Batista, coordenadora-geral do Sintufrj, e Francisco de Assis, da coordenação da Fasubra, apresentaram o diagnóstico da situação e defenderam a educação pública e a valorização dos técnicos-administrativos

Fotos: Renan Silva

A situação desesperadora em que se encontra a UFRJ por falta de verbas, com aulas suspensas ou ministradas em locais improvisados, como prevenção de uma possível tragédia envolvendo alunos, foi debatida em audiência pública nesta sexta-feira(7).

A reunião foi convocada pela Frente Parlamentar da Câmara Municipal em Defesa das Universidades, Institutos, Centros, Colégio Pedro II, Uerj, entre outras instituições de ensino públicas, presidida pela vereadora Luciana Boiteux (Psol). O debate foi transmitido pela TV Câmara.

Por cerca de mais de três horas, as precárias condições da maioria dos 18 imóveis que compõe a estrutura física das unidades acadêmicas da UFRJ (sendo nove tombados pelo patrimônio histórico nacional), foram expostas pelos servidores técnicos-administrativos e professores, e estudantes.

O reitor Roberto Medronho disse que desde janeiro a Light não é paga – a dívida com a concessionária é de R$ 70 milhões –, e parte do débito com a Cedae, que soma R$ 50 milhões, foi saudado recentemente.

Consequências

A falta de verba, segundo Luciana Boiteux, também traz outras consequências, como o aprofundamento das desigualdades sociais. A falta de bandejões e de bolsas auxílios para a sobrevivência de alunos carentes e a garantia de permanência deles na instituição até a conclusão do curso.

“É necessário que as verbas venham com mais recursos para a assistência estudantil. A privatização não pode ser alternativa à falta de dinheiro para a educação pública. Repudiamos qualquer ameaça de privatização na UFRJ”, afirmou a vereadora.

Manifestação

Estudantes de Pintura da Escola de Belas Artes (EBA), que entraram em greve há uma semana, junto com um dos cortes de luz – situação que ocorre com frequência na universidade –,  recriaram em tela o prédio da Reitoria (onde a unidade acadêmica funciona), sendo consumido pelas chamas do primeiro incêndio ocorrido nas instalações históricas, em 2016. “Uma joia a arquitetura moderna que foi abandonada. Estamos sem atelier, mas os pintores vivem e resistem. Está é uma aula de pintura e de luta”, disse a professora Martha Werneck.

O antigo prédio de oito andares da Reitoria, mesmo depois de passar por três incêndios e perder para as chamas documentos datados do século XIX, ainda abriga em meio a escombros, os cursos da EBA e um da Faculdade de Arquitetura (FAU). São 13 licenciaturas e bacharelados de graduação e vários de pós-graduação.

“Nossa categoria e a educação pública nunca conseguem nada sem luta. As dificuldades da UFRJ são enormes e não podemos depender de sorte para não termos uma tragédia com vítimas”, afirmou a coordenadora-geral do sintufrj Marta Batista. “A gente acredita muito na luta para vencer os desafios, mas não em  iniciativas que tragam a privatização para dentro da nossa universidade. Não celebramos a entrega de 15 mil m² na Praia Vermelha a um consórcio de empresários e nem a assinatura de contrato com a Ebserh para entrega de gestão dos hospitais à lógica privada”, acrescentou a dirigente.

“A valorização da categoria e o fortalecimento da universidade e da educação pública foi o que nos levou à greve. Infelizmente jogamos muita esperança no governo que elegemos e não fizemos o mesmo com o parlamento. Todos os dados apresentados sobre a UFRJ são produção dos técnicos-administrativos em educação. Produzimos e nos preocupamos com a qualidade do nosso trabalho”, disse o coordenador da Fasubra e servidor do Instituto de Biologia, Francisco de Assis.

Educação Física

O debate foi iniciado com a exposição pela diretora da Escola de Educação Física Desporto e Dança, Katy Gualter, “sobre o gravíssimo cenário atual” da unidade. Em menos de oito meses, ocorreram dois desabamentos de uma mesma marquise, e não houve vítimas porque os desmoronamentos ocorreram em dias de feriado. “A UFRJ foi a universidade que mais atendeu ao programa Reune, mas a expansão de cursos foi desproporcional a expansão física da escola, resultando na precarização da infraestrutura. São 3.410 estudantes sem espaço para estudar e de 5 a 10 mil pessoas sem acesso aos nossos projetos”, pontuou.

Sob risco constante de incêndio, as instalações do Instituto de Filosofia Ciências Sociais (IFCS) foram também dissecadas pelos estudantes. Um deles contou que certo dia um ventilador caiu do teto em uma sala de aula. “Por sorte, não tinha aluno sentado na cadeira”. Desde o dia 24 de maio, os estudantes do IFCS suspenderam as aulas por falta de condições seguras do prédio.

Colégio de Aplicação

Há dois anos o Colégio de aplicação da UFRJ (CAp) não abre novas vagas e funciona em prédio cedido pela Prefeitura do Rio, na Lagoa, porque não tem espaço adequado em um dos campi da UFRJ. “O ideal seria o Cap estar junto da Faculdade de Educação, na Praia Vermelha. Mas, a questão não é só social de acolher crianças, embora seja muito triste saber que uma criança está fora da escola, porque não tem orçamento para ela. É também de formação de novos profissionais da UFRJ para a educação”, lamentou o coordenador do Sintufrj e servidor da unidade.

Matérias completas com todas as entidades e parlamentares na próxima edição do Jornal do Sintufrj.

AUDIÊNCIA PÚBLICA na manhã desta sexta-feira (7) lotou o Salão Nobre da Câmara Municipal
A VEREADORA LUCIANA BOITEUX (Psol) , que também é professora da UFRJ, presidiu a mesa que discutiu a situação da universidade

 

 

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