Greve da categoria é tema da reunião com reitor

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A direção do Sintufrj e o Comando Local de Greve (CLG) se reuniram com a Reitoria nesta terça-feira, 18, e a pedido do reitor Roberto Medronho, o coordenador-geral do sindicato, Esteban Crescente, fez um histórico dos 100 dias do movimento grevista dos técnicos-administrativos em educação na UFRJ e em nível nacional.

Já a greve da Educação Federal, segundo Esteban, que começou no dia 3 de abril sob liderança do Sinasefe e do Andes, com a adesão da maioria dos professores das universidades, institutos, centros e do Colégio Pedro II, completou dois meses.

Devido ao adiantando da hora, já que a reunião foi com todas as entidades dos servidores e de estudantes, que expuseram suas demandas, ficou agendada para terça-feira, 25, das 14h às 16h, reunião do Sintufrj com a Reitoria para tratar exclusivamente da pauta interna da categoria já entregue ao reitor e à Pró-Reitoria de Pessoal.

Situação caótica

Estudantes de várias universidades também pararam reivindicando recomposição orçamentária para as instituições, cujas condições precárias da estrutura dos prédios não oferecem segurança para a continuidade das aulas. De acordo com a coordenadora do DCE Mário Prata presente na reunião, Camila Paiva, alunos de 59 cursos na UFRJ estão em greve.

A Escola de Belas Artes, o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCS), a Escola de Educação Física Desportos e Dança e as instalações do Colégio de Aplicação, no Fundão, que há mais de um ano teve que ser evacuado, são as unidades acadêmicas em piores condições no momento.

Quem decide é a categoria

O coordenador do Sintufrj dividiu a greve em três ciclos e detalhou, na reunião com o reitor e pró-reitores, a última proposta do governo às reivindicações da categoria, que será levada para decisão da assembleia nesta quarta-feira, 19. De acordo com o Esteban Crescente, ao iniciar as negociações com a as entidades nacionais, o governo propôs reajustar em 51% os benefícios (alimentação, creche e auxílio saúde), mas desde que a greve acabasse. Porém, o crescimento e a força da luta fizeram com que o MGI e o MEC recuassem da pressão e garantissem pagamento em maio dos aumentos.

O segundo ciclo da greve foi a continuidade da mesa de negociação sobre a valorização da carreira. Foram muitos os tensionamentos. Houve ganhos salariais, mas não o suficiente. A terceira fase da foi reforçada com a ampliação da greve. E, fruto de muita pressão, também ganhou mais força a reivindicação para a recomposição orçamentária para as instituições”, afirmou Esteban.

Vitória da pressão

“O governo dizia que estavam encerradas as negociações, mas o movimento radicalizou e houve mais uma mesa com os ministérios e de R$ 2,2 bilhões de investimentos passou para R$ 3,7 bilhões os recursos para atender a categoria”, melhorando a proposta..

Em relação ao Reconhecimento de Saberes e Competências,  o governo começará a aplicar em abril de 2026, a partir de critérios que serão criados. “O conjunto da categoria conquistou ganhos diferenciados até 2026. Os ganhos são relativamente altos, muitos, inclusive, recuperarão as perdas do desgoverno Temer. E há o compromisso do reenquadramento dos aposentados com a reabertura de prazos para isso pela Pró-Reitoria de Pessoal, já vamos articular a respeito”, antecipou o dirigente.

Entre outros avanços, Esteban também citou a expectativa de que seja revisto o PL 991/19, que devolverá à universidade a autonomia para fazer o processo de capacitação de pessoal, como também de ser criado o técnico-administrativo substituto, semelhante ao que já existe para a docência. O que, segundo o reitor, seria “fantástico”, porque resolveria vários problemas de pessoal na instituição.

 

Extraquadros sem solução

O Sintufrj cobrou da Reitoria uma resposta em relação a situação dos profissionais extraquadros dos três hospitais que agora estão sob a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e também sobre como fica a situação dos servidores, se irão para outras unidades, por exemplo.

Segundo a pró-reitora de Pessoal, Neuza Luzia, os servidores RJU permanecem na UFRJ sob as mesmas condições. “Não há diferenciação de movimentação desses RJUs dos hospitais sob gestão da Ebserh. Eles continuarão controlados pela PR-4 e em acordo com os departamentos de pessoal da unidade hospitalar”. E sobre os extraquadro que fizeram o concurso público e foram aprovados, o reitor disse que a Reitoria fará levantamento para mantê-los nos hospitais da UFRJ.

Em relação aos extraquadros que não fizeram o concurso público e/ou não foram aprovados, Roberto Medronho afirmou que a UFRJ não tem autoridade para pagar direitos trabalhistas e que eles devem entrar na Justiça. “Legalmente não temos como resolver a situação deles. Parte do orçamento para os extraquadros vêm do MEC e a gente completa o que falta com recurso de custeio. São R$ 25 milhões por ano”, disse.

Polêmica com os estudantes

A direção da Adufrj entregou ao reitor uma carta comunicando a postura de alguns estudantes da Escola de Belas Artes, em greve, que fizeram barricadas com mesas e cadeiras para impedir a entrada de professores nas salas para dar aulas. “Sala de aula não é local de luta”, afirmou a vice-presidente da entidade, Nedir do Espírito Santo. Também foi falado na reunião que uma professora substituta do Instituto de História teria sido humilhada por um professor da casa por estar dando aula.

“Fico triste com esse embate entre trabalhadores e estudantes. Defendo o direito de ir e vir de qualquer servidor e estudante nesta universidade. Respeito a autonomia de qualquer decisão. O relato que foi feito é muito grave, inclusive de violência contra mulher”, afirmou Roberto Medronho. Logo no início da reunião, ele fez questão de destacar que “o reitor e a Reitoria não tinham posição a favor ou contra a greve. E que o seu dever era zelar para que ninguém fosse punido pela greve”.

Manifestação dos estudantes e do Sintufrj

A coordenadora do DCE Mário Prata, Camila Paiva, aluna do curso de engenharia civil, respondeu à Adufrj dizendo que “nós temos direito de nos manifestar, porque estamos em greve pelo direito de ter aula com dignidade. As greves são temporais e é preciso ter muito cuidado com a maneira de criminalizar a greve. Tem professores colaborando com a nossa greve”, de acordo com a estudante, o Centro Acadêmico da Escola de Belas Artes já divulgou uma nota pública desculpando-se com a professora por impedi-la de entrar em sala.

O integrante do Comando Local de Greve, Fernando Pimentel, defendeu o diálogo com as entidades e, segundo ele, não é papel da Reitoria intermediar polêmicas entre os segmentos da comunidade universitária. “A universidade é um espaço de hierarquia, sim e arcaica. Setenta por cento dos docentes, uma única categoria tem ascensão sobre outras. Barricada não é violência, e ato de greve”.

“As entidades têm pontos comuns. Independente do conteúdo das carta da Adufrj à Reitoria, repudiamos a agressão física e oral, mas impedir de ir e vir é relativo. Os estudantes foram lá e impediram de dar aula. Não agrediram ninguém. Eles devem satisfação para a sua base organizada”, acrescentou Esteban Crescente.

Assembleia comunitária

O coordenador do Sintufrj defendeu, mais uma vez, a convocação pela Reitoria de uma assembleia comunitária dos três segmentos para expor toda a situação da universidade e as entidades sindicais e estudantis poderem se manifestar também. “O reitor quer que haja entidades unificadas, esse é o caminho”, avaliou
Esteban.

Natália Trindade, representante da Associação dos Pós-Graduandos (APG), é favorável a realização de uma audiência pública na UFRJ e outra em Brasília para discutir a UFRJ. “A UFRJ é assunto de Brasil e se o presidente Lula quer projetos, propomos todos os que for necessário”, disse.  FOTO: RENAN SILVA

 

 

 

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