Nesta terça-feira, 11 de junho, nova mesa entre trabalhadores e representantes do governo no Ministério da Gestão e Inovação (MGI)
Durante a reunião de reitores de universidades e institutos nesta segunda-feira, 10, no Palácio do Planalto, com o presidente Lula, técnicos-administrativos em educação e professores em greve protestaram em frente ao Palácio do Planalto. O impasse é o de que as categorias pedem reajuste salarial ainda em 2024, o que o governo diz não ser possível.
A proposta do governo inclui reajustes em 2025 e 2026 e melhorias na estrutura das carreiras. A greve pressionou o governo federal que teve de sair atrás de mais recursos para atendimento das reivindicações relacionadas ao orçamentos das instituições federais de ensino.
O governo anunciou investimentos de R$ 5,5 bilhões na infraestrutura das instituições e a construção de 10 novos campi universitários por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para universidades/institutos e hospitais universitários e R$ 400 milhões a mais para despesas de custeio.
Nesta terça-feira (11) representantes do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) se reúnem com técnico-administrativos. Na sexta-feira (14) a reunião será com professores da educação federal.
Lula fez um apelo pelo encerramento da mobilização que já dura três meses no caso dos técnico-administrativos, destacando a importância das propostas colocadas e negociações para resolver a situação.
Negociações
Com os anúncios dos recursos, o orçamento das instituições para 2024 fecha a R$ 6,38 bilhões, ainda distante do defendido pela Andifes, de R$ 8,5 bilhões.
“Esse valor nos aproximaria, ou nos aproximará, espero, do orçamento de 2017, considerando a inflação. Esperamos que o orçamento de 2025 nos coloque em condições de atender o presente e planejar um futuro melhor”, disse a presidente da Andifes, Márcia Abrahão, que reconheceu os esforços do governo para recompor o orçamento das universidades.
Os reitores defenderam avanços na negociação entre governo e trabalhadores diante do que consideram justeza do movimento que reivindica, além de recursos orçamentários para as instituições, a valorização dos trabalhadores da educação através de reajuste salarial e melhorias nas carreiras.
A coordenadora-geral da Fasubra, Ivanilda Reis, durante o protesto em frente ao Palácio do Planalto, reivindicou mais respeito pelo governo.
“Essa reunião é fruto de nossa luta, mas fomos excluídos como prova de que continuamos não sendo valorizados. Amanhã (hoje) dia 11, faz três meses de nossa greve e não vamos sair de cabeça baixa. Somos o pior salário do Executivo e os menos valorizados”, disse a dirigente.
“A força do nosso movimento é muito importante e nessa terça estaremos em frente ao Ministério da Gestão durante a reunião com o governo e com mobilização em todos os cantos do país para mostrar ao governo que ele tem de respeitar os técnico-administrativos”, sustentou.
Reitores defenderam movimento
A reitora da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), Márcia Abrahão, em sua fala afirmou que não poderia deixar de falar sobre a greve, defendeu o reajuste de salários e disse esperar um acordo entre governo e sindicatos nesta semana.
“São trabalhadoras e trabalhadores essenciais para darmos conta de todos os desafios do país e que possuem remunerações muito defasadas, como o senhor [Lula] bem sabe, ainda mais quando comparamos com carreiras que tiveram reajuste recentemente. Há técnicos que chegam a ganhar menos de um salário mínimo. Esperamos que essa semana governo e sindicatos cheguem a situação negociada, pacificando a situação”, disse Márcia.
O presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Elias Monteiro, ressalta do a justeza do movimento fez um apelo para um acordo que encerre a greve.
“Suplicamos para que avance nas negociações para o fim da greve. Movimento legítimo e justo, mas que já gera reflexo com aumento da evasão escolar e prejuízo do cumprimento do calendário acadêmico”, afirmou.
O que Lula disse
Lula ressaltou a necessidade de os dirigentes terem coragem para propor soluções e tomar decisões que não sejam extremas, afirmando que a greve deve ter um prazo definido para começar e terminar. Além disso, o presidente pediu para que os grevistas considerem os anúncios da ministra da Gestão, Esther Dweck, em relação aos salários, bem como os investimentos em infraestrutura.
“A greve tem tempo para começar e tempo para terminar. A única coisa que não se pode permitir é que uma greve termine por inanição. Se terminar assim as pessoas ficam desmoralizadas. Então, dirigente sindical tem que ter coragem de propor. Tem que ter coragem de negociar, mas tem que ter coragem de tomar decisões que muitas vezes não é o tudo ou nada que ele apregoou. Sou um dirigente sindical que nasci no tudo ou nada. Muitas vezes fiquei sem nada. E acho que nesse caso da educação, se vocês analisarem o conjunto da obra vocês vão perceber que não tem muita razão para essa greve durar o que está durando, porque quem está perdendo é o Brasil e os estudantes. Isso tem de ser levado em conta. E não são por 2%, 3%, 4% que a gente fica a vida inteira de greve. Vamos ver os outros benefícios, do que já foi oferecido. Fui dirigente sindical e sei como funcionam as coisas. Queria que fosse levado em conta o montante de recursos que a ministra Esther colocou à disposição. É um montante não recusável. Só quero que leve isso em conta”, disse Lula.