Trabalhadores e a direção sindical deliberaram pela realização de vistoria técnica em todos os ambientes da unidade no dia 24 de julho
Fotos: Renan Silva
O direito ao adicional de insalubridade e o reconhecimento da existência de procedimentos e setores que colocam em risco a saúde e a segurança do trabalhador tem sido a principal reivindicação dos profissionais da Faculdade de Odontologia da UFRJ, nos últimos anos. Essa demanda a cada dia se torna mais preocupante para os trabalhadores da unidade.
Nesta segunda-feira, 8, a direção sindical realizou reunião na unidade, que foi acompanhada pelo assessor de Segurança e Saúde do Trabalho da entidade, Rafael Boher, para ouvir a categoria. “A situação da unidade foi exposta no Comando Local de Greve (CLG) e levada à assembleia da categoria”, explicou o coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente.
“O direito ao adicional é uma demanda da categoria em todo o país”, disse o coordenador da Fasubra e servidor do Instituto de Biologia da UFRJ, Francisco de Assis. “Por isso”, informou, “uma das cláusulas do acordo de greve é para que o governo reveja as normas baixadas no governo Bolsonaro sobre insalubridade. O que ocorrerá no prazo consensuado de 180 dias para que os ministérios da Educação e de Gestão e as entidades sindicais (Fasubra e Sinasefe) acertem as pendências”.
“Às vezes, as barreiras (ao adicional) estão na universidade”, observou a coordenadora do Sintufrj, Marli Rodrigues. “Não é o sindicato que concede ou retira a insalubridade. E a CPST cumpre a Orientação Normativa de 2017, que foi revisada em 2022, a de SGP-SEGGGNE nº 1516/22, do governo Jair Bolsonaro”, esclareceu Rafael Boher.
Deliberações
Após uma sucessão de relatos, trabalhadores e a direção sindical deliberaram pela realização de vistoria técnica em todos os ambientes de trabalho da Faculdade de Odontologia pelo engenheiro do trabalho do Sintufrj. Será no dia 24 de julho, a partir das 10h.
Esse procedimento servirá como base para os servidores entrarem com processos na Reitoria reivindicando a insalubridade e também para a elaboração pelo Sintufrj dos contra laudos para contestar os laudos da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador da UFRJ (CPST) pelos quais o pagamento do adicional foi negado ou retirado de quem recebia.
Unidade exige
ação de urgência
Durante uma hora servidores de vários setores, como patologia, clínica médica, radiologia, almoxarifado, manutenção, esterilização, atendimento, entre outros, detalharam o seu fazer e o ambiente onde atuavam.
Após a explanação dos profissionais, a conclusão imediata a que se chega é que toda área da faculdade é de risco à saúde da comunidade local.
O aerossol que sai da broca do dentista e se espalha por todo o prédio rapidamente com a ajuda do ventilador, por exemplo, é um meio certeiro de contaminação. Na cadeira de atendimento sentam pacientes com doenças como tuberculose ou gripado, assim como pessoas saudáveis.
Outros trabalhadores lembraram que a Odontologia atende pacientes graves de hospitais e institutos da UFRJ. Inclusive, há uma passagem interna ligando a unidade ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, por onde passam as macas levando os doentes para o centro cirúrgico ou a clínica odontológica.
“O outro dia estava radiografando uma senhora e ela começou a tossir muito. Perguntei sobre a saúde dela e ela respondeu: ‘Estou tratando uma tuberculose, mas está tudo bem’. Eu tenho ou não direito a receber pela insalubridade máxima?”, perguntou a servidora, cujo adicional nunca recebeu mesmo correndo riscos diários pela função que exerce. “Estomatologia, patologia e radiologia trabalham com todo tipo de paciente”, complementou um servidor.