https://www.geledes.org.br/demonizacao-de-cosme-e-damiao-por-evangelicos-da-corda-para-intolerancia-religiosa/ Fonte: Folha de São Paulo, por Anna Virginia Balloussier
Fotos: Elisângela Leite
O pastor batista Marco Davi Oliveira cresceu sem poder comer os doces ensacados nas tradicionais embalagens de papel branco com detalhes em verde e rosa. “Fugia e comia, mas me sentia meio culpado. Parecia estar cometendo um grande pecado”, conta.
Hoje até ri ao lembrar das estripulias da meninice evangélica, mas acha pouca graça no que define como “fundamentalismo religioso muito forte nas mentes das pessoas”.
“A gente tem que respeitar o sagrado do outro”, diz Nilza Valéria Zacarias, coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. Mas a demonização do alheio não vai passar num estalar de dedos, ela reconhece.
A tradição que marca o dia dos santos gêmeos une crianças, responsáveis e doadores, muitos deles em demonstração de fé e agradecimento. Mas em vez de mera distribuição de doces, se tornou também uma ação social, com a distribuição de alimentos, roupas e itens de higiene pessoal.
“Cosme e Damião são figuras importantes tanto na tradição católica quanto nas religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, onde são sincretizados com os orixás infantis conhecidos como Ibeji,” explica o historiador João Martins. A celebração, inicialmente restrita ao campo religioso, expandiu-se, tornando-se uma prática cultural que encanta gerações de crianças, especialmente nas Zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro, onde a tradição de distribuir doces ainda é forte.
Fonte: Diário do Rio
Fotos: Elisângela Leite
COSME E DAMIÂO fazem alegria das crianças do Complexo da Maré