Dirigente sindical e estudante do centro acadêmico da unidade condenam asfixia do orçamento
A Reitoria atribuiu a um vazamento no segundo andar do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) o desabamento de parte do forro do teto do Instituto de Biologia na segunda-feira (2). ficou encharcado e desabou no corredor do Instituto de Biologia na noite de segunda-feira (2). Em nota, a direção da universidade diz que ninguém se feriu e que a área foi interditada para a retirada do material danificado. O incidente não interrompeu as aulas.
A explicação sucinta contrasta com a preocupação da comunidade, diante de um histórico de deterioração das estruturas da UFRJ. A repercussão foi longe. Filmado por estudantes, o vídeo foi transmitido pelas redes do DCE Mário Prata e do Sintufrj, alcançando milhares de visualizações e reproduções. E não é à toa. A situação dos prédios da UFRJ vem se agravando.
Emendas pix x recursos para a Educação
“Lamentável. Mais uma parte da Universidade cai aos pedaços. Isso só prova a importância da nossa mobilização, da articulação e da cobrança ao parlamento, cuja maioria optou por sequestrar (a gestão do) o orçamento para as chamadas emendas Pix (modalidade de emendas que permite a transferência direta de recursos federais para municípios e estados, o que gera dificuldades na fiscalização dos recursos públicos). Ao invés de pactuar uma política de fortalecer o Executivo, eles querem fortalecer um governo paralelo por meio do Parlamento. Por isso Universidade cai aos pedaços hoje e terceirizados ficam sem salário. É por conta desse sequestro do orçamento público por parte da maioria no Congresso Nacional. Precisamos dar uma resposta e apontar os canhões para o caminho certo. Claro que o governo tem sua responsabilidade. Mas não é possível governar com um parlamento que a toda hora o sabota. Em detrimento da coletividade para favorecer parlamentares candidatos, seus partidos e currais eleitorais”, diz o coordenador da Fasubra Francisco de Assis, e trabalhador do Instituto de Biologia, conclamando a comunidade a derrotar esse projeto nas urnas, votando em parlamentares comprometidos com o serviço público.
“É mais um episódio do descaso que nossa universidade tem sofrido, infelizmente. Foi um milagre ninguém sair ferido, visto que é um local muito movimentado. Uma de nossas professoras estava sentada em um banco próximo e por pouco não foi atingida pelo desabamento. É muito revoltante ver a faculdade literalmente se despedaçar na nossa frente. Até quando vamos passar por isso? Como aluno da Biologia, é particularmente triste que esse episódio tenha ocorrido justo no primeiro dia da nossa XXVIII Biosemana (Semana Acadêmica da Biologia, entre os dias 2 e 6 de setembro, com palestras, minicursos, mesas redondas e oficinas), um evento aberto ao público de fora, com diversos palestrantes vindos de outros lugares. Essa é a imagem que queremos passar para fora?”, questiona o representante do Centro Acadêmico de Biologia (CABio) Renan Barbosa.
Fim do arcabouço fiscal
“A situação estrutural e orçamentária da UFRJ está insustentável, precisamos avançar na luta por mais orçamento e cobrar imediatamente a manutenção dos prédios. Não podemos esperar que algum estudante ou trabalhador se machuque!”, alerta o post do DCE reivindicando o fim do arcabouço fiscal e o desbloqueio do orçamento do MEC, além de mais investimento na educação.
O Sintufrj lembra que, em agosto, o governo bloqueou R$ 60 milhões de limites de empenho da UFRJ, fruto do arrocho dos orçamentos das universidades – denunciada sistematicamente nos 113 dias de greve dos técnicos-administrativos em educação.