GT Mulher: militantes refletem sobre papel da mulher na política

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O GT Mulher do Sintufrj desta segunda-feira, 9, trouxe três companheiras engajadas na defesa dos direitos das mulheres para debater um tema atualíssimo: a participação da mulher na política. As vereadoras do PSOL, Luciana Boiteux e Thais Ferreira, e a militante estudantil, Giovanna Almeida, responderam as demandas apresentadas pelo GT, principalmente no que tange a temas relativos ao universo feminino como educação sexual, violências e saúde da mulher.

“Convidamos essas mulheres porque são como nós, estão juntas com a gente nas frentes de luta e defendem as nossas pautas. Precisamos de mais mulheres na política. Se tivéssemos mais mulheres no representando esse país seria muito melhor. E é preciso deixar bem claro que aqui não estamos fazendo campanha para ninguém”, observou a mediadora do debate e integrante do GT Mulher, a coordenadora do Sintufrj, Marli Rodrigues

 

Luciana Boiteux é advogada, professora licenciada da UFRJ, é referência nos direitos humanos, na luta por verbas e inclusão educação e nas lutas feminista antirracista. Integra a Comissão de Educação da Câmara Municipal e na Comissão de Defesa da Mulher aprovou leis de combate à violência sexual e ao assédio.  Em maio desse ano lançou a Frente Parlamentar em Defesa das universidades federais, estaduais, institutos de educação superior, Faetec, INES, IBC, Cefet-RJ e Colégio Pedro II.

A militância na Adufrj levou Luciana à política. Ela relatou que viu nas lutas empreendidas como dirigente sindical – como exemplo citou a batalha contra a Ebserh na UFRJ – a necessidade de entrar para uma luta maior. E uma luta que fortalecesse também as mulheres. Por isso foi para o partido.

A vereadora disse que para a mulher é uma luta maior ainda porque tem de combater preconceitos numa sociedade machista e patriarcal, ainda mais com o avanço do conservadorismo e da extrema direita.

“Somos 10 vereadoras apenas no universo de 50 vereadores. Por isso é preciso ampliarmos nosso espaço. Mais também não basta ser mulher. Precisamos de mulheres de esquerda”, pontuou.

 

 

Thais Ferreira é especialista em políticas públicas para mulheres e crianças, ativista e líder comunitária. É presidente da Comissão da Criança e do Adolescente e da Comissão de Combate à Violência e ao Racismo Obstétrico. Ela atua nos movimentos da periferia desde a adolescência e em 2012 foi convidada por Marielle Franco para entrar para o partido. Thais é uma das principais vozes críticas em relação aos obstáculos para a participação efetiva de mulheres negras nos partidos, incluindo o PSOL.

Thais se tornou uma das principais ativistas para a melhoria da atenção às mulheres em cuidados obstétricos.  Aos 29 anos  perdeu um bebê devido a problemas de negligência médica e motivada por essa experiência criou o Mãe&Mais, em 2017. O projeto é um modelo de clínica popular com serviços de atenção à saúde de forma acolhedora e humanizada no Rio de Janeiro.

A iniciativa, voltada para o público de mães, de 15 a 35 anos, e crianças de 0 a 6 anos, já recebeu financiamento de instituições como a Brazil Foundation e a Fundação Telefónica. Gerida por profissionais da área da saúde e da educação, em sua maioria mulheres negras, em 2019 já tinha impactado mais de 1.000 famílias e se consolidado como modelo de projeto comunitário em saúde materna

Thais Ferreira, mulher negra de 35 anos, vítima de violência e racismo obstétrico, falou de sua experiência.

“Aprendi a fazer política no quintal de casa, com as mães da minha família. Perdi um filho por violência e erro médico, e decidi então entrar na política para que mães e famílias não passem por essa dor”, declarou.

Giovanna Almeida, aluna de direito da UFRJ, é uma jovem negra LGBTIA+, militante da Unidade Popular (UP), organiza lutas em defesa da educação e da juventude, contra o racismo e as opressões e injustiças. Ela afirma que está na política e disputando vaga na Câmara Municipal para fazer conhecer a luta do movimento popular e suas propostas voltadas para a melhoria das condições de vida do povo.

Ela fez uma abordagem ideológica, defendendo que as violências às minorias, citando as demandas colocadas pelo GT, são fruto da política capitalista a qual atende aos interesses dos poderosos em detrimento das necessidades da maioria da população. Giovanna defende o retorno dos conselhos de participação popular para que o povo possa decidir os rumos da cidade, alertando que é preciso apoiar as iniciativas e lutas dos movimentos.

Como exemplo da luta popular e necessidade de apoio, Giovanna falou da Casa de Referência da Mulher Almerinda Gama, primeira ocupação organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário no estado do Rio de Janeiro, que fica na Rua da Carioca. O imóvel, que estava abandonado há mais de oito anos sem cumprir qualquer tipo de função social, foi ocupado pelo movimento para ser utilizado como um local de acolhimento às mulheres vítimas de violência. A ocupação está enfrentando um processo judicial movido pelo Governo do Estado reivindicando propriedade do imóvel e pleiteando a desocupação pelo movimento.

“Quero falar do poder popular e do movimento que tem a cara da dos trabalhadores que estão construindo esse país e estão subrepresentados nos espaços de poder e de decisão na sociedade. Defendemos a luta principalmente em defesa da universidade e da educação.”

REUNIÃO ESPECIAL DO GT MULHER contou com convidadas especiais que relataram suas experiências na luta política cotidiana Foto: Elisângela Leite

 

 

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