Sem aulas práticas por interdição de prédio, estudantes da Educação Física protestam por aulas

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FOTOS: ELISÂNGELA LEITE

Estudantes e professores, cansados de tentar uma solução para o retorno das aulas no prédio da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ (EEFD), realizaram nesta quarta-feira, 5, um panelaço nas escadarias do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e fizeram passeata até a Prefeitura Universitária, onde fica o Escritório Técnico da Universidade (ETU).
Os estudantes alegam que estão já há um ano sem aulas práticas no prédio e exigem uma solução. O prédio foi interditado após desabamentos nos blocos B e A, necessita da finalização das obras de reestruturação e avaliação da estrutura para ser liberado. O primeiro desabamento foi em setembro do ano passado, no bloco B, atingindo salas de aulas. E esse ano, dia 1º de maio, no Bloco A, atingindo o corredor da direção.
A UFRJ esclareceu que após os desabamentos, o Ministério da Educação (MEC) repassou cerca de R$ 242 mil apenas para o escoramento de parte dos muros e mais R$ 300 mil para o escoramento da frente do edifício. A medida, embora não solucione o problema estrutural da unidade, apenas impede que o prédio continue cedendo. Em maio deste ano o reitor Roberto Medronho ressaltou que o prédio da Escola de Educação Física só seria reaberto após a conclusão das obras de contenção de toda a estrutura. Mas para isso, a verba recebida deveria ser maior.

Insatisfação
O protesto dos estudantes chegou até ao ETU. Eles afirmam que o escritório em julho apresentou um laudo que liberou o uso do prédio mediante a implementação de algumas medidas de segurança, mas recentemente emitiu um novo que impediu o acesso exigindo medidas adicionais. Com isso, as disciplinas com características mais práticas, de vital importância à formação dos estudantes de educação física, foram muito prejudicadas. Assim grande parte das disciplinas do segundo bloco foi cancelada.
“Os estudantes da EEFD estão há um ano sem aula no prédio. Estamos sem local definido para ter nossas aulas, espalhados pelas unidades. O primeiro desabamento foi ano passado. Veio o segundo em maio. E até agora não resolveram a situação. O ETU apresentou um parecer inconclusivo para liberação dos ginásios. Com isso, as aulas práticas que começariam no fim de outubro foram adiadas. Queremos que o diretor do ETU nos receba e explique o que está faltando para liberarem o prédio”, declarou Melanie Caires, presidente do CA da EEFD e estudante do 2º período.
“É problema estrutural e político. Vai do governo federal, passando pela Reitoria e pela direção da EEFD. É um descaso de décadas com a educação brasileira. A EEFD é a primeira escola de educação física civil do país, sabia? Queremos e precisamos dar aula, mais são os alunos realmente os mais prejudicados”, afirmou Luciana Peil, professora do Departamento de Jogos.
O diretor do ETU não estava. Em seu lugar, seu substituto, Albertino Alves Ribeiro, deu algumas informações aos alunos. Ele explicou que o ETU depende da contratação de uma empresa para avaliar a estrutura do prédio e isso é um processo que demanda certo tempo, pois depende de licitação. Seu papel é técnico e não lida com liberação de verbas.
O coordenador geral do Sintufrj, Esteban Crescente, afirmou que o sindicato está ao lado da luta dos estudantes para garantir seu direito ao acesso e a permanência na universidade. Mais que a situação da EEFD remete a uma leitura maior.
“O problema da EEFD está ligado ao processo de terceirização e privatização da universidade. O ETU depende de serviços que são terceirizados. O que acontece com a Escola de Educação Física faz parte do estrangulamento dos recursos das universidades que vem diminuindo há 10 anos. E os processos de licitação e terceirização são cruéis com as universidades. Então a nossa luta é uma só. Estamos juntos. Fizemos greve pela recomposição do orçamentária, ganhamos algo, mas foi contingenciado.”

Ato dos Estudantes de Educação Física da UFRJ.
Rio,06/11/24
Foto Elisângela Leite
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