BRASIL: Resistência na Cinelândia

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Defesa do mandato de Glauber Braga ganha fôlego. Sintufrj presente no ato apoia a defesa do parlamentar por decisão de assembleia

No dia em que o recurso do deputado federal do PSOL Glauber Braga contra a cassação de seu mandato foi lido na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, 24 de abril, centenas de pessoas entre políticos, estudantes, militantes e apoiadores, ocuparam a histórica Cinelândia para reafirmar que Glauber Fica!
A manifestação que atraiu caravanas de outras cidades e trouxe vereadores e deputados de estados do Brasil foi promovida pela campanha “Glauber Fica!” composta por partidos, movimentos sociais e populares, mostrou o vigor e a resistência do povo do Rio de Janeiro o qual depositou sua confiança através de 78 mil votos no deputado. O Sintufrj e sua categoria que apoia a luta do deputado mais uma vez se fez presente.
Glauber Braga chegou ao final do ato e fez um vigoroso e emocionado discurso afirmando que vai responder a tentativa de chantagem e intimidação com enfrentamento e mobilização. Braga anunciou que irá percorrer os 27 estados do país para participar de atos como o da capital carioca e falar nas praças, nas universidades e em todos os espaços públicos. A greve de fome de Braga e a pressão popular conquistou um fôlego de 60 dias antes de o processo de cassação ir à plenário.
“Comecei dizendo que o cenário é difícil, mas termino dizendo que tenho certeza e convicção e não tenho nenhuma dúvida que ao final desses dois meses vamos comemorar juntos essa vitória na luta”, anunciou do carro de som.
O recurso de Glauber Braga está para ser votado dia 29 de abril, terça-feira, na CCJ. Na sessão do dia 24, o relator do recurso deputado Alex Manente (Cidadania-SP) apresentou parecer rejeitando-o e pedido de vistas feito pelo PSOL interrompeu a votação que se pretendia naquele dia.
Braga conclamou seus eleitores e a militância a fazer o bom combate.
“Até lá (a votação final em plenário) essa energia de luta vai ser fundamental para mostrar para aqueles que que tentaram nos deixar de joelhos que eles não sabiam e não perceberam com quem estavam se metendo, e não é comigo, pois estão se metendo com a vontade que não se pode romper daqueles e daquelas que decidiram não se entregar. Cada um de vocês tem uma história de militância, de vida e de luta. E quem não desistiu durante toda a sua vida não vai desistir pelas tentativas de intimidação ou silenciamento de Lira e companhia”, ressaltou.
E encerrou:
“Acredito profundamente na luta do povo. Mandato só serve se for para se conectar de maneira cotidiana e permanente com essas lutas.”

Sintufrj reforça apoio
A recém eleita coordenadora-geral do Sintufrj, Sharon Stefani, informou que a assembleia geral da categoria aprovou apoio a Glauber Braga e a defesa de seu mandato.
“Glauber está sendo alvo dessa perseguição política, muito por conta dele ser muito combativo e a função de seu mandato que é muito voltado para os trabalhadores e para a educação. Foi aprovado em assembleia nosso apoio a esse ato. O Sintufrj está nesse ato e na campanha “Glauber Fica! Assim como estivemos em todos os outros atos, sempre muito cheios, com muitas pessoas, com muita representatividade política, sindical, social e popular.
Glauber Braga consegue unificar um pensamento de luta pelos trabalhadores, de luta pela educação e sem se calar. Não é porque um poderoso fala que não, que não vai fazer, que ele para. Ele continua e continuou lutando e com o nosso apoio a gente está aqui para fortalecer o Glauber. Estamos apoiando a manutenção de um mandato totalmente combativo. Glauber demonstra em todas as suas ações como ele fortalece todas as lutas do trabalhador, da campanha dos servidores, das estatais. Então é por isso que o Sintufrj está aqui. Nós estamos aqui para apoiar essa campanha “Glauber Fica!”.”

O que deputados e vereadores declararam

“Gerações e gerações de militantes se encontram aqui nessa praça desde o processo de redemocratização. E desde o final da ditadura civil-militar que a gente não tem a cassação de um mandato parlamentar por crime de opinião porque o que eles estão usando para tentar justificar a cassação do Glauber é a expulsão de um membro do MBL do Congresso. Um membro do MBL que provocou e atacou a mãe do Glauber. É uma desculpa esfarrapada. É uma desculpa que não encontra fundamento sequer no regimento da Câmara. Então por isso essa luta é fundamental. Querem cassar o mandato do Glauber para tentar coar a esquerda para tentar silenciar a voz que enfrenta esses esquemas e tenta enfrentar a força da extrema direita. Então esse ato de hoje é a favor do mandato do Glauber. É um ato a favor da democracia, é um ato a favor da luta dos trabalhadores e das trabalhadoras”, Flávio Serafini, deputado estadual PSOL-RJ.

“Se é verdade que lá na Câmara Federal nós somos minoria, é na rua que a gente é maioria. É na rua que a gente vence as batalhas lá dentro. Foi a mobilização popular junto com a coragem do nosso deputado Glauber que fez com que a gente conquistasse mais 60 vias para lutar e para garantir que Glauber fica. É a organização popular em cada canto do estado deste Rio de Janeiro que vai fazer com que a gente vença essa batalha. Porque é sim atacar o mandato de um deputado valioso que enfrenta com coragem o orçamento secreto, que enfrenta com coragem os coronéis que têm na força da sua palavra. É atacar suas ações e todo o poder do povo. Tentar caçar o deputado Glauber numa penalidade completamente desproporcional é atacar o Partido Socialismo e Liberdade. É atacar todo o campo político da esquerda. É atacar as liberdades democráticas. Enquanto companheiros e companheiras se ataca a liberdade democrática, se ataca o povo inteiro e nós não vamos silenciar a voz e o voto de todo o Rio de Janeiro, que elegeu o deputado Glauber Braga. Nós vamos lutar em cada cantinho do interior, passando pela região metropolitana, pela capital, para gritar que Glauber Fica”, Talíria Petrone, deputada federal PSOL-RJ

“Como muito bem dizia e afirma Rosa Luxemburgo, quem não se movimenta não sente as correntes dos que os prendem. Glauber é um movimento de quebras de correntes, de um capitalismo que se estruturou desde os tempos da ditadura. Quando Glauber ousa denunciar o orçamento secreto, quando Glauber ousa enfrentar Arthur Lira dentro da Casa Grande que historicamente coloca o nosso povo às margens da submissão, quando Glauber ousa levar o socialismo e a liberdade de um estado democrático de direito para dentro do Congresso, Glauber está honrando a memória. Glauber está resgatando a perspectiva histórica do que é a classe trabalhadora do nosso país. Glauber representa na essência da sua voz, na essência da sua coragem, na essência combativa do seu mandato o que nós mulheres, o que nós, população LGBTQIA+, defendemos de um estado democrático de direito, o que nós apresentamos como uma agenda, uma agenda socialista que possa reconfigurar essa democracia, que é uma falsa e ilusória, mas que apresenta um projeto de nação em que caiba todos os corpos”, Benny Briolly, vereadora PSOL.

“O mandato de Glauber Braga é um mandato corajoso, combativo, coletivo, popular, socialista, um mandato fundamental para a democracia brasileira e para o enfrentamento à extrema-direita e ao fascismo. Defender o mandato do Glauber é defender a esquerda, é defender a luta anticapitalista, é defender o povo brasileiro, os trabalhadores, as trabalhadoras e por isso nós não vamos recuar e não vamos abaixar a cabeça nem por um segundo. Arthur Lira pode ter dinheiro, poder e influência, mas nós temos rua, nós temos energia, nós temos fé, nós temos coragem, nós temos um projeto histórico, nós não negociamos os nossos princípios, nós não vendemos os nossos sonhos”, Pastor Henrique Vieira, deputado federal PSOL-RJ.

Entenda o caso
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, em 9 de abril, parecer em prol da cassação de Glauber, decisão inédita na história da Câmara fruto de perseguição política ao combativo deputado. O colegiado analisou uma ação apresentada pelo Partido Novo.
Glauber é acusado de empurrar e expulsar um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional durante uma confusão em 2024. Outros episódios semelhantes já ocorreram na Câmara sem que nenhum de seus integrantes tenham tido pena tão severa.
Em protesto à decisão do Conselho, Glauber fez uma greve de fome que durou mais de uma semana. Ele pedia o arquivamento do caso. A greve teve fim após negociação com o presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Pelo acordo feito, Motta se comprometeu a dar um prazo de 60 dias, após a decisão de CCJ, antes de pautar a ação contra Glauber no plenário.

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