Em seu discurso de posse da nova gestão do Sintufrj, realizada dia 19, no auditório do Centro de Tecnologia, os novos coordenadores-gerais – Sharon Stèfani, Esteban Crescente e Francisco de Assis – agradeceram a expressiva votação na eleição de abril, que ratificou a confiança da categoria no projeto político das forças que compuseram a gestão anterior e que agora seguem no mandato até 2028, e apontaram os antigos e novos desafios.
“Chegamos até aqui porque muitos caminharam antes de nós”
Sharon Stèfani agradeceu o trabalho dos funcionários do Sintufrj que atuam no dia a dia com os coordenadores, saudou todos os presentes e declarou que é com imensa honra e responsabilidade que aquele grupo que assumia, naquele momento, a direção. “Isso não é apenas uma cerimônia. É um compromisso renovado com cada servidor desta universidade”, disse ela, agradecendo a confiança depositada na chapa. “Afinal, foram mais de 70%. Cada voto, cada palavra, cada crítica construtiva nos trouxeram até aqui. A democracia sindical é isso. Ela fortalece o debate, a escuta e a construção coletiva. E é nesse espírito que seguiremos. Agradeço também as gestões anteriores, todas elas, pois pavimentaram os caminhos e que nos deixam importante legado. Nós sabemos que só chegamos até aqui porque muitos, muitos caminharam antes de nós, com muita coragem, firmeza e solidariedade.
“Assumimos esse desafio num contexto nada fácil. Temos ataques a democracia, precarização do serviço público e a desvalorização do nosso trabalho. Nós não aceitaremos retrocessos. Defenderemos cada direito conquistado com força coletiva. De quem sabe que a luta sindical é feita no chão da universidade, nas ruas, ombro a ombro com toda a categoria. Seguiremos em frente, mas também seremos esperança. Esperança organizada, combativa e transformadora. Seguimos juntos”, disse ela.
Votos de confiança
Esteban Crescente agradeceu à toda categoria que depositou quase 75% de votos de confiança na chapa e explicou: “Sindicato é a primeira reação do trabalhador e da trabalhadora à exploração a que é submetido, o primeiro porto seguro da classe trabalhadora a pleitear redução de jornada de trabalho, a primeira luta histórica que se internacionalizou. E, dentro dos sindicatos, pensou-se numa outra forma de olhar a realidade, onde não fossem os exploradores a ditar as regras, mas ela mesma, a classe trabalhadora. O que fez levar à prática da ideia do socialismo”.
Hoje, alerta o coordenador, a classe trabalhadora vive uma crise estrutural do sistema capitalista. “O que nós vemos são direitos atacados e a ideologia do individualismo prevalecer. Mas se enganam os que acham que a batalha acabou. Pelo contrário, é só a gente olhar para o mundo, as mobilizações de massa. Na greve (TAE) do ano passado, fizemos a universidade ser pautada, a educação ser pautada, a despeito de quem dizia que nós devíamos ficar quietos esperando a solução vir do governo, do parlamento. Não vai. Vai vir da luta. É responsabilidade nossa e de cada um assumir para si a bandeira da nossa carreira, dos reajustes e também solidariedade de classe”, disse, referindo-se a trabalhadores terceirizados da universidade, muitos dos quais, por vezes, sem salários.
Mas, ele alerta, não há mesa de negociação que resolva o problema a partir de um sindicato sem a base mobilizada, “paralisando, fazendo greve, caravana, como nós vamos fazer essa semana para Brasília, para garantir o acordo integral de greve”, disse ele. “Viva a luta do sindicato dos trabalhadores em educação da UFRJ!”, concluiu.
Fortalecer os que defendem a vida e a classe trabalhadora
Francisco de Assis dos Santos destacou a responsabilidade que a gestão assume diante de desafios que enumerou. Segundo ele, há três mil servidores ativos na UFRJ que não são filiados ao Sindicato e é um grande desafio trazê-los para a entidade. Falou da importância de enfrentar o resquício da desconstrução do movimento sindical nos governos anteriores, de lutar em defesa da universidade e pavimentar o caminho para que a UFRJ tenha um técnico-administrativo reitor. “Essa é a nossa meta. Mostramos o nosso potencial como trabalhadores para gerir a universidade e para consolidar essa política de luta pela democracia”.
Outro desafio importante que apontou é organizar a categoria na base: “Vamos eleger os delegados sindicais de base, para que sejam a expansão do sindicato no local de trabalho. Para que o sindicato não seja só a direção, e que todos tenham noção do que se está consolidando como uma política coletiva nos nossos fóruns deliberativos. Segundo ele, é preciso consolidar os representantes nas congregações, conselhos de centro, colegiados superiores e pensar na construção de um fórum de representantes.
Francisco apontou a luta pelo direito dos trabalhadores RJU que estão em unidades que aderiram à Ebserh e a necessidade de exigir do parlamento a liberação de recursos para a UFRJ. Por fim, apontou: “Temos que ter um alinhamento importante, como na eleição de Lula. Os trabalhadores, os operários, os sindicalistas construíram um partido, uma central e elegeram um presidente. E essa construção tem que ser consolidada com um parlamento que defenda os interesses da classe trabalhadora, fortalecer o campo da esquerda, com companheiros que defendam a vida e a classe trabalhadora”.