O ato de racismo praticado por um professor da Faculdade Nacional de Direito – este constrangeu a técnica-administrativa Josi Lima ao ignorar sua participação em banca de concurso e ainda exigiu que a funcionária lhe servisse café e bolo, uma atividade alheia às atribuições da servidora – segue ainda sendo apurado pela Divisão Administrativa de Comissões (DAC). O episódio ocorreu no fim de novembro do ano passado.
A servidora fez denúncia à direção da unidade que encaminhou ao DAC – órgão ligado ao gabinete do reitor e responsável por apurar infrações administrativas na UFRJ – e também registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Josi informou que o resultado do inquérito na delegacia deve sair no fim de maio, mas que na UFRJ a apuração anda lenta.
Ela reclama ainda não poder ter acesso ao processo instaurado pela universidade, uma vez que, segundo ela, o professor envolvido no caso teve acesso.
“ A justificativa é que segundo a lei ele, sendo o acusado, tem o direito”, disse Josi. Ela diz que o processo administrativo só começou a andar por conta da denúncia na Decradi e que tomará suas providências. “Vou processar a UFRJ por Racismo Institucional”, afirmou.
Um dos diretores do Divisão Administrativa de Comissões, Pedro Gonzaga, informou que a Comissão de Sindicância foi instaurada e o processo está em fase de ouvir as testemunhas. Ele justifica que houve demora por parte de Josi em anexar todas as suas provas, o que atrasou o andamento do processo. Além disso, ele declarou que presta as informações possíveis a Josi, mas que por lei o acesso a todo o processo da parte denunciante não é autorizado.
“Está na lei. E seguimos as normas da Corregedoria do Governo Federal. A Comissão de Sindicância foi instaurada e tem 60 dias para emitir um parecer. Este parecer vai para o corregedor que é quem dá a decisão”, disse.
SOLIDARIEDADE DO SINTUFRJ
O sindicato se solidariza com Josi Lima, técnica-administrativa da Faculdade Nacional de Direito (FND), vítima de um ato vil de racismo praticado por um professor da instituição. O episódio aconteceu quando Josi exercia a função de coordenadora administrativa do Concurso para Professor Efetivo de Direito Civil da FND e acompanharia o julgamento dos recursos. O Sintufrj incorporou no seu dia a dia a luta antirracista. O repúdio ao preconceito é frente essencial de atuação na defesa da dignidade humana e milita no expurgo da mentalidade escravocrata que permanece como chaga na sociedade brasileira.