IPUB sofre reflexos da crise

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“CAOS no IPUB: Instituto de Psiquiatria UFRJ Sem Medicamentos e demissão em massa no dia 30/04/26”. Esse é o título do vídeo que circula nas redes com o depoimento grave de um trabalhador extraquadro do Instituo de Psiquiatria da UFRJ (Ipub). É tocante não apenas por apresentar de forma crua, a densidade da crise orçamentária e de pessoal que ameaça as unidades de saúde, mas pelo drama de um coletivo de trabalhadores dedicado há anos à instituição e aos pacientes, agora colocado na rua.

Reunião imediata

A situação chegou a um limite insustentável. Diante disso, servidores do Ipub organizaram uma reunião nesta quinta-feira, dia 15, às 9h, no auditório Leme Lopes.

O vídeo pode ser visto em https://www.youtube.com/watch?v=_Rl1pZSqjLI

Assista um trecho:

 

Profissionais antigos estão na rua

No vídeo, Marcos de Oliveira, trabalhador do IPUB há quase duas décadas, técnico da Farmácia, conta que foi comunicado, um dia depois do Dia do Trabalhador, 1º de maio, que seus serviços não seriam mais necessários. “Ontem, no meio do dia, todos nós recebemos um e-mail da direção informando que não iriam precisar mais dos nossos serviços, que a gente estava dispensado. E como vocês sabem, a gente não tem nenhuma garantia, porque a gente não tem nada assinado. Não somos celetistas e não somos funcionários públicos. Somos colaboradores que recebem diretamente da UFRJ. Foi muito triste, porque tem muita gente ali que está se aposentando e já não tem mais idade para conseguir um outro emprego”, contou.

Mas não é só, segundo ele, o próprio instituto está com problemas sérios. “Não tem medicação na farmácia. A gente atende uma quantidade enorme de pacientes, no Ambulatório, pessoas com depressão, pessoas idosas com Alzheimer, enfim, é um hospital-escola. Não tem a medicação e falta até papel higiênico nos banheiros. Por incrível que pareça, isso nunca aconteceu”, contou, o trabalhador, consternado no vídeo

Os extraquadros trabalhavam no ambulatório, na Farmácia, nas enfermarias e na parte administrativa, todo pessoal de Tecnologia de Informação (TI) do instituto). Alguns com mais de 20 anos de casa.

O trabalhador acredita que podem estar querendo acabar com este que é um instituto de referência na área.

A dimensão do Ipub

A instituição, segundo o site da unidade, agrega ações de cuidado hospitalar e ambulatorial, com 65 leitos de internação, 90 leitos de tratamento em Hospital-Dia e aproximadamente 2.500 atendimentos ambulatoriais por mês.

Realiza ações de pesquisa, extensão e formação permanente (graduação, pós-graduação stricto e lato sensu, residências médica e multiprofissional); e ocupa edificações antigas, com vários anexos, que demandam constantes reparos, manutenção e adequação para acessibilidade.

Na área assistencial, o IPUB oferta serviços de saúde mental essenciais e indispensáveis ao SUS do município e região metropolitana do Rio de Janeiro.

A dimensão do problema

Em janeiro, o conselho diretor da unidade aprovou uma nota, publicada no site do instituto, explicando que toda esta produção da unidade assistencial e acadêmica está em risco devido à fragilidade orçamentária a que a instituição vem sendo submetida desde 2023, em função da suspensão do repasse da verba do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF).

É que, segundo pactuação anunciada pela gestão da UFRJ, e baseada em lei sancionada em agosto de 2023, a verba do REHUF seria substituída pelos recursos do Programa Nacional de Qualificação e Ampliação dos Serviços Prestados por Hospitais Universitários Federais Integrantes do Sistema Único de Saúde (PROHSUS). Só que isso não aconteceu até hoje.

Segundo a nota, o IPUB conta atualmente, como fonte de financiamento, apenas com a contratualização com o SUS Municipal (SMS-RJ) e a verba do Orçamento Participativo da UFRJ (esta última, com valores escassos, congelados há 3 anos e um único repasse anual).

“Estes recursos não são suficientes para o custeio de despesas correntes e investimentos. Esta restrição orçamentária e financeira impacta diretamente as atividades de Assistência, Ensino, Pesquisa e Extensão, e vem se agravando com o crescente endividamento da Instituição, o que tem gerado diminuição de serviços administrativos, de manutenção e limpeza, dentre outros”, diz o texto destacando que “a situação se agrava dia a dia, colocando em risco a sustentabilidade dos serviços prestados à população e das ações de formação, pesquisa e extensão desenvolvidas pelo Instituto”.

E não é só com o IPUB

A nota publicada no site informa que essa ausência de repasse do PROHSUS afeta também o Instituto de Ginecologia, Instituto de Neurologia e Hospital Escola São Francisco de Assis.

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