Luciana Borges, representante técnica-administrativa no Conselho Universitário (Consuni), recém eleita coordenadora de Comunicação do Sintufrj, foi uma das primeiras a denunciar os efeitos da grave crise que atinge a UFRJ na sessão desta quinta-feira, dia 22, cujo expediente foi permeado de depoimentos que, além de denúncias, reivindicavam ação contundente por parte da Reitoria.
Luciana, enfermeira do IPPMG, saudou os companheiros da PR-4 que se comprometeram diligentemente com a implantação da aceleração da progressão por capacitação dos servidores e apresentou sérias demandas de companheiros de unidades de saúde. Citou o Instituto Ginecologia, do Hospital Universitário e o Instituto de Psiquiatria (Ipub). “Nós chegamos à suspensão, dia 16 de maio, da internação dos pacientes, tanto clínicos como cirúrgicos, do Instituto de Ginecologia, por conta da interrupção do fornecimento da alimentação pela empresa do Nutrinorte. Tivemos também denúncias dos profissionais do Ipub de que os pacientes ambulatoriais tiveram suspensas todas as medicações, comprometendo a saúde desses pacientes. Temos também a demissão dos últimos extraquadros do Ipub, no final de abril, sem reposição de quadros. A gente verifica o comprometimento da saúde devido a esse déficit orçamentário, impactando diretamente na saúde da nossa população”, disse ela.
A conselheira contou que estavam ali pacientes do Hospital Universitário que informaram que o aparelho usado na radioterapia está quebrado há mais de 15 dias, sem previsão de reparo. Ela lembrou que muitos pacientes vêm de outros municípios, mesmo sem tratamento são obrigados a ficar na cidade o dia inteiro esperando o transporte e nem são avisados de que o tratamento está suspenso. “Precisamos de uma intervenção imediata sobre esses cortes. Não dá mais para aguardar”, pontuou a representante.
Logo em seguida, o auditório do bloco E do CT foi tomado por protesto dos estudantes. Com uma grande faixa e muitos cartazes, denunciavam os problemas que os cursos vêm enfrentando. Depois, realizaram ato no CT e seguiram em passeata até o sinal da Faculdade de Letras para mais um protesto.
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Coordenadores e companheiros da área de saúde também presentes no Consuni distribuíram panfleto que denunciava o risco de interrupção das atividades do IPUB. Nos cartazes, estudantes denunciavam a precariedade das instalações da UFRJ com o risco de interdição de prédios.
O pró-reitor de Orçamento e Finanças, Hélios Malebranche, ilustrou com números, a gravidade da falta de orçamento que deve seguir até setembro. O pró-reitor João Torres, que presidiu a sessão, anunciou reunião dos reitores com o governo esta semana que pode gerar boas notícias.
A representante discente Isadora Camargo chamou a unidade da comunidade acadêmica para a construção de um dia de mobilização (no início de junho) para a realização de uma audiência pública ou assembleia comunitária para que todos possam debater a crise orçamentária e tirar ações práticas. Ela solicitou que a UFRJ apoie a convocação com a paralisação de atividades, para que todos, estudantes e servidores possam participar numa ação unitária
“É um apelo do movimento estudantil, do Sindicato. Para tomar alguma ação de mobilização geral da universidade que dê o tom de fato da crise e que a reitoria se some para de fato ter uma mudança e esta recomposição do orçamento tão necessária”.
O decano do Centro de Ciências da Saúde sugeriu também a realização de uma audiência pública com o convite a parlamentares do rio de janeiro que conhecem a importância da UFRJ para que a sociedade possa ver de perto a situação.
Luciana Borges apontou a urgência nas medidas que precisam ser tomadas diante da situação limite que vivem as unidades de saúde, por exemplo e que a situação precisa ser exposta para a sociedade. Ela citou reportagem sobre unidade da UFRJ em situação precária (IGEO) em que o MEC disse não ter conhecimento do que estava acontecendo. “Como não sabe o que está acontecendo com a nossa universidade? A gente precisa ser mais combativo, convocar uma assembleia da comunidade. Não adianta ficar discutindo (a pauta era sobre a divisão do orçamento participativo). Tem contas básicas que precisam ser pagas. Não vejo outro caminho se não pedir uma audiência pública para essas questões”, reiterou.
O conselheiro Milton Madeira, também representante técnico-administrativo, posicionou-se no debate sobre o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRJ. Servidor do campus de Macaé, Milton apontou problemas locais mas também abordou a situação dos hospitais com a Ebserh (que a universidade colocasse os instrumentos de controle abertos para a colaboração da comunidade) e que se possa avançar, “entendendo que a luta política é conjunta”.
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