Pelo fim do Embargo
Ato convocado pelo Levante Popular da Juventude, na época da Assembleia-geral da ONU, em setembro, cobra a retirada de Cuba da lista norte-americana dos países patrocinadores do terrorismo
No documentário sobre os 65 anos da revolução, do portal Brasil de Fato (https://youtu.be/ObMGC3OWQgc), o professor da Universidade do Oriente Ronaldo Suarez explica que o Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro, juntamente com Raul Castro, Ernesto Che Guevara e muitos outros, conseguiu construir uma liderança nas lutas revolucionárias. “O primeiro (fato) que se consegue, no 1º de Janeiro, é desajustar a órbita de dominação imperial. O segundo, é um controle efetivo do poder que permite uma agenda social, socioeconômica”, diz ele.
Antes, explica, havia uma expansão impressionante do latifúndio em Cuba, na concentração da terra nas mãos norte-americanas e de grandes latifundiários nacionais. E uma massa impressionante de campesino, não somente sem-terra, mas subalimentado e sem educação. “Portanto, a revolução tinha a possibilidade, com o controle efetivo que tinha do poder, de alterar o sistema de dominação capitalista no campo cubano. E isso foi o que fez de pronto”, ensina o professor.
O documentário lembra que a instalação do governo revolucionário em Cuba representou uma derrota política de dimensão aos Estados Unidos.
Assim, há um embargo econômico dos EUA em vigor há mais de 60 anos (imposto pelo presidente John F. Kennedy). Segundo Fidel, uma guerra econômica contra Cuba. A ilha enfrenta hoje ainda mais dificuldades por ter sido incluída na lista de países patrocinadores do terrorismo pelo ex-presidente Donald Trump. Segundo o Jornal Brasil de Fato, o presidente Biden havia prometido em campanha reverter as políticas de seu antecessor – o que até o momento não foi cumprido. Mostrando que o bloqueio sufoca a economia, o portal Brasil de Fato divulgou que, acordo com um relatório preparado para a ONU em 2022, Cuba calcula que, nos últimos 60 anos, o bloqueio lhe custou um total de 148 bilhões de dólares. De 1992 até hoje, a grande maioria dos países pertencentes à ONU condena o bloqueio.
Protesto
Publicação da RBA (Rede Brasil Atual) registrou, na época da assembleia geral da ONU, uma manifestação na embaixada dos Estados Unidos em São Paulo, em setembro, pelo fim às perseguições contra Cuba.
O levante denuncia que os bloqueios comerciais impedem o acesso a ilha de medicamentos e que qualquer navio de comércio que atracar em Havana fica impedido de passar por qualquer porto norte-americano por um ano. “Em plena pandemia, em 2021, o governo Trump reforçou o bloqueio com 243 novas sanções e incluiu novamente Cuba na Lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo”, diz o texto.
Na tentativa de criticar Cuba, um jornalista brasileiro da área financeira de que “Só” três coisas funcionam em Cuba: Saúde, Educação e Segurança.
Sites e jornais da esquerda ironizaram o comentário. Em Cuba, de fato, o governo subsidia insumos e alimentos básicos, o que garante que todos tenham acesso a um mínimo de produtos. Há universalização da saúde, um sistema gratuito, com cobertura a toda a população.
Crianças na forma para a entrada na escola
Cuba é um dos países que mais investem em saúde, educação e acesso à cultura. Mais de 12% de seu Produto Interno Bruto (PIB) é destinado ao acesso à educação, o que representa o dobro do investimento na maioria dos países da região. “Essa é uma das chaves que possibilitaram que Cuba seja hoje um país com baixos níveis de violência”, informa o jornal Brasil de fato na matéria que aponta outro motivo:
Cuba se tornou um dos países mais seguros a partir da vigilância popular nos bairros. Por meio dos Comitês em Defesa da Revolução (CDR), em cada bairro, os vizinhos assumem diferentes tipos de trabalho social: desde cuidar de idosos ou doentes que precisam de ajuda até realizar tarefas de vigilância e segurança na vizinhança.
O historiador e integrante da Casa da América Latina Carlos Alberto Barão. em artigo da Escola de Saúde Pública da Fiocurz, aponta como exemplo o país relativamente pobre, que não tem desenvolvimento industrial muito sofisticado, mas que, no entanto, consegue garantir à população padrões bastante avançados em saúde e educação.
Só que a situação da Ilha, cujo turismo tem forte impacto na economia, piorou ainda mais com o isolamento imposto pela Pandemia e com o acirramento dos embargos.
O presidente Lula da Silva (PT) criticou o embargo em seu discurso na abertura da Assembleia da ONU, em setembro: “O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo. Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria”, disse. Segundo a imprensa, por 187 votos, Assembleia Geral da ONU aprovou fim do embargo dos EUA contra Cuba em resolução que reitera o princípio da “igualdade dos Estados, da não intervenção e da não ingerência em assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação internacional” e manifesta “sua preocupação com a promulgação e aplicação continuadas” de leis como a americana Helms-Burton (vigente desde 1996), que tem efeitos extraterritoriais para pessoas e empresas que fizerem negócios com Cuba.
Esta é a 31ª vez que o colegiado discute o fim de sanções. Apenas EUA e Israel votaram contra o texto. É uma vitória moral para a ilha que, no entanto, não é vinculante, aponta a imprensa.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que esta política não só vai além do direito internacional, mas também é uma violação dos direitos humanos, uma forma de o povo não ter os elementos básicos para viver.
Brasil não cruza os braços
Segundo a Agência Brasil, o governo enviou, no dia 12 de fevereiro, 125 toneladas de alimentos para Cuba. Carregamentos adicionais de leite em pó, além de arroz, milho e soja, serão enviados ao país nas próximas semanas. É que Brasil, Emirados Árabes Unidos e Cuba pactuaram iniciativa para promover a segurança alimentar e nutricional na América Latina.
Á proposta da presidência brasileira do G20 é de estabelecer uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
O governo Lula também fez doação de medicamentos a Cuba, que enfrenta crise de abastecimento. Cerca de 90 milhões de itens venceriam até o fim de julho passado. Os antibióticos oferecidos à Cuba integram esta lista. Foram enviados e junho. Durante o governo Bolsonaro, o fornecimento de insumos foi suspenso.
Segundo a Agência Brasil, o governo enviou, no dia 12 de fevereiro, 125 toneladas de alimentos para Cuba. Carregamentos adicionais de leite em pó, além de arroz, milho e soja, serão enviados ao país nas próximas semanas. É que Brasil, Emirados Árabes Unidos e Cuba pactuaram iniciativa para promover a segurança alimentar e nutricional na América Latina. Á proposta da presidência brasileira do G20 é de estabelecer uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
O governo Lula também fez doação de medicamentos a Cuba, que enfrenta crise de abastecimento. Cerca de 90 milhões de itens venceriam até o fim de julho passado. Os antibióticos oferecidos à Cuba integram esta lista. Foram enviados e junho. Durante o governo Bolsonaro, o fornecimento de insumos foi suspenso.
Brasil leva milhares de livros à Cuba
Convidado de Honra da 32ª Feira Internacional do Livro de Havana, (com o tema Ler é Construir Identidade), de 15 a 25 de fevereiro, o Brasil levou escritores, músicos e quadrinistas brasileiros para Cuba.
O ativista indígena, Ailton Krenak; Conceição Evaristo; Eliana Alves Cruz; Elisa Lucinda, Emicida, Frei Betto, entre outros estão na comitiva. O Ministério da Cultura levou ao local seis mil exemplares de livros da literatura brasileira traduzidos para o Espanhol para doação.
Os ministérios da Cultura de ambos os países acordaram ações conjuntas de cooperação e intercâmbio cultural. A relação entre Brasil e Cuba foi praticamente desmontada ao longo de sete anos, com a retirada de embaixadores de Havana e de Brasília. Desde julho, o Brasil voltou a contar com um embaixador na ilha, o diplomata Christian Vargas.