Na base da pirâmide

Exercendo funções em área estratégica para o desenvolvimento do país, trabalhadores de instituições federais de ensino têm salários baixos se comparados com outras categorias do Executivo e de outras esferas

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O abismo salarial que separa o salário dos técnicos-administrativos das instituições federais de ensino de outros segmentos do Executivo revela quanto a mobilização é necessária para a conquista de padrões mais justos. A discrepância se acentua mais ainda quando a analogia é feita com outras esferas do Legislativo e do Judiciário.

 

No caso do Executivo, o mapa salarial dos 610 mil funcionários da ativa se divide assim: 2,4% ganham até R$ 2 mil mensais;  27,7% ganham entre R$ 2 mil e R$ 5,5 mil;  35,8%, entre R$ 5,5 mil e R$ 10,5 mil; 12,2%, entre R$10,5 mil e R$ 13 mil e 23% recebem acima de R$ 13 mil.

É preciso lembrar, como informamos em reportagem anterior (edição 1252), que o piso salarial do técnico-administrativo é de R$ 1.326,72; e o teto, R$ 8.323,87. Por esses valores é possível identificar que a massa da categoria se concentra nas faixas salariais mais baixas.

Ainda no Executivo, outros dados revelam, de forma drástica, como os técnicos-administrativos estão na base da pirâmide salarial. Esses números são de 2017. O salário inicial de um procurador federal, por exemplo, é de R$ 19.197,67.

 

Já o analista de planejamento e orçamento recebe, ao iniciar sua carreira, R$ 15.003,70. O auditor fiscal da Receita Federal tem piso fixado em R$ 19.211,01 e um defensor público ganha R$ 22.197,67.

 

Para efeito de comparação, há outros dados do Ministério do Planejamento que convém destacar. Em 2016, cada servidor do Judiciário custava, em média, R$ 133 mil por ano. Já o gasto anual médio com funcionário do executivo é de R$ 42,7 mil. No Legislativo, a diferença é ainda mais evidente:  o custo de cada servidor, em média, é de R$ 153 mil por ano.

 

No Judiciário, o salário da maior parte dos magistrados ultrapassa o teto constitucional de R$ 33.763. Um professor ganha R$ 6,27 mil ao passar num concurso; um analista da Câmara dos Deputados começa recebendo um salário de R$ 21,5 mil.

 

No Parlamento

Como no Judiciário, quando os números dos parlamentares são revelados, os valores são obscenos, se comparados, por exemplo, com os dos técnicos das universidades federais.

 

Segundo o site Congresso em Foco, um deputado tem salário de R$ 33.763; auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça para morar; verba de R$ 101,9 mil para contratar até 25 funcionários; de R$ 30.788,66 a R$ 45.612,53 por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículo e escritório, divulgação do mandato, entre outras despesas.

 

E mais: dois salários no primeiro e no último mês da legislatura como ajuda de custo, ressarcimento de gastos com médicos. Esses são os principais benefícios de um deputado federal brasileiro, que somam R$ 179 mil por mês.

Juntos, os 513 deputados custam R$ 1,1 bilhão por ano.

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