Recurso escasso ameaça patrimônio

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Falta de dinheiro para obras e manutenção põe em risco outros prédios históricos da UFRJ

UFRJ é responsável pela conservação de mais de 10 conjuntos arquitetônicos tombados por órgãos de tutela como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). As edificações da UFRJ atravessam três séculos e, além de sua arquitetura histórica, guardam obras e peças raras.

A dificuldade de obtenção de recursos é o maior problema da UFRJ para a manutenção e conservação desses bens. A reestruturação dos prédios também fica prejudicada por abrigarem unidades acadêmicas. O que está sendo possível de ser feito é a recuperação paulatina dos telhados, fachadas e da infraestrutura elétrica das construções.

IFCS e Instituto de História

O prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no Largo de São Francisco, que foi a primeira construção erguida no país a partir de 1812 (abrigou a Academia Real Militar, base do ensino de engenharia no país), tem tido a sua manutenção acompanhada de perto pela administração do prédio.

Os extintores estão em dia e os hidrantes têm água, mas o prédio necessita de uma reformulação completa dos quadros de energia e da fiação, como também de um aumento de carga no sistema elétrico. No telhado, a fiação requer uma reorganização urgente. No subsolo ainda há fios da construção do prédio, e um curto-circuito atingiria fácil o piso de madeira. “Diuturnamente fazemos inspeções, o Escritório Técnico da Universidade nos visita periodicamente, mas precisamos reformar. O problema é que não há verba, e, junto com as exigências do Iphan, ficamos numa sinuca de bico”, explica o administrador do IFCS, Gilson Navega.

A diretora do IFCS, Susana de Castro, afirma que o momento requer ações concretas. “Precisamos que seja feita uma vistoria completa no prédio, na parte elétrica e hidráulica, para, a partir de um laudo técnico, informarmos a nossa situação às instâncias superiores da UFRJ”. Ela avalia que, se houver um incêndio, as medidas de segurança necessárias não estarão disponíveis para proteger as pessoas e o prédio.“E isso tem que estar provado e registrado”, complementa. A diretora afirma ainda que, por ser um prédio tombado, deveria haver maior interesse do Ministério da Cultura, como também da Prefeitura do Rio de Janeiro, em preservar essa memória histórica e arquitetônica do Brasil.

O Instituto de História funciona no prédio do IFCS, e a diretora da unidade, Norma Côrtes, diz que não dorme direito por conta de administrar uma construção histórica e em meio a tanta escassez de recursos. “Ficamos realmente com medo. As verbas que recebemos são absolutamente draconianas e injustas. E ainda temos as restrições impostas pelo Iphan”.

Na próxima edição a situação dos prédios da Escola de Música e do Palácio Universitário

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