Carlos Decotelli entrega carta de demissão a Bolsonaro cinco dias após ser nomeado
Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Durou cinco dias a passagem do economista Carlos Alberto Decotelli como ministro da Educação de Jair Bolsonaro (sem partido). Ele entregou uma carta de demissão ao presidente nesta terça-feira (30), após uma série de fraudes sobre sua formação virem à tona. A confirmação foi feita pelo assessor especial do Ministério da Educação (MEC) Paulo Roberto.
O estopim para a saída teria sido uma nota divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na noite desta segunda-feira (29), na qual a instituição nega que o economista tenha sido professor ou pesquisador por lá, como consta em seu currículo.
O comunicado da FGV diz que Decotelli “atuou apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos e não como professor de qualquer das escolas da Fundação”.
Pouco antes, na tarde de segunda-feira (29), o professor havia se reunido com o presidente para se explicar sobre os “equívocos”. Segundo fontes palacianas, porém, Decotelli não citou o exagero sobre a FGV na reunião, o que teria irritado Bolsonaro.
Antes disso, o ministro nomeado já havia sido desmentido por universidades estrangeiras, que informaram que ele não tem as formações que afirma ter.
Ele registrou no currículo, por exemplo, um doutorado na Universidade Nacional de Rosario, da Argentina. Contudo, o reitor da instituição, Franco Bartolacci, negou que ele tenha obtido o título. O pós-doutorado que Decotelli diz ter feito na Universidade de Wuppertal, na Alemanha, também foi desmentido pela instituição.
Além disso, segundo reportagem publicada pelo portal UOL, ele é acusado de copiar quatro trechos de outras dissertações de mestrado e textos acadêmicos na introdução de seu trabalho de mestrado, apresentado em 2008 para a FGV Rio de Janeiro, com o título Banrisul: do PROES ao IPO com governança corporativa.
Histórico de verdade
Decotelli, de 67 anos, é economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), oficial da reserva de Segunda Classe da Marinha e ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Ele foi nomeado como o terceiro ministro da Educação de Bolsonaro para suceder a Abraham Weintraub, demitido por atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e causar desgaste entre os poderes.
A indicação de Decotelli foi da cúpula militar do governo, especificamente dos almirantes. Ele também contou com a benção do ministro da Economia, Paulo Guedes, de quem foi colega no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC).
O economista esteve também na Secretaria de Modalidades Especializadas do Ministério da Educação, que atua em articulações de políticas para a educação do campo, para a educação especial de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades.