O normal que não é normal num país de contradições

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O novo “normal” alimentou a discussão de palestrantes que representam a diversidade de gênero no Brasil. O encontro promovido pela UFRJ no Festival do Conhecimento reuniu Mônica Benício – homossexual, ativista dos direitos humanos e ex-companheira de Marielle Franco; Amara Moita – transexual, escritora e professora de literatura; e Severa Paraguaçu – drag com deficiência e integrante do setor de Produção Cultural do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. A mediação coube a Chalini Torquato, professora da Escola de Comunicação da UFRJ.

“Nós estamos em tempos de pandemia e as pessoas estão ansiosas sobre o novo normal. Chamamos de normal quando nós LGBTs somos lidos pela sociedade como os anormais, os que estão fora da norma da sociedade. Já por si só é uma afronta ao sistema e uma afronta as normas da sociedade a nossa existência, a nossa resistência, a nossa reivindicação pelo direito de ser”, disse Mônica Benício.
Segundo ela, a promoção de debates como esse é fundamental para compreender que existe um sistema que está colocado na ordem vigente e existe outro que está querendo fazer a subversão desta dita lógica normal.

“Estamos falando de um Brasil que beira a patamares da miséria com a fome aumentando a cada dia. É isso que a gente vai ter como normal?”, provocou Monica. “Estamos falando do país que mais mata pessoas trans no mundo! É isso que a gente chama de normal?”
Ela lembrou que o Brasil é um dos países que tem os maiores índices de feminicídio no mundo e que mais mata sua população LGBT. “Um dos países que tem a maior população negra fora do continente africano, e é um dos países mais racistas do mundo”.

Na avaliação de Mônica, no entanto, hoje existe uma dinâmica que mostra que já há uma revolução em curso. “E nessa revolução não cabem governos como os de Jair Bolsonaro, não cabe a gente admitir que a lógica da estrutura de poder, do poder político, do poder social, seja comandada única e especificamente por homens brancos, héteros, Cis, ricos, fundamentalistas que não sabem o que significa laicidade e que governam através da religião”.

Para a ativista, eventos como o Festival do Conhecimento da UFRJ mostra que coletivamente não estamos caminhando sozinhos.

*A SEGUNDA PARTE DESTA MATÉRIA SERÁ PUBLICADA AMANHÃ

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