Declaração foi feita no Festival do Conhecimento na mesa que também reuniu outro ex-ministro da Educação, o professor Renato Janine Ribeiro. Professora e ativista do movimento negro, Giovana Xavier, e o vice-reitor Carlos Frederico Rocha participaram do debate mediado pela pró-reitora de Extensão, Ivana Bentes.
O ex-ministro da Educação Fernando Haddad (de 2005 a 2007 nos governos Lula e Dilma Roussef) disse na UFRJ que o governo Bolsonaro cai pelas tabelas na área da educação”. Segundo Haddad, que disputou o segundo turno das eleições presidenciais pelo PT contra Bolsonaro, o atual presidente não tem projeto para a rede de ensino “a não ser o desmonte”.
Fernando Haddad elogiou a rede de educação superior no país.“Temos muitas razões para nos orgulharmos (da educação superior). Na América Latina, o Brasil é o principal produtor do conhecimento. Nós conseguimos nesse século mostrar o talento da nossa gente. Um talento
reconhecido internacionalmente, inclusive, diante das ameaças do governo Bolsonaro, que não foram poucas. A comunidade científica internacional se mobilizou em defesa da ciência brasileira e isso não é pouca coisa”, disse.
Avanços
Ex- ministro da Educação fez um histórico do surgimento da educação superior no Brasil até a criação da UFRJ, e destacou a coragem de seus gestores em apostar na expansão de vagas e instituir políticas de inclusão e ações afirmativas.
Ele citou os investimentos feitos no setor pelos mandatos petistas, a excelência da educação superior, a produção do conhecimento e a pesquisa, que, segundo ele, vêm sofrendo revés desde o governo Temer e que se exacerbou com o governo Bolsonaro.
“Cumprimento a resistência universitária em relação a tudo o que vem sofrendo. Já estamos no quarto ministro da Educação de um governo fracassado nessa área. Isso significa dizer que a universidade está firme e forte com seus propósitos, enquanto o governo cai pelas tabelas na área da educação porque não tem projeto para a rede de ensino, a não ser o seu desmonte”, finalizou Haddad.
Desafio
O professor de filosofia da Universidade de São Paulo, ministro da Educação entre abril e setembro de 2015, Renato Janine Ribeiro, lançou questionamentos. Para ele, que é também cientista político, a universidade tem de estar à frente no processo de mudanças que serão necessárias num cenário pós-pandemia. “A ciência, o conhecimento, a pesquisa é que nos ajudarão. As humanidades, chamando para a questão dos valores. Penso que a universidade deve liderar a mudança. Estamos vivendo uma situação com um governo contrário ao conhecimento e que nos prejudica, mas nós temos o futuro. Trazemos a semente para o futuro. Temos o conhecimento que pode proporcionar as mudanças”, refletiu.
Racismo na academia
Giovana Xavier que além de professora é uma ativista que direciona seus estudos ao aprofundamento do combate às desigualdades raciais, apontou a existência de racismo dentro da academia. Ela afirmou que há negros na história da UFRJ, como o escritor Lima Barreto e a historiadora Beatriz Nascimento, mas eles não tiveram o devido reconhecimento da instituição.
Giovana chamou a atenção para o que classifica de pandemia racial. Aquela que atinge a população pobre e negra. “Que a UFRJ, que é uma referência no controle da Covid-19, dê mais atenção à pandemia racial. Dados da Fiocruz comprovam que 57% das mortes no país estão na população negra”, propôs.
O vice-reitor da UFRJ, Carlos Frederico Rocha, disse que obteve mais clareza sobre a pandemia no aspecto racial com a colocação de Giovana. “Devemos ter um olhar melhor sobre essa pandemia”, acrescentou.
E fez um relatou sobre os preparativos da universidade para iniciar o ensino remoto durante a Covid-19: “E um grande desafio, porque envolve a inclusão social e digital de seus alunos. Além disso, a pandemia trouxe ensinamentos que devem ser aproveitados para a pós-pandemia”, concluiu.