Pandemia: vírus continua se espalhando, infectando pessoas e matando

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A aparente sensação de que a pandemia está passando não se sustenta na realidade. Apesar das praias e bares cheios e muita gente deixando de lado a máscara, as estatísticas mostram que o vírus da Covid-19 continua se espalhando. Atualmente, o planeta contabiliza mais de 33 milhões de casos de contaminação, com  mais arca de 1 milhão de mortos.

Quatro nações concentram mais de 50% desse macro número: Estados Unidos, Brasil, Índia e México. Mais de 50% dos 33 milhões de contaminados estão em quatro países: Estados Unidos, Índia, Brasil e Rússia. O Rio de Janeiro sob o risco de um colapso, continua sua marcha da flexibilização com os governos literalmente se lixando para os percentuais ascendentes de ocupação de leitos de UTI.

Irresponsabilidade

Para o epidemiologista Roberto Medronho,  coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ, “não tivemos nem a possibilidade de ter uma segunda onda porque a primeira não acabou”.

Segundo o especialista, o que levou a essa situação, no Brasil, foi o fato de não ter havido uma política séria de enfrentamento da Covid-19 e liderada pelo Ministério da Saúde. “Não tivemos uma política única pactuada entre os entes federativos, com cada estado e cada município adaptando-a às especificidades locais. Assistimos, sim, o contrário: trocas de ministros em plena pandemia até a efetivação de um que não conhece a área”, chama a atenção Medronho.

Ele fez questão de destacar, na entrevista ao Sintufrj, que só não tivemos um número de óbitos ainda maior graças ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Se tivéssemos um sistema igual ao norte-americano, que é péssimo, possivelmente seríamos recordistas. O SUS foi absolutamente fundamental para salvar milhares e milhares de vidas”, disse.

Desrespeito à vida

De acordo com Medronho, o Brasil viveu  sem políticas que mitigassem as consequências sociais logo no inicio da pandemia, obrigando milhares de pessoas a não se isolar, a se proteger porque necessitavam garantir o sustento de suas famílias.

“Isso fez com que, no Brasil, igualmente como nos Estados Unidos, o número (de contaminados) atingisse um platô sem descida consistente. Infelizmente, tudo indica que a onda vai continuar, porque estamos entrando na primavera com calor intenso, e isso indica que periga termos um rebote, ou seja, um grande número de casos. Estamos vendo, em plena segunda-feira, praias lotadas e todo mundo sem máscara”, projeta Medronho.

Ele chama atenção ainda para o fato de que há trabalhadores que não têm opção a não ser utilizar transporte público para ir ao trabalho, enfrentando vários problemas, como falta de ônibus,l porque os empresários reduziram suas frotas de coletivos nas ruas. “Num ambiente como esse”, afirmou, “com apenas alguns centímetros entre as pessoas, a efetividade da mascara cai. Mas é  óbvio que a proteção tem que ser mantida, apesar de que pessoas grudada umas nas outras haver riscos de contaminação”.

Segundo o epidemiologista, pessoas nas ruas sem a devida proteção é uma combinação explosiva. “O efeito disso é ocupação das UTIs muito próxima hoje de 88%. Isso vai significar que teremos pessoas que precisam ser internadas em uma unidade de tratamento intensivo que podem não conseguir uma vaga e seu estado evoluir para óbito”, alertou.

Caminhos

“Quem puder permaneça em casa e quem tiver que sair, adote medidas que preconizamos, isto é, evitar aglomeração, usar  máscaras e higienizar as mãos”, recomenda Medronho. Ele explicou que lazer em áreas abertas, como praças, mantendo-se distanciamento social de dois metros no mínimo, usando máscaras e higienização frequente das mãos, assim como caminhar ou pedalar, pode não oferecer risco desde que mantidas as medidas recomendadas.

“Agora, como dizer não aglomera para quem pega BRT, metrô, ônibus ou qualquer outro transporte público?”, pergunta Medronho. Ele sugere que seja negociado com os empresários de transportes públicos a disponibilização de conduções em número  suficiente para que as pessoas não viagem aglomeradas. “Isso é fundamental”, reforçou.

A segunda sugestão é que seja ampliada a fiscalização e feitas  campanhas amplas educativas para evitar as aglomerações. Por fim, propõe o aumento de oferta de leitos nos hospitais para pacientes da Covid-19, especialmente UTIs.

 

Orla da praia de Copacabana no domingo 26/07. (Photo by Andre Coelho/Getty Images)

 

 

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