Cientistas da UFRJ e unidades pedagógicas afirmam, em nota, que o Estado deve se responsabilizar pelas condições de reabertura das escolas

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O Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ para o Enfrentamento da Covid-19 e o Complexo de Formação de Professores divulgaram um alerta conjunto sobre as condições para reabertura de escolas no contexto da pandemia. O texto foi enviado aos integrantes do Conselho Universitário da UFRJ pelo coordenador do GT, Roberto Medronho, no dia 18 de novembro.

A nota, também foi assinada pelas direções da Faculdade de Educação e do Colégio de Aplicação, da UFRJ, aponta que, “oito meses depois do início das medidas de isolamento social e após a liberação de muitas atividades não essenciais, sem protocolos específicos ou indicadores científicos que justificassem essa decisão, a discussão sobre a reabertura das escolas volta à ordem do dia, trazendo mais uma vez para a cena política os efeitos perversos da injustiça social”. 

De acordo ainda com o texto, “a avaliação de que o retorno às aulas presenciais pode ser realizado com segurança está longe de ser consensual”. São citados como exemplos estados e cidades norte-americanas que enfrentam muitas dificuldades para manter o retorno escolar durante a pandemia, como Nova Iorque, que enfrenta o dilema frente ao aumento de casos, entre restringir as escolas ou a vida social. 

“Certamente a reabertura das escolas oferece riscos, principalmente se as medidas de precaução não forem adotadas. Por isso, nessas grandes cidades, as autoridades de saúde, a despeito de debates, avaliam fechar esses estabelecimentos. Quanto maior a taxa de transmissão do vírus na comunidade, maior é esse risco e maior é o número de medidas de contenção da importação e transmissão do vírus que precisa ser sistematicamente adotados pela escola”, pondera o documento. 

Os signatários reconhecem que “a escola protege as crianças e jovens vulneráveis; garante a sobrevivência física e mental de muitos; permite a manutenção de vínculos sociais em tempos de isolamento e contribui de forma direta para que os pais da juventude escolarizada possam trabalhar” e admitem “que este é o momento de aprender a viver com o vírus”, mas alertam que “isso jamais será possível sem investimento público sério em redes de suporte”. 

“…Riscos são minimizados ou amplificados segundo marcadores sociais que, por sua vez, condicionam de forma desigual a experiência social concreta de crianças e adultos e de cada comunidade escolar”, destaca ainda a nota. Para os signatários do documento, a decisão e o planejamento sobre a reabertura de escolas não podem prescindir do diálogo com os professores e os demais profissionais das unidades escolares, pais e responsáveis dos estudantes. “Além disso, é fundamental a responsabilização do Estado no sentido de garantir as condições necessárias para que a abertura aconteça de forma segura”, pontuam. 

Por fim, o documento conclui que todas as condições citadas para o retorno às atividades escolares presenciais “exigem, obrigatoriamente, investimento emergencial na educação pública por parte dos governos, que deve ser desde já considerado e imediatamente planejado em conjunto com o Parlamento, as instituições científicas, secretarias de educação, dentre outros órgãos, a fim de que seja possível viabilizar os ajustes de estrutura física e de redimensionamento de pessoal docente e de apoio técnico”. 

 

 

 

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