Nova onda de Covid-19 foi constatada pelos cientistas que atuam no Centro de Testagem e Diagnóstico (CTD) da UFRJ. Instalado no bloco N do Centro de Ciências da Saúde (CCS), houve aumento da demanda e dos resultados positivos dos testes realizados. Diante da possibilidade de agravamento desse quadro, os pesquisadores do CTD recomendam recomendam a redução das atividades presenciais na UFRJ.
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A informação sobre o recrudescimento da propagação do novo coronavírus foi levada ao Grupo de Trabalho Pós-Pandemia da universidade na última semana pela chefe do Departamento de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina e integrante do GT-Coronavírus da UFRJ, Terezinha Marta Castiñeiras.
Segundo a infectologista, no CTD Covid-19 da UFRJ, após período de relativa estabilidade que marcou os meses de julho, agosto e setembro, os pesquisadores observaram um aumento do atendimento a partir de meados de outubro. “Nas várias semanas esta demanda de testagem aumentou substancialmente, assim como a positividade dos testes realizados (37% contra 15% a 20% nos meses anteriores)”, disse.
Previsão é de piora. Veja as recomendações:
Terezinha faz um alerta: “É necessário considerar a possibilidade de piora nas próximas semanas com a proximidade das festas de final de ano, que representam potencial de aglomeração explosivo ao qual se acrescenta a desmobilização geral, o descompromisso e a falta de recursos”.
Os pesquisadores do CTD recomendam a redução das atividades presenciais na universidade indicando que devem ser limitadas, rigorosamente, àquelas consideradas assistenciais de enfrentamento da pandemia, com algumas atividades adicionais de suporte e estágios de conclusão de curso, mesmo assim se as tarefas estiverem inseridas no combate à Covid-19.
Os pesquisadores também recomendam que a UFRJ retome efetivamente a dianteira no aconselhamento aos gestores externos (município/estado), visando maior impacto nas medidas de contenção da epidemia no âmbito coletivo.
Enquanto as autoridades não agem, cabe a cada um redobrar a atenção com os cuidados: máscaras, higiene das mãos, distanciamento. Há quem recomende o uso de duas máscaras em lugares como bancos ou supermercados.
GT indica ações emergenciais
Com o recrudescimento da pandemia no Rio de Janeiro e com as informações debatidas no GT-Pós-Pandemia, o GT-Multidisciplinar para Enfrentamento da Coivd-19 (GT-Coronavírus) reuniu-se na segunda-feira, dia 30 de novembro, e emitiu uma nota que deverá ser publicada nas próximas horas no site da UFRJ.
Segundo o coordenador do GT Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19, Roberto Medronho, os dados do Centro de Testagem e Diagnóstico corroboram com o que se vê no município e nas várias regiões do estado: uma elevação sustentada no número de casos (o que significa que não é uma mera flutuação), e que ao longo das semanas vem acontecendo, cujos resultados já impactam os serviços de saúde.
O infectologista citou dados divulgados um dia antes pela Prefeitura: 93,5% dos leitos de UTI estão ocupados. “Esse número quer dizer que praticamente não há leitos disponíveis, e os leitos para internação hospitalar no município do Rio de Janeiro atingiram 100% de ocupação. Os pacientes estão nas Upas (unidades de pronto atendimento) sem poder ir para o hospital”, disse. Medronho também chamou a atenção para o aumento de casos de óbitos domiciliares por doenças como câncer, entre outras, que necessariamente não aconteceriam, mas estão ocorrendo em pessoas que tiveram a Covid-19.
O médico e pesquisador está preocupado com o possível colapso da rede hospitalar municipal, estadual e federal, e por isso alerta os governos para a necessidade de ações imediatas, como ampla testagem e campanhas, abertura de leitos, contratação de pessoal, suspensão de eventos presenciais, fechamento de praias, e que considerem até a possibilidade de lockdown, caso a situação se mantenha ou se agrave.
Covidímetro
De acordo com os números do Covidímetro (ferramenta desenvolvida por pesquisadores da UFRJ que mostra o índice de contágio no estado), a taxa está estacionada há algum tempo, mas segundo Medronho isso na verdade pode significar perspectiva de elevação. Dados mais recentes devem ser lançados na terça-feira, 1º de dezembro.