Liga Acadêmica de Enfermagem em Saúde da População Negra da UFRJ é lançada nesta sexta

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A primeira Liga Acadêmica de Enfermagem em Saúde da População Negra no Brasil (Laespne UFRJ) será lançada nesta sexta, 27 de novembro, às 15h, na plataforma do Youtube, no canal da Liga. A proposta é trazer para debate a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

“O espaço acadêmico é o ambiente adequado para dar voz a esse tema. A Liga se dedicará a apontar as problemáticas que envolvem a população negra, analisar o seu contexto no SUS e o processo de vulnerabilidade desse grupo com ênfase nos conceitos de saúde que incluem, para além de seus agravos, o entendimento que o racismo estrutural e institucional na saúde só pode ser mudado quando discutido e compreendido na formação profissional”, declara Giselle Natalina, estudante de Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) e presidente da Laespne.

Segundo Soledade Simeão, professora da EEAN/UFRJ e orientadora da Laespne, com o crescente aumento das Ligas Acadêmicas na Enfermagem, o projeto de uma Liga com esta ótica, com certeza não demoraria. “Os estudantes motivados pela participação na Comissão de Heteroidentificação da UFRJ puderam vivenciar a necessidade de investir na sistematização e difusão do conhecimento científico sobre a temática saúde da população negra”, observa.

A professora Cecília Izidoro, também orientadora da Liga e integrante da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ, comemora a iniciativa. “Me sinto orgulhosa de estar fazendo parte dessa empreitada que se soma a uma luta antirracista na UFRJ, que é abraçada pela Câmara de Políticas Raciais da UFRJ, que é abraçada pela direção da Escola Ana Nery, não só como Liga mais como todas as ramificações que vão surgindo a partir dela. As disciplinas, os trabalhos, as atividades, que envolve cultura negra, que envolve epistemologia negra, que envolve discussões, sobrevivência dessa população. E, fundamentalmente saúde”.

A professora não esconde a satisfação em mais um passo dado na universidade na luta antirracista. “Fico muito feliz porque fui convocada pelos estudantes a participar a junto com a professora Soledade de uma Liga que trata de nós para nós. Como mulher negra docente na universidade há 25 anos considero que esse seja um dos maiores e melhores trabalhos, que realmente é dar voz a uma questão que envolve a população negra no país. Muito obrigado Sintufrj por nos ajudar a protagonizar essa página na história da luta antirracista”.

Fortalecer políticas afirmativas

Soledade Simeão, que também é coordenadora do curso de graduação em Enfermagem da UFRJ, explica que como orientadora da Liga, ela busca a ampliação da educação antirracista e o fortalecimento no cenário universitário das políticas afirmativas. “Com a mudança do perfil do estudante e o advento das ações afirmativas almejamos reduzir a curva do preconceito racial, que por vezes se traduz em violência e descaso. O racismo secularmente praticado contra a população negra afeta a garantia de acesso aos serviços. Nesse sentido temos que reconhecer as desigualdades étnico-raciais, os determinantes sociais e condições de saúde, com vistas à promoção da equidade em saúde”, complementa Soledade.

Racismo impacta na saúde

Segundo Cecília Izidoro, a Liga Acadêmica de Enfermagem em Saúde da População Negra da UFRJ é uma proposta inovadora de uma atividade extracurricular, e o que ela tem de especial é que traz essa discussão para a Enfermagem – setor com maior número de profissionais de saúde e que têm homens e mulheres negras. “Que precisam fazer uma reflexão sobre si mesmos e sobre os usuários do SUS. Grande parte, 70% dos usuários do SUS são homens e mulheres negras”, avalia.

A professora explica que essa Liga é necessária para além do debate acadêmico. “Nós precisamos de uma Liga que tenha um espaço de discussão acadêmico que traga não sós as questões das doenças que acometem a população negra, mas fundamentalmente as razões, as situações periféricas e de grande expressão que vão impactar na saúde da população negra que é o racismo estrutural e o institucional, que são os determinantes sociais em saúde, os determinantes que vão ter impacto no adoecimento da população”.

Negros, os mais atingidos na pandemia

Cecília Izidoro ressalta ainda que a Laespne vem num momento muito singular que é o momento da pandemia, e por isso mesmo ações e debates sobre e para a saúde da população negra são mais do que necessárias.

“O que a gente está vivendo, esse momento da pandemia, está escancarando para todo mundo ver, que embora todos possam ser afligidos pela doença, a população mais acometida pela doença é a que está nas favelas e nas comunidades, desassistida, longe e sem acesso à saúde e recursos, e que majoritariamente é a população negra”.

 

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