Reforma Administrativa: a grande ameaça

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Juliane Furno, especialista em desenvolvimento econômico, afirma que reforma administrativa precariza servidor e vai tansformar o que antes era direito em mercadoria

O efeito devastador que o projeto de reforma administrativa em tramitação no Congresso pode produzir na sociedade brasileira é analisado nesta entrevista por Juliane Furno, doutora em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp.

Juliane definiu como chantagem da equipe econômica de Paulo Guedes a tentativa de condicionar a aprovação de uma nova etapa do auxílio emergencial ao fim de investimentos mínimos em educação e na saúde, como manda a Constituição.

De acordo com a pesquisadora, ao tentar precarizar os servidores e reduzir os gastos com a rede de serviços públicos, o governo atinge especialmente os mais pobres da população, que fundamentalmente usam saúde e educação públicas.

Nas universidades, a lógica da reforma administrativa de reduzir investimento público traz consequências agudas, diz Juliane Furno. Ela observa que o corte de verbas para bolsas com o arrocho nos gastos vai comprometer (e já compromete), por exemplo, a geração mais pobre que chegou à universidade nos governos Lula e Dilma, a qual terá dificuldade de conciliar estudo e trabalho em cursos de pós-graduação.

E mais, sustenta ela, o cenário de escassez abrirá a porta para que as pesquisas passem a ser financiadas pelo setor privado, de acordo com as necessidades de empresas e empresários.

Na opinião de Juliane Furno, é mais fácil fazer luta política quando as condições do trabalhador são melhores. Numa conjuntura de dificuldades, o impacto subjetivo da perda de direitos e a precarização do trabalho, caminhos para os quais aponta uma eventual vitória do projeto de reforma administrativa, enfraquecem a força política no caso dos servidores. 

Juliane Furno é também economista-chefe do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa. Na opinião da especialista em desenvolvimento econômico, a reforma administrativa se insere numa perspectiva estratégica de escolha de modelo de sociedade. Ela diz que o projeto liberal situa o Estado se eximindo do papel de empreendedor e fornecedor de serviços públicos universais como saúde e educação. 

O Estado, dentro do projeto liberal endossado pelas elites brasileiras, passa a dar relevância a políticas focalizadas de transferência de renda, transferindo recursos monetários para que se possa comprar (quem puder comprar) serviços no setor privado o que antes eram direitos. É a própria financeirização da vida, e conclui: “O que antes era direito fundamental passa a ser mercadoria”. 

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Assista aos vídeos:

PARTE 1 

PARTE 2 

PARTE 3

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