A vacina contra o novo coronavírus que a UFRJ está desenvolvendo desde janeiro deverá ser testada em animais nos próximos seis meses, informou o coordenador da pesquisa e chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, médico e doutor em genética Amílcar Tanuri.
Seis pesquisadores dos Institutos de Biologia, Microbiologia e Biofísica trabalham no projeto, cuja primeira fase está sendo financiada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) – responsável pelo incentivo ao desenvolvimento de pesquisas em saúde no país –, que investiu R$ 2 milhões.
Etapas
Segundo Tanure, as pesdquisas estão na fase pré-clinica e a intenção é fazer a vacina RNA mensageiro ou mRNA sintetizada em laboratório. E a tecnologia aplicada é a mesma utilizada pela Pfizer e pela Moderna nos seus imunizantes, e que a USP também adotou. A expectativa da equipe é testar a vacina em camundongos no prazo de seis meses para apurar a sua eficiência.
A segunda fase é a da toxicologia para achar a dose correta do imunizante a ser aplicado no ser humano. Mas, os recursos do Decit só cobrem até o teste em animais. Para seguir em frente com o projeto, os pesquisadores vão sair em campo atrás de novos financiadores ou de apoio de alguma empresa farmacêutica.
100% brasileira e contra as variantes
“A nossa vacina já vai sair (imunizando) contra as variantes do coronavírus que circulam no Brasil”, disse Tanuri, porque, segundo o pesquisador, a equipe trabalha para produzir uma vacina afinada com as cepas brasileiras do vírus.
De acordo com o especialista, uma vacina 100% brasileira tem inúmeras vantagens: menor custo, independência de fornecedores externos e o completo controle de sua produção da vacina. Além disso, o país pode enfrentar não apenas as mutações do vírus como dispor de tecnologia para desenvolver rapidamente vacinas para outros vírus. “E, no caso do Brasil, a vacina é a principal arma para enfrentar a pandemia que assumiu contornos alarmantes”, afirmou.
Sem dinheiro pesquisa para
Mas, segundo Tanure, o caminho ainda é longo até a conclusão do projeto. O objetivo da equipe, informou, é concluir até o fim deste ano a parte pré-clínica e, dependendo da evolução e da conquista de verbas, iniciar a próxima fase.
Os custos dessa próxima fase das pesquisas e da fase final pré-clínica, ele disse que são muito altos. “Por isso a vacina brasileira necessita de muitos recursos”, concluiu.