A frase é da dirigente do Sintufrj, Noemi de Andrade, durante participação da live “Violência de Estado mata de fome, covid e bala”, promovida pelo Sepe/RJ – Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro, dia 18 de maio. Este dia simbólico, onde se completou um ano do assassinato do menino João Pedro, morto dentro de sua casa em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, e até hoje sem solução. Este dia 18 se transformou então no “Dia Nacional de Luta Contra o Genocídio da Juventude Negra”.
“Hoje nesse dia de luta contra o genocídio da juventude negra, uma luta nossa de décadas, e com tantas chacinas como as do Borel, do Alemão, chacina da Baixada, vivemos um histórico muito triste recebendo do Estado a única política que ele oferece, que é a da força policial, do seu poder bélico para assassinar nossos filhos, nossos jovens pobres negros da comunidade”, lamentou Rute Sales, do Fórum Estadual de Mulheres Negras.
Além de Noemi e Rute, participaram da Live, Ítalo Pires Aguiar (advogado do Departamento Jurídico do Sepe/RJ) e Rodrigo Mondego (Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ). A mediação coube a Duda Quiroga, dirigente do Sepe/RJ e vice-presidente da CUT Rio e Wanderléa Aguiar, dirigente do Sepe/RJ. O Sepe exibiu também um vídeo defendendo a vida de todos os profissionais de educação e dos cidadãos exigindo vacinação para todos.
Duda Quiroga aproveitou a oportunidade para anunciar o ato simbólico do Sepe, “Luto pelas Vidas Perdidas”, dia 20 de maio, às 16h, na Prefeitura, com transmissão ao vivo pelas redes do sindicato.
“Apesar das dores e das dificuldades desse momento precisamos continuar na luta. Nós do Sepe estaremos nesta quinta-feira mais uma vez fazendo um ato simbólico na Prefeitura, denunciando as mortes da nossa categoria, dos nossos estudantes, a morte da nossa educação pelo sucateamento que estamos vivendo. Luto pelas vidas perdidas para a Covid-19, para a bala e para a fome, sem dúvida. Escolas fechadas. Vidas preservadas”.
Polícia que mata
Ao falar sobre a chacina no Jacarezinho, a dirigente do Sintufrj, Noemi de Andrade, se referiu a operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro contra o tráfico de drogas na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, que deixou 25 pessoas mortas. Foi a operação policial mais letal da história do Rio.
Segundo Noemi, o Estado sustenta uma política que matou 139 crianças nos últimos dois anos, todas as vítimas de operações policiais com o suposto argumento de “proteção” da comunidade contra os traficantes.
Ela defende que lutar contra essa política é a tarefa da hora. “Por isso, é importante que a gente não deixe isso cair no esquecimento. Não deixe que a chacina do Jacarezinho vire mais um livro ou filme”, frisou Noemi.
A dirigente do Sintufrj e da CUT Rio, que integra o movimento “Basta! Parem de nos matar”, ressalta que é preciso denunciar essa política e a cobrar políticas públicas que atendam às necessidades básicas da população.
“Quando se fala de política de estado temos de dizer que é uma política pública de morte, de sangue e de discriminação. Nossa discussão tem de começar por aí, porque se não a cada dia faremos uma manifestação porque continuam nos matando e vão continuar nos matando enquanto não tivermos políticas públicas para resolver o problema da fome, da moradia, do acesso e do saneamento básico”, afirmou Noemi.
“A nossa vida é ter medo do Estado que deveria dar acesso à educação, ao lazer, acesso a universidade pública. O Estado nos deve muitas desculpas”, observou a dirigente do Sepe/RJ, Wanderléa Aguiar. Ao final da live ela se referiu a campanha promovida pelo Sintufrj. “Estamos juntas. É comida no prato e vacina no braço”.
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