Osmar Terra influenciou Bolsonaro, ambos se ‘enganaram’ e mais de 500 mil morreram

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“Se o presidente me ouve, é uma decisão dele”, diz Osmar Terra, apontado como um dos principais influenciadores de Bolsonaro na pandemia

“Se o presidente dá mais importância ao que eu falo do que a outras pessoas, é decisão dele”, disse o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), à CPI da Covid, nesta terça-feira (22). Assim Osmar Terra “explica” o fato de ser apontado como um dos maiores influenciadores do presidente Jair Bolsonaro na pandemia. Mas que admitiu ter errado todas as previsões feitas a respeito a crise sanitária, além de ter sido também desmentido pelos integrantes do colegiado. O argumento foi dirigido ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que o questionou sobre as previsões que acabaram não confirmadas pela realidade.

Osmar Terra confirmou ter estimado que a pandemia do covid-19 seria menos séria do que a de H1N1, que agora teriam ocorrido cerca de 900 mortes. Considerou que não haveria vacina em tempo hábil, não haveria segunda onda no Amazonas e que a pandemia acabaria em julho do ano passado, sem variantes do vírus. Ao ser perguntado, a cada previsão citada, se havia errado, teve de constrangidamente repetir: “Sim”.

Jefferson Rudy/Agência Senado
Osmar Terra errou por muito previsões sobre a pandemia (Jefferson Rudy/Agência Senado)


Bases da estratégia

“Aqui estão estabelecidas, nesse conjunto de erros, as bases da estratégia adotada pelo governo federal de combate à pandemia”, concluiu Tasso Jereissati. O senador manifestou preocupação, porque “o senhor continua errando”. Citou a alegação de Osmar Terra de que não é importante o isolamento social como única maneira de conter o contágio, mesmo com vacinas. “O senhor está novamente errando porque é um consenso mundial”, disse. “Não tá na hora, com todo o respeito e em função da enorme influência que o senhor tem, aqui demonstrada, com o presidente da República, de parar de dar opinião?”, acrescentou. E conclui observando que o resultado dos erros do presidente da república fizesses levaram a 500 mil mortes.

Antes de Jereissati, Humberto Costa (PT-BA) já havia lembrado de previsões furadas de Osmar Terra minimizando a gravidade da crise. “O presidente da República, quando ignorou a tentativa da Pfizer de vender a vacina, e a do Butantan, ele estava baseado nessas previsões. No fim do ano, ele com a camisa de um time de futebol lá no Alvorada disse: ‘Esse vírus está indo embora’. Isso quando, na verdade, chegou uma segunda onda que matou mais gente do que na primeira. No mínimo, vossa excelência é autor intelectual de boa parte dos problemas que estamos vivendo no Brasil porque influenciou aquele cidadão que está no Palácio do Planalto.”

Alvo errado

Humberto Costa tratou de desconstruir outra argumentação prévia de Osmar Terra, a respeito da Suécia, como se o país europeu fosse referência de sucesso no combate à pandemia sem a adoção de medidas restritivas. O senador mostrou a curva de mortes daquele país, muito maior que as dos vizinhos Dinamarca, Noruega e Finlândia. “Países com condições semelhantes, tanto do ponto de vista social, econômico, sanitário. Portanto, para essa informação que o senhor trouxe aqui, a Suécia não é boa referência.”

Cloroquina não ajudou

O senador pernambucano rebateu também casos de sucesso citados pelo deputado como se fossem baseados em suas ideias, como Coreia do Sul e China. “Já tinham vivenciado epidemias muito fortes, já tinham know how e esse know how poderia ter sido adotado aqui.” Humberto Costa elencou que foram feitos, naqueles países asiáticos, diagnóstico rápido, isolamento, testagem em massa, uso de máscara e vigilância digital. “Na cidade de Wuhan chegou a ser testada duas vezes toda a população. Aqui no Brasil os testes que compraram não prestaram e estão se estragando.”

Após os desmentidos, Costa fez duas perguntas na sequência da CPI da Covid. Uma sobre o tratamento precoce – Osmar Terra repetiu que tomou e “tomaria de novo se tivesse a doença, porque não tinha nada para fazer a não ser esperar e tomar dipirona”. Logo, porém, foi interpelado pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), dizendo que o próprio Osmar Terra foi para a UTI com covid e chegou a ter 80% de comprometimento do pulmão. “Então a cloroquina não lhe ajudou muito. O que lhe ajudou foi o bom hospital que o senhor tinha e os bons médicos que estavam lhe atendendo. Porque se o senhor teve 80% de comprometimento, a cloroquina não fez efeito”, falou Aziz. Osmar Terra disse que foi tratado no hospital da Pontifícia Universidade Católica no Rio Grande do Sul. “Deve ter bons médicos, coisa a que poucos brasileiros têm direito”, acrescentou Aziz.

 

 

 

 

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