Agricultura familiar combate a fome

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Do total de 211,7 milhões de brasileiros, 116,8 milhões conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões passavam fome, revelou a pesquisa realizada em dezembro de 2020 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN).

Estamos em julho de 2021 e a situação perdura, com o agravante de que os alimentos durante a pandemia só fizeram aumentar de preço. Isso tem a ver com às políticas para a área alimentar e de agricultura, empreendidas a partir do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff e que favoreceu o agronegócio priorizando as exportações em detrimento do pequeno produtor e do mercado interno. É o que afirma o coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Beto Palmeira. 

“A pandemia só fez acelerar algo que vinha acontecendo desde 2015, que é a destruição das políticas públicas ligadas a diversos programas de governo destinados direta ou indiretamente à agricultura familiar, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)”, acrescenta Beto. 

Histórico do MPA

O Movimento dos Pequenos Agricultores nasceu em 1995, no contexto dos massacres de Carajás e Corumbiara, e está presente em 18 estados do Brasil. O MPA preserva a terra e defende a produção de pequenos agricultores da agricultura familiar que não tem acesso às grandes redes de distribuição. No Rio de Janeiro envolve 150 famílias, mas a pandemia criou dificuldades para essas famílias rurais que passaram a ter problemas para a comercialização dos seus produtos. 

“Os supermercados foram os que mais lucraram na pandemia”, atesta o coordenador do MPA.

O Sintufrj apoia o movimento e vem incentivando a compra da cesta básica camponesa de alimentos saudáveis, organizado pelo MPA. Por quê? Porque a agricultura familiar é feita por famílias e emprega como mão de obra seus integrantes. A produção de alimentos, sem agrotóxicos, acontece em suas pequenas propriedades de terra e se destina a sua subsistência e ao mercado interno do país. No Brasil, a atividade envolve aproximadamente 4,4 milhões de famílias e é responsável por gerar renda para 70% dos brasileiros no campo segundo informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Para quem não sabe, a maioria da produção alimentícia para os brasileiros, que vai para a mesa da população, é feita por esses camponeses através da agricultura familiar. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017, esses pequenos agricultores são responsáveis por produzir cerca de 70% do feijão nacional, 34% do arroz, 87% da mandioca, 60% da produção de leite e 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos. 

Para o coordenador do MPA, a agricultura familiar poderia reduzir a fome que assola o Brasil.

“Só a agricultura familiar tem capacidade de produzir alimento suficiente para alimentar o povo brasileiro. É preciso priorizar a venda nos mercados locais, feiras, restaurantes populares. Somos enraizados na terra e cuidamos da natureza. Nós precisamos da floresta em pé e da preservação do meio ambiente para podemos produzir alimentos agroecológicos, variados, de qualidade e sem veneno”, defende.

O Movimento dos Pequenos Agricultores almeja a soberania alimentar, isto é, o país ser capaz de produzir alimentos variados, saudáveis, incentivando a agricultura familiar, valorizando a agroecologia e a produção nacional e local. 

“Nosso conceito é produzir o que nós precisamos. O Brasil hoje importa feijão, o que o torna mais caro. Nossa prioridade é atender a soberania alimentar através de políticas públicas que atendam às necessidades da população. Na pandemia os EUA, por exemplo, priorizaram o básico abastecendo seu mercado para depois exportar. Nós aqui não”, observa Beto Palmeira.

Esse modelo de produção tradicional contrasta com as grandes produções do agronegócio que produzem em massa um único gênero alimentar, como soja ou milho, destinado à exportação e a alimentação de animais para pecuária.

“O Brasil vende a preço de dólar para fora. Isso para beneficiar o agronegócio e os grandes produtores que não têm nenhum compromisso com o país”, sustenta o coordenador do MPA.

Apoio

Para fortalecer a agricultura familiar e ajudar aos camponeses se cadastre no site Cesta Camponesa de Alimentos Saudáveis (https://www.cestacamponesa.com.br/) e faça suas escolhas num cardápio variado de frutas, legumes, frios, produtos de padaria artesanal entre outros.

Você terá acesso a uma cesta de alimentos sem agrotóxico, semanalmente, a preços abaixo ou nunca superiores aos que são cobrados no mercado convencional de varejo, e ainda vai garantir o escoamento da produção da agricultura familiar!

 

 

 

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