Centrais Sindicais entregam peças à usina venezuelana que doou oxigênio ao Brasil

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Presidente da CUT volta da Venezuela, onde esteve com dirigentes sindicais, ministros e o presidente Maduro e firmou acordo de cooperação em defesa dos trabalhadores dos 2 países

Publicado: 8 Novembro, 2021/; Escrito por: Vanilda Oliveira

Sergio na usina Sidor que doou o oxigênio e recebeu a doação de peças/ASSESSORIA MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DA VENEZUELA

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, concluiu a visita à Venezuela na casa do Nicolás Maduro, onde o presidente venezuelano fez questão de receber a comitiva de sindicalistas brasileiros, no sábado (6). Sérgio Nobre e o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, cumpriram a tarefa que os levaram ao país vizinho: doar peças à Usina Sidor, em Guayana, em retribuição à doação de oxigênio hospitalar à população de Manaus, em janeiro deste ano. Na usina, a 300 quilômetros de Caracas, foram recebidos pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, o chanceler Jorge Arreaza, e pelos trabalhadores e trabalhadoras da planta. 

“É uma grande alegria, emocionante, estar aqui com vocês.  Eu e o Miguel Torres, presidente da Força Sindical, as duas maiores centrais do Brasil, que representam 60%  da classe trabalhadora brasileira, em nome das 11 centrais sindicais do Brasil, agradecemos o gesto histórico de solidariedade que esse país e vocês trabalhadores e trabalhadoras tiveram com a população brasileira, no momento mais crítico da pandemia na capital amazonense, onde vítimas de Covid-19 morreram asfixiados, por incompetência e negacionismo do governo brasileiro”, disse Sérgio Nobre.

Além dos presidentes das duas centrais, o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, e o presidente da CUT-RJ, Sandro Cezar, integraram a comitiva de sindicalistas brasileiros que visitou a Venezuela durante quatro dias, de 2 a 6 de novembro.

Durante a estada, o grupo reuniu-se e participou de atividades com ministros, vice-ministros e lideranças sindicais. Para o presidente nacional da CUT, a viagem foi produtiva e cumpriu seu objetivo principal de retribuir a solidariedade dos trabalhadores e trabalhadoras venezuelanos e mostrar a unidade do movimento sindical brasileiro. “A doação foi resultado da campanha exitosa que fizemos durante quatro meses para arrecadar fundos e comprar uma tonelada de equipamentos que serão usados na manutenção da usina de oxigênio hospitalar Sidor”, disse Sérgio Nobre, ao reiterar o agradecimento a todos os sindicatos, entes, estaduais, dirigentes da CUT e outras centrais que contribuíram a campanha”.

Como resultado dessas reuniões, foi firmada uma cooperação entre centrais dos dois países e pré-agendada para março de 2022, um encontro latino-americano e caribenho de sindicalistas, na Venezuela. A atividade vai discutir as transformações no mundo do trabalho e os desafios do pós-pandemia para os trabalhadores, numa perspectiva de proteção e estabelecimento de um protocolo permanente, segundo Sérgio Nobre.

Para o presidente da CUT nacional, “o gesto da doação mútua também foi oportunidade de denunciar à América Latina o irresponsável bloqueio econômico internacional imposto aos venezuelanos, principalmente pelos Estados Unidos,”.

A Venezuela importa 70% do que consome, enfrenta 150 sanções internacionais. Mais de 60 delas por parte dos EUA; nove da União Europeia; cinco do Canadá e outras cinco do Reino Unido. Desde 2015.

 “Comprar uma máscara para Venezuela sai três vezes mais caro do que para o Brasil, e o mesmo vale para compra de ventiladores, medicamentos e outros itens”, disse o chanceler Arreaza, ao apontar que os embargos reduziram a renda do seu país em 90%.

Em 29 de junho de 2021, a CUT lançou a campanha de arrecadação de fundos. A Venezuela enviou 130 mil litros de oxigênio ao Brasil, transportados por oito caminhões do país, cuja frota também sofre com a falta de peças de reposição e manutenção por força do embargo. Além de doar oxigênio, o país vizinho reuniu 107 médicos venezuelanos e brasileiros, formados pela Escola Latino-Americana de Medicina Salvador Allende, em Caracas, para auxiliar na linha de frente do combate à pandemia na Região Amazônica, que viveu seu pior momento em janeiro deste ano.

Governo genocida

Em todas as agendas que cumpriu na Venezuela, Sérgio Nobre e demais sindicalistas brasileiros falaram sobre a trágica situação do Brasil, mergulhado em uma crise econômica, sanitária e social e do desemprego recorde que fizeram milhões de brasileiros e brasileiras voltar a linha da pobreza e da miséria, ao mapa da fome. O presidente nacional da CUT descreveu aos venezuelanos a catástrofe que é o governo Bolsonaro, “o principal responsável pelas mais de 600 mil mortes por Covid-19, por conta do seu negacionismo, incompetência e estupidez”.

A CUT, as centrais, contou Sérgio Nobre, que no Brasil atuam de forma unitária, têm tomado iniciativas para ampliar a aproximação com o movimento sindical da América Latina, diante do distanciamento que o governo brasileiro tem imposto à maioria dos países da Região. “A luta sindical e popular, cada vez mais globalizada, exige ainda mais unidade e solidariedade, porque temos pautas e desafios semelhantes em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da democracia e da soberania de cada país”, afirmou o presidente nacional da CUT”.

Central Obrera

Além da Usina Sidor, Sérgio Nobre e comitiva visitaram CVG Venalum, indústria Venezuelana de Alumínio, onde foram recebidos pelos trabalhadores e pelo presidente Arquimedes Hidalgo, que puxou um viva à classe trabalhadora, a Maduro e a Lula, após elogiar a unidade e solidariedade do movimento sindical brasileiro.

Unidade e solidariedade foram as palavras mais pronunciadas pelos sindicalistas brasileiros durante a visita à Venezuela. Em Caracas, Sérgio Nobre se reuniu com dirigentes da Central Bolivariana Socialista dos Trabalhadores (CBST), presidida pelo Wills Rangel, e também pelos dirigentes da ASI (Central de Trabalhadores  e Trabalhadoras Aliança Sindical Independente) e o tema foi a luta dos trabalhadores latino-americanos.

Também teve encontro com o ministro do Trabalho da Venezuela, José Ramon Rivero, que vestiu a camiseta da CUT Brasil.

Ao vice-chanceler Carlos Ron, presidente do Instituto Simon Bolívar, Sérgio Nobre e Miguel Torres concederam entrevista de uma hora, em formato live, na qual o presidente nacional da CUT afirmou aos venezuelanos que “a grande batalha do movimento sindical brasileiro é garantir proteção social aos trabalhadores e vencer a eleição de 2022”.

“O presidente Lula lidera as pesquisas e tem o apoio da maior parte do movimento sindical; nossa esperança é que, vitorioso, Lula comece a reconstruir o Brasil em tudo, na economia e no papel que o país sempre teve perante o mundo”, disse o presidente nacional da CUT na live venezuelana.

Os sindicalistas brasileiros também foram recebidos pelo chanceler Rander Peña, vice-ministro das Relações Exteriores e pelo embaixador venezuelano no Brasil, Alberto Castellar.

Apesar de um embargo que faz uma máscara custar cinco vezes mais caro na Venezuela que no Brasil e gera prejuízo anual de US$ 30 bilhões e desabastecimento à população, os venezuelanos foram solidários com um Brasil muito mais rico que, hoje, tem um presidente pária mundial que deixou amazonenses morrerem por falta de oxigênio.

Com as peças doadas, a Usina Sidor poderá fazer manutenção nos equipamentos e elevar a sua capacidade de produção, prejudicada pelo embargo internacional.

Como forma também de combater os bloqueios e sanções econômicas, Sérgio Nobre disse que a CUT e a Força firmaram  um compromisso de cooperação permanente com as centrais sindicais venezuelanas, com o objetivo de contribuir com a recuperação da economia daquele país e ampliar as relações de trabalho entre as duas nações.

“Inclusive está no radar uma reunião entre o Ministério da indústria da Venezuela e a Industriall Brasil, composta pelos dirigentes das duas centrais, para discutir cooperação na política com o objetivo prioritário de defender os direitos da classe trabalhadora dos dois países, afirmou Sérgio Nobre.

 

 

 

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