O fim dos contratos temporários, no dia 31 de dezembro, de 850 profissionais de saúde destinados a atender pacientes com a covid-19 resultou, segundo a direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), no fechamento de 110 leitos. De 309, a unidade agora só conta com 199 leitos.
De acordo com a coordenadora-geral do Sintufrj e técnica de enfermagem, Gerly Miceli, à medida que a vacinação avançou e o número de casos da covid foi caindo, os leitos destinados ao atendimento desses pacientes foram sendo desativados no HUCFF. Mas, a dirigente afirma que “faltou vontade política da UFRJ de peitar o governo federal e garantir que esses leitos ficassem para a sociedade”.
“Esses profissionais eram mantidos com o orçamento suplementar do Ministério da Saúde destinado à demanda covid, que serviu para contratar pessoal e assegurar os leitos de referência abertos no Rio de Janeiro”, acrescentou o diretor-geral do HUCFF, Marcos Freire. A contratação foi através de uma parceria com a Fiotec (Fundação da Fiocruz).
Atuação política
Na avaliação de Gerly, “caberia ao diretor do hospital tentar, junto ao gestor municipal, pôr os leitos abertos para os pacientes covid para a Regulação Sisreg, para o atendimento da população do Rio de Janeiro nas diversas especialidades oferecidas pelo Hospital Universitário, e a universwidade exigir a realização de concurso público pelo Regime Jurídico Único (RJU) para contratação de profissionais de saúde ”.
“A não ser”, questiona ela, “que se queira usar a situação como argumento para uma adesão açodada à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares)”.
A coordenadora aponta, ainda, que é necessário um dimensionamento sério e criterioso nos hospitais da UFRJ para se saber onde realmente há falta de pessoal e onde há defasagem, como também qual é a real capacidade de internação e quantas pesquisas estão em curso, entre outras coisas. “È necessário ser feito um levantamento criterioso sobre a realidade do quadro e também da necessidade de pessoal. A Reitoria da UFRJ ainda não fez isso”, diz Gerly.
Críticas à Ebserh
Servidores do hospital também questionam o apoio da direção à Ebserh:
“O mesmo dinheiro que o hospital tem hoje a Ebserh vai ter. Se é a mesma verba, então eles estão dizendo que não sabem administrar as unidades de saúde da UFRJ?”, pergunta uma enfermeira. “Os mais atingidos com a adesão do HU a essa empresa serão os técnicos-administrativos, que vão entrar em extinção porque não haverá mais concurso público para contratação de profissionais de saúde pelo RJU”, acredita outra trabalhadora. “Já estamos cada vez em menor número e com menos força para barganhar”, complementa um servidor. “E os extraquadros? Aqueles trabalhadores antigos com mais de 20 anos na casa? No primeiro concurso pela CLT que a Ebserh fizer, todos eles serão demitidos”, conclui uma servidora.