Petrobras vende derivados de petróleo 3 vezes e meia a mais do que custo de produção

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O povo banca os lucros quando compra derivados de petróleo como gás de cozinha, gasolina e óleo diesel, entre outros produtos que são refinados pela estatal

Publicado: 21 Março, 2022 – 11h19 | Última modificação: 21 Março, 2022 – 15h11

 

O custo médio de extração de petróleo e produção de derivado da Petrobras, em 2021, foi de R$ 114,89 por barril, mas a estatal vendeu produto no mercado interno por um valor três vezes e meia maior, R$ 416,40 o barril. O lucro, pago pelo povo, foi de R$ 301,51 por cada barril comercializado no país no ano passado.

A afirmação de que o povo é quem banca esses lucros se justifica porque os  derivados de petroleo, produtos que surgem a partir de um processo de refino, em que os elementos que compõem o petróleo são separados, são o GLP (gás de cozinha) – com o último reajuste da Petrobras, um botijão de 13 quilos chega a custar mais de R$ 150 -, a gasolina, o querosene e o óleo diesel, cujos preços também dispararam, entre outros produtos.

Os cálculos sobre o lucro 3 vezese meia maior do que os custos de extração e produção são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese/subseção FUP), com base nas informações dos relatórios de desempenho financeiro da Petrobras de 2019, 2020 e 2021. Na composição desses custos, entram as participações governamentais (royalties e participações especiais) e todos os custos operacionais (na extração do petróleo e refino).

Os dados mostram que o valor de venda doméstica de derivados praticado pela gestão da Petrobrás em 2021 (R$ 416,40/barril) foi 63% acima do realizado em 2020 (R$ 254,40/barril), ao mesmo tempo em que o custo de extração e refino, em real, caiu.

Por trás da diferença entre custo de produção e valor de venda doméstica está a política de preço de paridade de importação (PPI) praticada pela direção da Petrobrás, que leva em consideração o preço internacional do derivado, variação cambial e despesas com importação; e desconsidera custos internos de produção.

Segundo as análises do Dieese /FUP, o valor médio do barril de derivado comercializado pela Petrobrás no país cresceu 40,7%, entre 2019 a 2021, acima das variações do câmbio (36,7%) e do barril do óleo no mercado internacional (10%).

Enquanto isso, no mesmo período, a empresa teve redução de custos de extração, em todas as alternativas apresentadas pela estatal em seus relatórios financeiros (terra, pós sal, pré-sal, com ou sem participações governamentais e com ou sem afretamento). De um ano para outro, a empresa aumentou seus volumes de extração e concentrou atuação em campos com maior produção e produtividade, como os campos do pré-sal, que são muito mais rentáveis que os demais.

Em relação ao refino, também houve redução significativa dos custos de produção, de 32,5% no período 2019/2021, se considerado em dólar; e de 8,5% em reais. Da mesma forma, destacam-se menores custos operacionais e maior produtividade.

O economista do Dieese/FUP, Cloviomar Cararine, explica que, considerando o maior custo de extração no ano de 2021 (com participação governamental e com afretamento), de US$ 19,62 por barril, ao câmbio de R$ 5,40, o custo por barril, em real, é de R$ 105,95. Somado ao custo de refino em reais, de R$ 8,94 por barril, chega-se a um custo total de R$114,98.

Por conta da grande produtividade dos campos do pré-sal, descobertos em 2006, e dos investimentos nas melhorias operacionais das refinarias brasileiras, a Petrobrás vem apresentando queda nos custos para extração do petróleo e para a produção de derivados. “O Brasil se tornou um país muito competitivo nesse setor. Ao mesmo tempo, por conta da política de Preços de Paridade de Importação (PPI), na hora de precificar os combustíveis em seus terminais, a Petrobrás não leva em consideração esses custos de produção e sim o preço internacional, acrescido das despesas com importação de derivados” destaca Cararine.

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, observa que “o resultado dessa política são maiores lucros para a empresa distribuir para seus acionistas nacionais e estrangeiros (cerca de 750 mil acionistas no total), enquanto a população sofre com preços absurdos nos combustíveis, mais inflação e perda do poder de compra dos salários”.

 

 

 

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