Bolsonaro vai de novo na mídia prometer fundos e mundos para os servidores

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De olho nas eleições e pressionado pelo funcionalismo que reivindica uma reposição emergencial de 19,99%, Jair Bolsonaro está prometendo mundos e fundos às categorias em luta. Além de 5% a partir de julho, ainda não oficializados, anuncia que em 2023, por meio de projeto de lei, concederá novo aumento, reestruturará carreiras e aumentará os vales alimentação e creche. Um montante de R$ 11,7 bilhões. Mas de concreto mesmo, nada.

“É mais um balão de ensaio (de Bolsonaro) para se fortalecer nas eleições, continuar com o engodo e destruir os serviços públicos. (Ele) faz esse anúncio, diz que vai trabalhar carreiras e dar insumos, mas acredito que não passa de mais uma provocação em resposta a articulação de uma greve dos servidores públicos federais contra o governo, contra o descaso, por valorização dos serviços públicos e das suas trabalhadoras e de seus trabalhadores”, diz a coordenadora da Mulher Trabalhadora da Fasubra, Rosângela Soares da Costa. 

“Quero ver essa intenção anunciada na mídia destrinchada nesse pacote de R$ 11,7 bilhões. Para onde vai, como vai ser aplicado e para quais categorias do funcionalismo? Porque o primeiro anúncio de reajuste foi o diferenciado para as Forças Armadas. Por isso não dá para acreditar que haja a intenção do governo de realmente destinar esse dinheiro pós eleição, caso ele seja eleito — que eu espero que não seja, lutarei para que não seja.  Portanto, se ele for reeleito pode ser mais um blefe como vários outros ditos por Bolsonaro durante seus três anos de governo”, chama atenção a dirigente da Fasubra.

Rosângela destaca a demagogia e a falta de confiabilidade do governo Bolsonaro:

“É um governo que tenta governar através de notícias bombásticas na mídia. Desde antes da campanha que culminou com a vitória bolsonarista,  já alertávamos que seriam dias difíceis, principalmente para as mulheres, servidores e os erviços públicos em geral. A notícia desse pacote com esse montante é mais um balão de ensaio, é mais uma demagogia, mais uma perversidade do governo que tenta a todo custo, na minha avaliação, continuar enganando aqueles que o elegeram lá atrás”.

Ela reforça a necessidade de unidade e mobilização dos trabalhadores para derrotar Bolsonaro.

“Nossa responsabilidade como dirigentes sindicais de entidades é fazer com que a categoria entenda que a unidade, a mobilização e a disposição de luta é que vai derrotar Bolsonaro e trazer de volta a dignidade das nossas categorias e o direito da população a ter serviços públicos de qualidade e mais democráticos e inclusivos.”

Atirando para todo lado

O ex-diretor do Dieese e Diap, Vladimir Nepomuceno, analisa que o governo Bolsonaro e equipe não conhece a realidade da administração pública e fica “vazando” notícias através da mídia para testar as lideranças do funcionalismo.

“Temos de entender que as pessoas que estão tomando decisões em relação à questão remuneratória dos servidores, no geral, não têm conhecimento de como lidar com entidades de servidores, simplesmente por desconhecerem a realidade da administração pública. Isso vale para a equipe econômica, para a ala político-partidária, além da ala de apoio ideológico.

Isso fica claro quando surgem como opções o reajuste linear, anunciado, o reajuste apenas no auxílio-alimentação, reajuste para apenas algumas carreiras e, por último, nenhum reajuste. O fato de todas as possibilidades terem sido “vazadas” de propósito para a imprensa, como forma de testar as possiblidades com as lideranças sem chamá-las para conversar, apenas aprofunda essa constatação.”

Sobre as intenções do governo, Vladimir diz que tudo é possível. Até, inclusive, atender a sua base de apoio, a área de segurança. Sobre o possível 5% nada foi encaminhado ainda.

“Em primeiro lugar é necessário observar que nenhuma proposição foi encaminhada ao Congresso. Até porque há a necessidade de alteração na legislação orçamentária, com tramitação pelo Congresso conjuntamente, além de projeto de lei ordinária ou medida provisória, que tem tramitação primeiro na Câmara e depois no Senado. Isso é importante, considerando que o prazo para qualquer majoração de despesa com pessoal encerra em 4 de julho. Isso caracterizaria um “balão de ensaio” para ver a reação das lideranças do movimento sindical dos servidores.

Em segundo lugar, há a possibilidade de concessão do reajuste na forma anunciada, tentando, segundo avaliação de parte do governo, ganhar alguns pontos politicamente em ano eleitoral, ainda que não agrade a todos.

No entanto, na segunda-feira, 18, aconteceu uma reunião entre representantes do governo, como o Ministro da Justiça, entre outros, entidades de delegados e outros setores da Polícia Federal e parlamentares ligados a essas categorias. Com isso, não estaria descartada a possibilidade de alguma surpresa, como atender, ainda que parcialmente, reivindicações das carreiras da área de segurança federal. O que seria um duro golpe no conjunto dos servidores, podendo deflagrar fortes reações.”

Servidores em luta

Desde o início do ano o funcionalismo público federal, com salário congelado há cinco anos, está em campanha por reajuste. E vem realizando mobilizações para pressionar o governo Bolsonaro a abrir negociação pela reposição emergencial de 19,99% referente a perda inflacionária durante os três anos de governo Bolsonaro. Uma nova Jornada de Lutas está convocada de 25 a 29 de abril, com paralisação nacional indicada para o dia 28 de abril.

 

 

 

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