O fantasma do “viva” UFRJ voltou. Derrotado pela Comunidade Universitária em sua forma original, o projeto foi remodelado e reapresentado pela reitoria. Seu problema fundamental, no entanto, segue o mesmo: a ideia de privatizar espaços da universidade como forma de financiar seu funcionamento.
A nova versão do “viva” UFRJ pretende entregar à inciativa privada os espaços do antigo Canecão e do Campinho da PV para a construção de um espaço cultural privado. Também inclui a alienação dos 11 andares da UFRJ no edifício Ventura.
LÓGICA FURADA
Sabemos que a concessão é apenas mais uma forma de privatização da universidade, que por décadas perderá espaço para o mercado. E não faz sentido entregar patrimônio a longo prazo em troca de compensações paliativas que não resolvem o problema do financiamento.
TRANSPARÊNCIA
Em 24 de agosto, Sintufrj, DCE UFRJ e dezenas de outras entidades protocolaram requerimento à reitoria solicitando a suspensão temporária do projeto e a divulgação de todos os contratos e aditivos referentes ao “viva” UFRJ. Após algumas respostas contraditórias, a reitoria admitiu que os documentos estavam restritos e que seriam publicizados em breve no site da UFRJ.
Os prazos informados pela reitoria também oscilam bastante: no Conselho de Centro do CCS (15/ago) a reitoria falou em licitações em setembro; na reunião conjunta CFCH/CCJE (22/ago), defendeu o leilão do Canecão em dezembro. Já no Consuni (25/ago) a Comunidade Universitária pressionou e a reitoria recuou sobre estas datas.
BODE NA SALA
Além do problema da captação de recursos via privatização, há também uma grande confusão sobre a aplicação destes recursos em contrapartidas mal explicadas, com anúncios de demolições sem um mínimo de planejamento com a vida acadêmica na Praia Vermelha.
O QUE QUEREMOS
Todos nós queremos a retomada do espaço do antigo Canecão. Mas somos favoráveis à construção de um equipamento cultural multiuso sob gestão pública e a serviço do ensino, pesquisa e extensão nas áreas de arte, cultura e esporte da UFRJ. O que não acontecerá sob uma gestão privada, sob a lógica do mercado cultural.
Os espaços da PV devem ser revitalizados preservando suas vocações históricas, levando em conta os anseios e demandas artísticas, culturais e esportivas de toda a UFRJ.
MOMENTO POLÍTICO
A UFRJ está neste momento construindo iniciativas unitárias de resistência contra uma possível tentativa de quartelada anunciada pelo chefe do poder Executivo. Junto com toda a sociedade, será preciso garantir a realização e o respeito aos resultados das urnas, até a posse do novo governo.
O ato de 11 de agosto na UFRJ foi um importante marco desta unidade, no qual inclusive saudamos o papel cumprido pela reitoria. É totalmente inoportuno, neste momento de construção de unidade, propor um projeto que divide a comunidade ao meio.
FINANCIAMENTO PÚBLICO
A unidade que precisamos construir na UFRJ vai muito além da defesa do calendário eleitoral. A universidade como um todo deve seguir adiante muito firme na defesa de sua recomposição orçamentária. Desde 2012, em números corrigidos, o orçamento discricionário da UFRJ está em queda (foi de R$773mi em 2012 para R$299mi em 2021).
Se não resolvermos este problema central, vamos privatizando a universidade para financiar o que resta até não sobrar mais nada? O edifício Ventura é emblemático: o terreno que era da UFRJ foi cedido em troca de 11 andares no prédio e agora a proposta é alienar estes andares.
AMPLIAR O DEBATE
Está nítido que, dada a profundidade do tema e suas implicações de longo prazo, apenas os espaços institucionais dos colegiados de centro e superiores não são suficientes para garantir um debate democrático e amplo.
Precisamos construir espaços onde a Comunidade Universitária possa de fato debater que modelo de universidade a UFRJ precisa e como garantir seu financiamento público.
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ASSEMBLEIA COMUNITÁRIA
Participe desta luta! Convidamos toda a Comunidade Universitária a se somar ao Sintufrj, DCE UFRJ e demais entidades em defesa da UFRJ pública!
SEGUNDA, 12 DE SETEMBRO, ÀS 14H NO AUDITÓRIO DA ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL