Um dos aspectos em que o preconceito contra mulheres lésbicas se manifesta, ainda nos dias de hoje, diz respeito ao direito à saúde: inúmeras barreiras dificultam, por exemplo, a prevenção, com enormes custos, não apenas para o sistema de saúde, mas porque são vidas em jogo.

O boletim Dia a Dia está tratando esta semana da visibilidade lésbica cujo dia se celebra no 29 de agosto.

Ninguém ignora a importância de exames como o preventivo do câncer do colo uterino ou a mamografia, que pode revelar a doença no início facilitando o tratamento. Mas, e se, por não ser heterossexuais, alguém não recebe a devida atenção no sistema de saúde, o que pode acontecer?

É justamente a ampliação da visibilidade da população LGBTIA+ que torna ainda mais evidente a ausência de uma assistência médica adequada. “Chama atenção também a baixa produção de educação em saúde, principalmente para mulheres lésbicas e bissexuais, o que impede que elas conheçam seus corpos, seus riscos e seus direitos sexuais e reprodutivos”, explica Karina Cidrim, ginecologista e obstetra com especialização em sexologia, em artigo para Carta Capital.

Ela alerta que dados recentes divulgados demonstraram que mais de 40% das mulheres que transam com outras mulheres (exclusivamente ou não) nunca realizaram um exame de Papanicolau para detecção de câncer de colo uterino, e que cerca de 60% delas acredita que não transmite ou adquire IST (infecções sexualmente transmissíveis) por não serem heterossexuais.

“Esses dados são particularmente preocupantes quando pensamos em saúde pública: menor prevenção significa mais doença e consequentemente maiores custos com sistemas de saúde”, diz a autora.

Fatores

Entre os inúmeros fatores relacionados, a falta de acesso, a heteronormatividade é, possivelmente, um dos mais evidentes. Por exemplo: no que toca a orientações sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST), voltadas majoritariamente ao uso de preservativos masculinos, o que não contempla boa parte da prática sexual entre mulheres. A especialista aponta também como grande fator a falha na formação de médicas e demais profissionais, nos cursos de saúde.

Por quê?

Mas não deveria ser assim, onze anos depois da Política Nacional de Saúde Integral LGBTI+, considerada verdadeiro marco na saúde pública no Brasil, instituída em 2011, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Esta política teria como objetivo geral promover a saúde integral dessa população, eliminando a discriminação e o preconceito institucionais e contribuindo para a redução das desigualdades. Mas, como se vê, não faltam desafios para que o atendimento integral e a promoção da saúde desta população estejam em prática.

O fantasma do “viva” UFRJ voltou. Derrotado pela Comunidade Universitária em sua forma original, o projeto foi remodelado e reapresentado pela reitoria. Seu problema fundamental, no entanto, segue o mesmo: a ideia de privatizar espaços da universidade como forma de financiar seu funcionamento.

A nova versão do “viva” UFRJ pretende entregar à inciativa privada os espaços do antigo Canecão e do Campinho da PV para a construção de um espaço cultural privado. Também inclui a alienação dos 11 andares da UFRJ no edifício Ventura.

LÓGICA FURADA

Sabemos que a concessão é apenas mais uma forma de privatização da universidade, que por décadas perderá espaço para o mercado. E não faz sentido entregar patrimônio a longo prazo em troca de compensações paliativas que não resolvem o problema do financiamento.

TRANSPARÊNCIA

Em 24 de agosto, Sintufrj, DCE UFRJ e dezenas de outras entidades protocolaram requerimento à reitoria solicitando a suspensão temporária do projeto e a divulgação de todos os contratos e aditivos referentes ao “viva” UFRJ. Após algumas respostas contraditórias, a reitoria admitiu que os documentos estavam restritos e que seriam publicizados em breve no site da UFRJ.

Os prazos informados pela reitoria também oscilam bastante: no Conselho de Centro do CCS (15/ago) a reitoria falou em licitações em setembro; na reunião conjunta CFCH/CCJE (22/ago), defendeu o leilão do Canecão em dezembro. Já no Consuni (25/ago) a Comunidade Universitária pressionou e a reitoria recuou sobre estas datas.

BODE NA SALA

Além do problema da captação de recursos via privatização, há também uma grande confusão sobre a aplicação destes recursos em contrapartidas mal explicadas, com anúncios de demolições sem um mínimo de planejamento com a vida acadêmica na Praia Vermelha.

O QUE QUEREMOS

Todos nós queremos a retomada do espaço do antigo Canecão. Mas somos favoráveis à construção de um equipamento cultural multiuso sob gestão pública e a serviço do ensino, pesquisa e extensão nas áreas de arte, cultura e esporte da UFRJ. O que não acontecerá sob uma gestão privada, sob a lógica do mercado cultural.

Os espaços da PV devem ser revitalizados preservando suas vocações históricas, levando em conta os anseios e demandas artísticas, culturais e esportivas de toda a UFRJ.

MOMENTO POLÍTICO

A UFRJ está neste momento construindo iniciativas unitárias de resistência contra uma possível tentativa de quartelada anunciada pelo chefe do poder Executivo. Junto com toda a sociedade, será preciso garantir a realização e o respeito aos resultados das urnas, até a posse do novo governo.

O ato de 11 de agosto na UFRJ foi um importante marco desta unidade, no qual inclusive saudamos o papel cumprido pela reitoria. É totalmente inoportuno, neste momento de construção de unidade, propor um projeto que divide a comunidade ao meio.

 

FINANCIAMENTO PÚBLICO

A unidade que precisamos construir na UFRJ vai muito além da defesa do calendário eleitoral. A universidade como um todo deve seguir adiante muito firme na defesa de sua recomposição orçamentária. Desde 2012, em números corrigidos, o orçamento discricionário da UFRJ está em queda (foi de R$773mi em 2012 para R$299mi em 2021).

Se não resolvermos este problema central, vamos privatizando a universidade para financiar o que resta até não sobrar mais nada? O edifício Ventura é emblemático: o terreno que era da UFRJ foi cedido em troca de 11 andares no prédio e agora a proposta é alienar estes andares.

 

AMPLIAR O DEBATE

Está nítido que, dada a profundidade do tema e suas implicações de longo prazo, apenas os  espaços institucionais dos colegiados de centro e superiores não são suficientes para garantir um debate democrático e amplo.

Precisamos construir espaços onde a Comunidade Universitária possa de fato debater que modelo de universidade a UFRJ precisa e como garantir seu financiamento público.

 

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ASSEMBLEIA COMUNITÁRIA

Participe desta luta! Convidamos toda a Comunidade Universitária a se somar ao Sintufrj, DCE UFRJ e demais entidades em defesa da UFRJ pública!

SEGUNDA, 12 DE SETEMBRO, ÀS 14H NO AUDITÓRIO DA ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL

 

A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, citou as lutas de resistência de indígenas e da população africana no período colonial do Brasil e, numa viagem no tempo, desenhou o cenário caótico do governo Bolsonaro num país onde cerca de 30 milhões passam fome outros milhões não têm acesso à internet.

Marta foi uma das participantes da sessão que instalou oficialmente o Festival do Conhecimento, o maior evento virtual da UFRJ, aberto pela reitora Denise Pires e que teve a participação, além de artistas e outras personalidades, da ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O tema dessa terceira edição do festival é “Do Ancestral ao Digital”, um convite a múltiplas abordagens da realidade brasileira, seus dramas e contradições. Marta Batista encerrou sua participação convocando para as manifestações do Grito dos Excluídos no 7 de setembro e do protesto nacional organizado pela campanha #forabolsonaro no dia 10 de setembro. A dirigente sindical coordena o Projeto de Extensão Pré-Vestibular Popular do Soltec/Nides.

 

Mesa do Sintufrj

Na quarta-feira, 31 de agosto, das 9h às 10h30, o Sintufrj coordenará a mesa “A luta histórica por voz, independência e direitos democráticos do povo trabalhador brasileiro”. O coordenador do sindicato e da Fasubra, Nivaldo Holmes, mediará o debate.

Participarão como debatedores: Esteban Crescente, coordenador-geral do Sintufrj; Waldinea Nascimento, presidente da Associação dos Terceirizados da UFRJ (Attufrj); José Sergio Leite Lopes,  coordenador da Comissão Memória e Verdade da UFRJ (CMV/UFRJ) e coordenador do Programa de Memória dos Movimentos Sociais (CBAE/PPGAS/MN/UFRJ; e José Luiz Soares, pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRJ e pesquisador associado ao AMORJ (Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro).

O JORNAL DO SINTUFRJ NA SUA PRÓXIMA EDIÇÃO TRARÁ REPORTAGEM SOBRE O FESTIVAL DO CONHECIMENTO.