Candidatos da UP e do PCB expõem propostas para o Brasil, com atenção para educação
Um debate com presidenciáveis no início da tarde no CT/UFRJ reuniu, curiosamente, representantes do mais novo partido de esquerda do país, a Unidade Popular (UP), fundado em 2019, e do mais antigo, o Partido Comunista Brasileira (PCB) que neste 2022 celebra seu centenário.
Sofia Manzano (PCB) e Léo Péricles (UP) expuseram seus diagnósticos e apresentaram propostas que apontam no horizonte para uma sociedade socialista, no campo estratégico. A abordagem dos dois candidatos deu atenção especial à crise na educação asfixia financeira.
Cerca de 250 pessoas – a maioria, estudantes, o que demonstrou o vigor do movimento estudantil na UFRJ – atenderam à convocação do DCE Mário Prata e participaram do debate. A direção do DCE informou que convites foram enviados para todos os presidenciáveis.
Orçamento viciado
Ao se debruçar sobre o drama da educação no país, Leo Péricles foi buscar a origem da escassez de verbas para o setor no país. “Não tem como se fazer um governo popular que priorize a maioria da população sem mexer no orçamento” que é desviado “para banqueiros e especuladores”.
O candidato observou que o sistema que vigora hoje, quando fatia relevante do orçamento é direcionada para o pagamento de dívida pública, está dentro da lógica absurda da “Emenda Constitucional 95” que estabeleceu o teto de gastos, congelando os investimentos em saúde e educação por 20 anos.
“Nossa proposta é por suspensão do pagamento dessa dívida e revogação da EC 95”, ele disse.
Leo Péricles disse que a autonomia universitária tem que ser respeitada, investimentos tem que ser assegurados, as cotas fortalecidas e tem que ser implantado “um ousado plano de expansão da universidade pública”.
Militares privilegiados
Sofia Manzano, depois de defender a necessidade da política de cotas fortalecida, expandindo para o segmento LGBTIA+, abordou números do orçamento: “O orçamento do próximo ano alcança, em valores, R$ 3 trilhões. Desse total, R$ 1,9 tri é para o pagamento da dívida pública”. Uma cifra impressionante, um verdadeiro saque nos recursos obtidos com impostos.
Em seguida, Sofia fez uma comparação entre o dinheiro do orçamento destinado aos militares e à educação. Para o Ministério da Educação, segundo Manzano, foram destinados R$ 1,4 bi. Para o Exército, segundo a candidata do PCB, foram destinados R$ 7 bi. Ou seja, quase sete vezes a mais do que foi para educação.
A candidata do PCB disse que “o desfinanciamento” da universidade “vem junto com a proposta de cobrança de mensalidade” nas universidades públicas.