Ex-deputado disparou 50 tiros de fuzil contra agentes da PF, que quase foram assassinados e clima é de revolta com o fato de Bolsonaro ter protegido um bandido de alta periculosidade, diz a jornalista
Redação CUT/Gibran Mendes | Editado por: Marize Muniz
O presidente Jair Bolsonaro (PL) é o culpado pela tentativa de assassinato dos agentes da Polícia Federal (PF) que foram recebidos com 50 tiros de fuzil e granadas pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) quando tentaram cumprir uma ordem de prisão no domingo (23).
A afirmação foi feita pela jornalista Míriam Leitão, em sua coluna publicada no jornal O Globo desta terça-feira (25).
Para Mirian, os decretos presidenciais que escancararam a compra de armas e munições servem como estímulo para casos como o do último domingo, quando dois agentes federais saíram feridos por estilhaços de granadas.
Após mais de 40 decretos de Bolsonaro, brasileiros compram 1.300 armas por dia
“O caso Roberto Jefferson jogou um holofote sobre uma parte tenebrosa do governo Bolsonaro. O incentivo a que seus aliados se armem levou o Brasil a uma situação explosiva. Há um milhão de armas nas mãos dos integrantes dos clubes de trio. O total de pessoas nos CACs é mais do que o efetivo de todas as PMs somadas”, diz a jornalista em sua coluna.
Ainda de acordo com a jornalista as armas liberadas não são para defesa pessoal, tampouco para coleção, pois tratam-se de equipamento antigos nestes casos.
Ela ainda criticou o Exército e a própria polícia pelas falhas na fiscalização. “Esse submundo da loucura armamentista teve em Roberto Jefferson um exemplo. Ele não poderia ter aquelas armas todas, dos fuzis com mira a laser a granadas, nem poderia sequer ser CAC. Pelas normas da sua regulamentação, o Exército teria que ter cassado a licença de Jefferson. Falhou a polícia que permitiu aquele arsenal e falhou o Exército que não tirou a licença”, destacou. Se de um lado Bolsonaro facilita o acesso às armas, do outro, desestimula a fiscalização pelos órgãos de controle.
A coluna de Mirian Leitão ainda traz análises de especialista em segurança pública que criticam duramente as medidas de Jair Bolsonaro. A própria Federação dos Delegados da Polícia Federal, em nota, posicionou-se sobre o tema afirmando que a prisão de Roberto Jefferson foi “flagrante por crime hediondo” e exige que a Polícia Federal esclareça os “protocolos adotados no planejamento, na execução e no gerenciamento da crise”.