INCÊNDIO NO LABORATÓRIO

Compartilhar:

Apesar de não ter ganho proporção, mais um incêndio em laboratório evidencia reflexos do sucateamento das universidades públicas

Um incêndio atingiu um dos laboratórios do sexto andar do bloco A do Centro de Tecnologia (CT), no Instituto de Química, no início da madrugada desta segunda-feira, dia 3. Mas ficou restrito à sala onde começou, conforme os coordenadores do local, porque extinguiu-se sozinho. Os danos só foram constatados pela manhã.

Não houve vítimas e nem afetou salas vizinhas (uma delas, de aula). Ao chegar, usuários constataram sinais de fuligem para fora da sala ainda trancada (ela é vedada) e, quando abriram, se depararam com o cenário de escuridão e fuligem que tomou móveis e equipamentos.

Os bombeiros estiveram lá em seguida, e, embora não houvesse mais sinal de incêndio, o laboratório permanece fechado. A Defesa Civil era aguardada para avaliar a segurança estrutural. A origem ainda está sendo apurada.

Outro incidente ajudou a aumentar a apreensão: o CT ficou sem luz pela por mais de uma hora, por problemas em subestações (que não teve a ver com o incêndio). Houve pessoas presas por alguns minutos no elevador do bloco A, socorridas pelos bombeiros que já estavam no local.

Câmera filmou

Na sala A622, de 75 metros quadrados, funciona a Central Analítica da Graduação, um laboratório de investigação de estruturas químicas e nanotecnologia. Serve diversos centros da UFRJ e instituições externas.

Embora a câmera interna tenha partes derretidas, o cartão de memória foi salvo: as últimas imagens registram o início do incêndio à meia-noite, com clarões intermitentes, fumaça pelo teto e respingos incandescentes saindo da direção onde fica o aparelho de ar-condicionado.

 

Danos ainda serão inventariados

INCÊNDIO no laboratório no 6º andar do prédio do CT no Fundão.

Pierre Esteves, Leandro Soter e Simon Garden, professores do Departamento de Química Orgânica, são coordenadores do laboratório. Embora não saiba o certo o que causou incêndio, contam que o aparelho de ar-condicionado é antigo, mas que foi feita manutenção. Eles esperam a sala ser liberada para, limpando a fuligem, ver o que pode ser salvo e que aparentemente nada pegou fogo.

Pierre explica que o laboratório tem equipamentos raros e caros alguns até ainda sem uso, avaliados em torno de R$2,5 milhões. Ele relaciona o que chama de alguns pequenos milagres, como o fato de, além do fogo ter se extinto sozinho ou de ninguém ter se ferido, de não ter atingido o cilindro de CO2 que, apesar de vazio, poderia explodir.

Os professores comentam que, mesmo com precauções com segurança e manutenção, um fato como esse poderia ter consequências piores e relacionam, entras as razões possíveis, a infraestrutura antiga num prédio de 60 anos e um laboratório que “funciona como uma ONG”, porque vive de doações, entre outras consequências do sucateamento das instituições públicas.

Apontam ainda que não é razoável um laboratório de experiências no sexto andar do prédio junto com salas de aulas. “O laboratório não está malcuidado, mas precisamos de uma casa nova”, reivindicam.

COMENTÁRIOS