Solidariedade com quem cuida dos animais abandonados nos campi

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O que leva uma pessoa a abandonar um bichinho ao relento, sem comida, água e, muitas vezes, depois de anos de convivênciacom a família?O abandono de animais é considerado maus-tratos, segundo um decreto federal, e crime, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais. A pena por ser de reclusãode dois a cinco anos, multa e proibição da guarda.

Mesmo com todas essas sanções, por semana, na Cidade Universitária, são resgatados cinco a seis cães ou gatos. O abandono de animais domésticos no campus só cresce. Aessa realidade cruel, o contraponto fica por conta do trabalho voluntário de muitos abnegados.

Diariamente, essas pessoas dedicam horas de seu tempo recolhendo e cuidando dos animais largados à própria sorte, e procurando quem os adote. Os gastos com alimentação e cuidados médicos são enormes, mas os recursos escassos.

Sema

Em 2015, um grupo foi institucionalizado pela UFRJ como Serviço de Monitoramento Animal e Ambiental (Sema), no âmbito da Prefeitura. De acordo com o prefeito da universidade Marcos Maldonado, o Sema tem origem no GT-Animais criado em 2012 com a tarefa de elaborar procedimentos para lidar com o crescente problema de abandono de bichos domésticos nos campi.

O Sema dispõe de três abrigos provisórios no Fundão — um na saída da Vila Residencial, outro na ex-BioRio e mais um na Prefeitura Universitária (onde também há um gatil também). “Isso tudo sai muito caro. Se gasta muito dinheiro com ração e não há verba previsto para essa despesa”, diz o prefeito.

Todos são mantidos exclusivamente com doações e com o trabalhovoluntários de limpeza dos espaços, captura, banho, castração, cuidados com a saúde, serviços administrativos e adoção.Mas a capacidade é limitada.

Maldonadolembra que a Prefeitura Universitária tem promovido  campanhas para arrecadação de doações. O Sema precisa de tudo: ração, casinha, caminha, brinquedo, material de limpeza, remédios, recursos para castração, entre outras despesas.

Trabalho incessante

“É uma bola de neve. É muita coisa sob nossa responsabilidade”,conta o servidor Antônio Avelino, presidente do Sema. Ele destaca a importância do grupo de poucos voluntários que trabalha de domingo a domingo, chova ou faça sol, para salvar animais como gatos e cachorros do descaso de humanos.

Uma das providências do Sema para coibir o abandono de animais no Fundão foi a instalaçãode câmeras com melhor alcance e com monitoramento para flagrar os infratores. “Quem for pegoserá denunciado à polícia, à Prefeitura Universitária e vamos mobilizar a imprensa”, promete o presidente.

Salve vidas!

Os horrores, segundo Antônio, se repetem. “Semana passada soltaram um pit-bull em frente ao canil todo arrebentado e com sarna. Graças a Deus conseguimos um lar provisório. Todo esse trabalho sobrecarrega a equipe de voluntários e os poucos recursos que temos não dá conta das necessidades dos animais. Abandono de animal é crime, gente!”.

Doação de ração, medicamentos, material de limpeza, recursos para as castrações e consultas ao veterinário são muito bem-vindas. “É grande a despesa. Chega a cinco mil reais por mês,” contabiliza o responsável pelo Sema.

 

Dedicação aos abrigados 

Uma das voluntárias é a incansável Larissa Morais Viana, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da UFRJ, que concorre ao pós-doutorado. Com a parceria do marido Kleiton, mestrando na Escola de Química, todos os dias eles se revezam para dar conta de tarefas necessárias ao bem-estar dos abrigados, como limpeza do espaço ou levando um deles para castrar. São 45 cachorros e 16 gatos.

Larissa diz que há urgência em receber novos voluntários para ajudar na limpeza, banho e passeio dos animais abrigados, assim como doações. “Somos apenas quatro, e temos nossas atividades normais do dia a dia”, afirma. Ela informa que os cãezinhosdo abrigo são castrados e com vacina em dia.

Reativar o bazar – Essa é uma forma de colaborar voluntariamente com o Sema. Obazar pela internet ajudava a levar recursos para os abrigados, mas por falta de quem o administre está parado. “Quem quiser fazer esse trabalhoserá muito bem-vindo”, convida Larissa. Bora reativar o Patinhas Cães &Gatos (no Instagram @bazar_patinhascaesegatos)?

Visitas são diárias –“Todos os dias há voluntários no abrigo do Fundão: terça e quinta-feira à tarde e, nos outros dias pela manhã. Mesmo nos fins de semana. É só entrar em contato para marcar um horário pelos seguintes e-mails: tuninhoz10@gmail.comlarissamviana@hotmail.com”, informa Larissa.

Denuncie!

Além das doações, a Prefeitura Universitária solicita que se a pessoa testemunhar o abandono de animais no campus que denuncie ou entre em contato com a Coordenação de Segurança da UFRJ pelo telefone (21) 3938-1900. Se possível, anotando o horário, placa, modelo e a cor do veículo, para que o responsável seja identificadospelas câmeras de segurança.

Uma história que pode ter um final feliz

A cadelinha Mona Lisa teve seus nove filhotes (um nasceu morto), em março, no descampado próximo ao Grupamento dos Bombeiros. A família foi resgatada por voluntários e levada para uma hospedagem em Del Castilho, que faz parte da ONG Entre Pegadas (https://www.facebook.com/entrepegadas.com.br). A mãezinha e cinco filhotes já foram adotados, mas ainda aguardam por um lar três malhadinhas.

Os voluntários da UFRJ, como das ONGs, estão frequentemente em feiras de adoção apresentando os bichinhos.Quem se habilita a este gesto de amor?

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