EQUIPE DE PRÓ-REITORES DA UFRJ ANUNCIADA DESTOA DA DIVERSIDADE E INCLUSÃO ESPERADAS

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Nesta sexta-feira,16 de junho, foi anunciada a nova composição das Pró-Reitorias da futura gestão da UFRJ conduzida por Roberto Medronho e Cássia Turci. Nomes de importância no debate acadêmico e/ou administrativo da UFRJ compõem as indicações (veja no final da matéria). Dois ex-dirigentes sindicais das categorias técnico-administrativo em Educação e docente da UFRJ estão entre os selecionados, respectivamente Neuza Luzia (ex-coordenadora geral do Sintufrj e da CUT Rio), e João Torres(ex-presidente da Adufrj).

A composição de mulheres ampliou-se de 3 para 4 na gestão das PRs, um fato que deve ser reconhecido como importante avanço. Mas, infelizmente, se insere em um contexto de retrocesso no que diz respeito à composição dos trabalhadores Técnicos Administrativos em Educação – TAE na nova gestão.

Pois foi surpreendentemente negativo o quadro de TAEs anunciado. Dentre as 7 Pró-Reitorias apenas uma será ocupada por um TAE (PR4 – Neuza Luzia). A Direção Executiva do Sintufrj compreende que tal situação é um retrocesso ainda maior que o visto nos últimos anos no que diz respeito à ocupação dos espaços da Administração Central pela categoria TAE.

A gestão que ora se encerra (Denise Pires e Frederico Leão Rocha) contou com três TAEs na maior parte do tempo ocupando pró-reitorias. A gestão anterior de Roberto Leher e Denise Nascimento contava com quatro TAEs na função, este número é o máximo possível visto que três das sete PRs são as chamadas “acadêmicas”, limitadas pela LDB à ocupação docente.

Não podemos nos furtar de uma dura crítica a esta escolha que carrega o atraso de uma concepção de universidade majoritariamente restrita ao segmento docente na gestão política, acadêmica e administrativa da instituição. Relação que foi questionada pelo histórico de luta da categoria TAE ao longo de décadas no século XX. Nossa identidade como trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação foi constituída por uma luta pela ocupação dos espaços de ensino, pesquisa, extensão e gestão das universidades. Somos todos servidores tanto TAEs quanto docentes. Mas no dia a dia da universidade uma desigualdade evidente se impõe sobre os primeiros.

Lutar pela ocupação dos espaços de poder por técnicos- administrativos na Administração Central da UFRJ é uma bandeira constante em nossa luta sindical, referendada pelos espaços nacionais de organização da categoria como é a Fasubra Sindical, que em suas resoluções congressuais defende a luta pela eleição de TAEs para o cargo de Reitor.

Não por acaso, durante as eleições de Reitoria deste ano, foi parte presente dos debates tal reivindicação, por meio de questionamentos ou afirmações de coordenadores do Sintufrj, meios de comunicação do sindicato ou mesmo por manifestações da base.

 

PRÓ REITORIA TEM SOMENTE PESSOAS BRANCAS

A gestão do Sintufrj também vê como outro retrocesso a não observância da diversidade étnico racial necessária a tal composição, frente à comunidade acadêmica. Dentre todas e todos os pró-reitores não existe nenhuma pessoa negra. Em que pese ser um corrente fato ao longo de sucessivas gestões de Reitoria na UFRJ não existir pessoas negras em PRs, por conta da absurda desigualdade socio-racial do país que influencia em especial o corpo Docente da UFRJ, atualmente não podemos mais aceitar total exclusão de pessoas negras dos quadros de máxima direção da universidade.

Estamos falando de um país no qual mais de 56,1% (IBGE 2021) da população é autodeclarada preta ou parda. Ao olharmos para dentro das universidades públicas este percentual em matrículas de estudantes é de 52%, fato diretamente ligado à luta histórica da política afirmativa de cotas.

No caso da UFRJ, apesar de haver crescimento nos últimos anos, também por resultado da política de cotas, ainda há muito o que avançar. Temos em nossos quadros menos de 13% de docentes autodeclarados negros e cerca de 35% de TAEs negros e negras. (UFRJ-Pessoal em Números).

Em um contexto de necessária afirmação das liberdades democráticas contra uma ofensiva ultraconservadora e elitista, que nos últimos anos atacou as políticas de direitos sociais preconizadas na constituição de 1988, o atual anúncio da equipe de gestão contrasta com o simbolismo da posse presidencial de 01 de janeiro de 2023. Na ocasião, o Presidente Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto com representantes da diversidade étnica e social brasileira conclamando uma ocupação dos espaços de poder pelo povo.

O debate eleitoral para sucessão deste ano teve como uma das suas marcas a bandeira de ocupação dos espaços de poder pela população negra, ao ponto de uma das chapas contar com toda a sua composição com docentes negros. Este fato foi um grande avanço no debate antirracista, frente a um país marcado por séculos de escravidão e permanente opressão racial.

Frente às reflexões acima, seguiremos atuando nas bases da categoria pela necessidade de defender essas bandeiras históricas e que tiveram avanços nos últimos anos, ainda que aquém do necessário.

VEJA EQUIPE DE PRÓ-REITORES

Pró-Reitoria de Graduação (PR-1)

Maria Fernanda Santos Quintela da Costa Nunes, professora, ex-decana do CCS

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2)

João Torres de Mello Neto, professor, ex-presidente da Adufrj

Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3)

Helios Malebranche, professor do Departamento de Administração da UFRJ

Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4)

Neuza Luzia Pinto, técnica-administrativa, ex-dirigente do Sintufrj e da CUT

Pró-Reitoria de Extensão (PR-5) 

Ivana Bentes Oliveira, professora, que continuará no cargo atual

Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6)

Cláudia Ferreira da Cruz, professora, atual superintendente de Governança da UFRJ

Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PR-7) 

Eduardo Mach Queiroz, professor da Escola de Química

 

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