Nas boas-vindas a novos funcionários, Comando de Greve expõe as razões do movimento

Compartilhar:

Dirigente destaca a importância dos sindicatos na história como instrumento de defesa dos trabalhadores

O ano letivo começa na UFRJ com novos estudantes e com novos funcionários, mas eles encontraram a força de trabalho técnico-administrativa da UFRJ em greve. Para explicar os motivos do movimento paredista, o Comando Local de Greve (CLG) tem percorrido os campi distribuindo panfletos, conversando e convocando para ações do movimento.  Nesta segunda-feira (18) à tarde, o comando foi a recepção de novos servidores da UFRJ no Salão Nobre do Centro de Tecnologia.

Os integrantes do CLG, Esteban Crescente, Nivaldo Holmes Filho e Marli Rodrigues distribuíram panfleto de informação da greve com texto sobre o cenário de dificuldades da instituição, a realidade salarial dos técnico-administrativos e falaram aos servidores. Material sobre o Sintufrj, uma pasta com informações sobre o sindicato e ficha de filiação foi distribuída pelos funcionários do sindicato.

O acolhimento faz parte do Programa de Admissão de novos servidores da UFRJ, promovido pela Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4). Constitui-se de atividades de recepção e capacitação, com o objetivo de receber os novos servidores na instituição e apresentar orientações básicas sobre a estrutura e o funcionamento da universidade, além de explicações sobre a importância do serviço público, dos servidores e de sua atuação na sociedade e na educação.

“Vocês como servidores públicos são importantes para ajudar a reconstruir a UFRJ e o Brasil. Nós como servidores temos compromisso, exercendo nossos cargos na universidade, de fazer um Brasil diferente, num espaço sem censura e democrático, contribuindo para o esforço de manter o espaço republicano garantindo a educação pública de qualidade”, refletiu Joana de Angelis, da Divisão de Desenvolvimento, Capacitação e Formação Continuada da PR-4, ao se referir ao governo anterior que elegeu a universidade pública como inimiga número 1.

O Sintufrj tem por tradição participar desta atividade, e no caso do momento da greve o CLG é o porta-voz. Esteban foi o primeiro a falar e discorreu sobre a história dos sindicatos e sua importância como instrumento de defesa dos direitos dos trabalhadores. Ele informou que o Sintufrj é o maior sindicato de trabalhadores técnico-administrativos do Brasil e tem 13 mil filiados.

“Somos trabalhadores técnico-administrativos em educação, que é uma conquista da nossa luta. Tudo o que conquistamos nos últimos anos foi através de luta porque não temos data base como os celetistas. E infelizmente ficamos sete anos amargando um congelamento salarial. Derrotamos o governo anterior e com o novo governo recuperamos a oportunidade de negociação. Conseguimos 9%, mas é insuficiente, nossas perdas são mais de 40%. Então temos de nos mobilizar. Não existe categoria que não faça greve”, explicou Esteban.

Estamos não só lutando pela reposição salarial. Estamos na luta também pela recomposição orçamentária das universidades públicas federais”, sublinhou Nivaldo. “Hoje nós temos o PCCTAE (Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação), conquista da greve de 2004. Já temos quase 20 anos, e vocês estão entrando na carreira num momento importante que é a luta também justamente pela reestruturação desse plano. Então contamos com vocês com apoio e participação nas atividades”, acrescentou Nivaldo.

Mesmo com todo todos os problemas a UFRJ é um lugar importante, bom de se trabalhar e onde vocês podem crescer e produzir. Fizemos especialmente esse panfleto para vocês com assuntos inerentes aos novos servidores. Servidor não pode ser punido por fazer greve e servidor em estágio probatório tem o direito de participar da greve. Todos nós podemos fazer greve. E essa greve é um direito de todos nós, foi muito conversada e muito pensada. Digo para vocês que é uma greve forte, tirada numa assembleia simultânea com mais de 700 companheiros. É uma greve justa e vocês precisam entender por que estamos nesse movimento. Tudo o que temos nos nossos contracheques é fruto de luta e greve!”, finalizou Marli.

Dúvidas

Foi aberto um espaço para os servidores se manifestarem e alguns fizeram algumas perguntas como Hélio Moura e Leonardo Pina. Hélio quis saber se essa era uma greve nas universidades, haja visto que a UFF também está com seus servidores em greve.

Foi explicado pelo CLG que a greve é em nível nacional, nas universidades federais que integram a base da Fasubra – a federação que reúne os sindicatos de trabalhadores técnico-administrativos das universidades públicas federais.

Leonardo perguntou sobre o alcance dos serviços oferecidos pelo Sintufrj interior do estado. Sendo explicado que o Sintufrj tem a sede no Fundão e subsedes na Praia Vermelha e HUCFF. Nas unidades externas e nos campi de Xerém e Macaé o Sintufrj realiza atividades itinerantes e organiza plantões conforme a necessidade.

Realidade da UFRJ

“Ao chegarmos na UFRJ acreditamos que vamos encomendar uma estrutura à altura da maior universidade do Brasil, mas após o acolhimento começamos a nos deparar com os problemas que impactam o nosso trabalho cotidianamente – a grande maioria em função da falta de orçamento – e descobrimos que somos uma das categorias com a maior defasagem salarial do serviço público federal. Além disso, as estruturas estão desabando por falta de manutenção”, diz um trecho do panfleto.

E continua. “Com uma perda inflacionária de mais de 40% nos salários, um plano de carreira defasado que não valoriza a permanência dos servidores na universidade, e cortes nos orçamentos, a categoria buscou o diálogo com o governo federal. Mas, após muitas reuniões não houve contraproposta, além de 0% de reajuste esse ano.”

Novos Concursados da UFRJ.
Rio, 18-03-24
Foto Elisângela Leite
Novos Concursados da UFRJ.
Rio, 18-03-24
Foto Elisângela Leite

 

COMENTÁRIOS