Fotos: Renan Silva
Em ato unificado na manhã desta quinta-feira, dia 4, coordenadores do Sintufrj, militantes do Comando Local de Greve (CLG) e da base da categoria, aposentados, estudantes e professores levaram à comunidade do campus Geraldo Cidade, em Duque de Caxias, protesto pelo atendimento da pauta dos trabalhadores em greve há três semanas.
A luta dos trabalhadores terceirizados do campus – que sofrem com salários sistematicamente atrasados – foi outra pauta destacada em mais esta ação da agenda da greve.
A reestruturação da Carreira dos Técnicos-Administrativos, o reajuste dos salários há anos sem aumento, mas também a recomposição orçamentária das universidades foram reafirmadas como objetivo do movimento paredista.
Como se sabe, a asfixia financeira das universidades resulta em sérios problemas de infraestrutura e manutenção em seus campi, com um agravante: com o atraso no pagamento dos serviços
Dezenas de pais e mães de família enfrentam dificuldades. Como aconteceu na Faculdade de Letras no Fundão, Duque de Caxias adiou o início das aulas em duas semanas porque os terceirizados estavam sem salários.
Há infiltração, goteiras, umidade e mofo no alto das paredes, salas sem ar-condicionado numa região de calor intenso, uma piscina suja (herdada da construção original cedida pela Prefeitura local).
O coordenador-geral do Sintufrj Esteban Crescente explicou que o protesto, previsto pelo CLG, teve o propósito de reivindicar condições de funcionamento, ambientes dignos e para que o pagamento dos trabalhadores seja feito em dia.
Disse que a valorização da carreira e da remuneração dos servidores têm a ver com os estudantes. “Por isso nossa luta para melhorar a Carreira, reter quadros de qualidade na universidade, e por recursos, principalmente em Caxias, que sofre muito com a falta de estrutura. Este também é um protesto em solidariedade aos terceirizados”.
Diretora: greve ‘justa, necessária e urgente’
A diretora do campus Duque de Caxias, Juliany Rodrigues, se colocou ao lado da categoria e da greve “justa, necessária, importante e urgente”. Comentou da necessidade de recomposição dos salários (“tão baixos” em relação a outras áreas do Executivo) e do orçamento da UFRJ.
“Se a gente não brigar com o governo pela recomposição orçamentária, a UFRJ vai ter que fechar por falta de dinheiro, por falta de manutenção básica”, disse.
Ela explicou que a UFRJ ainda não pagou os salários de janeiro e fevereiro dos terceirizados. “Está muito difícil manter a universidade funcionando. Achar que a universidade tem recursos para se manter aberta como se nada estivesse acontecendo para mim é uma loucura”, disse ela, propondo greve para que se discuta “a universidade que queremos. Do jeito que está não dá para continuar”.
A coordenadora do DCE Bianca Vitória reiterou a unidade de estudantes e trabalhadores nesta luta e a necessidade de recomposição orçamentária: “Sabemos que podemos cobrar. Não é mais o governo Bolsonaro. Mas precisamos que mais dinheiro do orçamento público vá para educação, para que a universidade não seja sucateada”.
Representantes técnicos-administrativos do campus no CLG, André Moura ressaltou que, além da pauta principal sobre a Carreira e recomposição do salário, é central também a recomposição orçamentária. Morador da região, ressaltou a importância do campus para a comunidade, mas lamentou o fato de que foi precarizado e que o dia a dia mostra um certo abandono.
Greve e resultados
Depois de uma pequena caminhada por setores do campus, alguns coordenadores e militantes foram ao auditório (durante aula que ocorria na única sala com ar-condicionado, adquirido recentemente) explicar a dezenas de estudantes, os motivos do movimento.
“É o momento de fazer greve? Vocês podem perguntar”, provocou o dirigente do Sintufrj. Esteban disse que o movimento já teve resultados importantes, como a formulação de um relatório junto com representantes do governo sobre pautas relativas à Carreira.
“O governo está avaliando e disse que vai trazer um projeto de lei para reestruturação da nossa Carreira, o que tem a ver com vocês porque muitos quadros de qualidade, em função da média salarial muito baixa, se evadem. Na conjuntura atual, esse governo abre espaço para negociação e tem o compromisso de fazer diferente do anterior. Temos que cobrar. Por isso estamos em luta”, explicou.
André Moura explicou a eles que, ao contrário de achar que o movimento paredista pode atrapalhar suas vidas, a greve é para garantir o direito de acesso à universidade pública, hoje ameaçada por falta de recursos.