Comunidade da UFRJ se mobiliza

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Os últimos dias têm sido marcados por diversos momentos em que se refletiram não apenas a crise financeira que atinge de forma incisiva a UFRJ, mas também pelo sentimento crescente, vindo não apenas de técnicos administrativos e estudantes e entidades representativas, mas de toda comunidade acadêmica, de que é hora de reagir de modo mais incidente, com muita pressão e denúncia pública para trazer a sociedade para esta briga.

Como se não bastasse o decréscimo, na Lei Orçamentária Anual, da ordem de R$ 17 milhões, num orçamento já insuficiente,  decreto recente do governo (nº 12.448 de 30 de abril)  reduziu a capacidade de execução de despesas discricionárias, atingindo todas as federais.

Com déficit entre o que está destinado a UFRJ, R$311 milhões, e o que de fato ela precisa, R$ 484 milhões, da ordem de R$ 173 milhões, o orçamento já era insuficiente para despesas mínimas. Com o decreto, o orçamento está mantido, mas a situação piorou.

Até novembro, há um contingenciamento caracterizado pela liberação mensal de apenas 1/18 (não 1/12 como deveria) do orçamento. “Outras medidas ainda serão divulgadas, mas de imediato ficam suspensas as despesas relacionadas a combustíveis, manutenção da frota, diárias, passagens e aquisição de material de consumo (exceto aqueles para garantia das aulas). Manteremos a assistência estudantil e buscaremos manter serviços como segurança, limpeza, transporte vinculado à graduação e restaurantes universitários”, informou a reitoria.

O mês de maio está completamente comprometido, porque não há limite de orçamento para funcionar, como alertou o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças (PR-3) Hélios Malebranche.

A PR-3 informou que manutenções de um modo geral poderão ser afetadas: predial, urbana, rede de dados e equipamentos. “Procuraremos manter as despesas que afetam diretamente a graduação”, anunciou.

Mas ele ponderou: “Nosso orçamento atual é de 406 milhões, 52% inferior ao de 2012, há 13 anos atrás, que era de R$ 784 milhões (corrigidos pelo IPCA). Com isso, as manutenções urbana, predial e de redes vêm acumulando problemas. Praticamente não temos manutenção preventiva, sendo a corretiva de valores muito mais elevados. Alguns espaços estão praticamente inservíveis”, explicou o pró-reitor.

Categoria aprova proposta de audiência pública

Na assembleia do dia 15, a categoria aprovou, entre outras deliberações, que Sintufrj encaminhará à Reitoria a proposta de audiência pública sobre o orçamento da UFRJ. Além disso, o Sintufrj irá articular com as outras entidades do movimento na UFRJ (de trabalhadores e estudantis) a realização de uma assembleia comunitária sobre o mesmo tema.

No Consuni, pedido de ação

Na sessão do Conselho universitário no dia 8, onde o fato foi anunciado, conselheiros discentes, técnicos administrativos e docentes se revezavam a reivindicar ações contundentes por parte da UFRJ, com a realização de audiências públicas, inclusive com o convite a representantes do governo, assembleias comunitárias, entre outras iniciativas para mobilizar a comunidade acadêmica e a sociedade por recursos condizentes com a importância destas instituições federais de ensino.

Fotos: Renan Silva

 

Pró-reitor Malebranche anuncia situação e Marta Batista cobra ação incisiva. 

No CCS, problemas apontados

Em inúmeras falas no expediente do Conselho de Coordenação do Centro de Ciências da Saúde no dia 12, houve a denúncia dos problemas enfrentados em várias unidades acadêmicas e de saúde – alguns até com redução da assistência e, por consequência da capacidade de formação e pesquisa.

 

No CCS, o coordenador do Sintufrj Nivaldo Holmes lembrou da importância da greve de 113 dias da categoria para a conquista, não apenas dos reajustes que hoje todos os servidores estão recebendo, como os recursos suplementares que chegaram às universidades em 2024.

IPUB, mobilização

Na reunião do corpo social do Instituto de Psiquiatria, que sofre com uma crise sem precedentes, e que perdeu dezenas de profissionais experientes e necessários, afastados porque a unidade não poderia mais arcar com extraquadros, ficou claro: o IPUB escolheu não se calar.

Trabalhadores e estudantes  partem agora para uma jornada de ações de denúncia pública e busca de soluções para o estrangulamento que prejudica pacientes e residentes. Na próxima quinta-feira, dia 22, depois da plenária da unidade, eles vão para a rua mostrar à população – no sinal, em frente ao campus da Praia Vermelha – a realidade da Unidade.

 

Reunião no IPUB dia 15

Vigilantes – A Cidade Universitária amanheceu, dia 15, sob manifestação dos vigilantes terceirizados da empresa Front. Eles se concentraram nas pró-reitorias de Gestão e Governança (PR-6) e de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3), no Parque Tecnológico da UFRJ, e depois fecharam por cerca de meia hora a entrada principal da UFRJ, na altura da Prefeitura Universitária. O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio devido a salários atrasados, vale alimentação não pago e férias vencidas.

 

Vigilantes se concentra na PR-3. Estudantes cobram condições de estudo.

O pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças. Hélios Malebranche, informou que as faturas das empresas de vigilância com limite legal para pagamento neste mês estão em processo de liquidação. Ele acredita que na segunda-feira, 19 de maio, a UFRJ deve receber os recursos financeiros para pagar essas empresas.

Tentando prevenir impactos – No dia 12, a PR-3 se reuniu com as empresas de segurança e de limpeza, para, segundo a PR, informar sobre o Decreto 12.448/2025, seus impactos no orçamento e prazos legais para pagamentos . Da parte da empresa, informou a PR, houve indicação de não paralisação dos serviços. Depois, a UFRJ faria reuniões com Light e Águas do Rio, com a mesma finalidade.

Reitores apelam para parlamentares

O Fórum de reitores das federais do Rio (Friperj) convidou a bancada federal do estado para uma audiência na segunda-feira, dia 19, às 10h, que terá como pauta a grave situação orçamentária das instituições federais de ensino do Rio. Será no auditório da Reitoria do Instituto Federal do Rio de Janeiro, na Rua Buenos Aires, 256.

A situação das instituições não está distante do que ocorre na UFRJ.  De fato, se na maior universidade federal do país a situação se agravou desta forma, não é diferente nas demais instituições, o que moveu o Fórum a reivindicar o posicionamento dos parlamentares da bancada do Rio: 46 deputados federais e três senadores.

“O Fiperj reúne as universidades e institutos federais de todo o Rio de Janeiro e nós estamos convidando os deputados e senadores da bancada do Rio para discutir com eles a situação orçamentária dramática das nossas universidades e tentar ver uma solução que contemple o funcionamento dessas instituições tão importantes para o nosso estado e para o país”, comentou o reitor Roberto Medronho.

Sintufrj pretende levar à Brasília

“Estamos acompanhando de perto a situação da UFRJ de estrangulamento orçamentário e temos que levar isso à sociedade, num trabalho conjunto com os três segmentos, denunciando que o que a instituição vem recebendo a cada ano, é insuficiente para que possa cumprir a sua finalidade de promover ensino, pesquisa e extensão de qualidade”, disse Nivaldo Holmes, coordenador de Comunicação do Sintufrj, explicando que na jornada de lutas que a categoria fará na próxima semana, a questão do subfinanciamento também será pauta em Brasília.

DCE quer assembleia comunitária

O DCE Mário Prata também estará na audiência com parlamentares. Segundo o coordenador Henderson Ramon, a entidade está se articulando com os diretórios centrais das outras instituições para organizar uma mobilização por mais orçamento.

“Precisamos do orçamento recomposto. O apoio de parlamentares para a articulação de emendas ajuda muito mas não resolve o problema. É uma ajuda momentânea e que depende do parlamentar. A gente vai fazer mobilização para que a Lei Orçamentária Anual contemple a realidade das universidades. Orçamento aprovado (este ano) não sustenta. Em  junho não tem mais recursos”, disse ele explicando que vários setores começarão a ser afetados.

Henderson adianta que o DCE está buscando construir uma assembleia comunitária, com participação dos técnicos administrativos e do Sintufrj e de docentes, coma Adufrj e Reitoria. “Será uma audiência para toda comunidade saber o que está acontecendo e tirar uma posição de fato”, convoca o rapaz, que espera poder realizá-la ainda no final de maio.

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