Violência contra a mulher

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Brasil no ranking da violência contra a mulher

O Brasil ocupa a quinta posição em homicídios de mulheres entre 83 nações

 

 

Santa Catarina, o estado que mais deu votos a Jair Bolsonaro (65% no primeiro turno e 76% no segundo), também é a unidade da Federação campeã em violência doméstica, segundo o Anuário brasileiro de segurança pública 2018.

Embora a relação causa e efeito não seja automática e o dado não transforme toda a população catarinense em agressora de mulheres, é inescapável deixar de associar o fato à misoginia do presidente eleito (que um dia disse que não estupraria uma mulher porque ela não merecia).

Os números superlativos com registros da violência contra as mulheres no Brasil ganharam visibilidade no curso da semana por causa do 25 de Novembro, data declarada pelas Nações Unidas como o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher.

A data foi consagrada em homenagem às ativistas irmãs Mirabal. Minerva, Patria e María Teresa foram brutalmente assassinadas por lutar contra a ditadura de Rafael Leónidas Trujillo, na República Dominicana.

No discurso de campanha, Jair Bolsonaro reafirmou suas posições de desprezo pela condição feminina. Nas relações de trabalho, chegou a dizer que acha justo mulheres receberem menos que os homens.

 

Agressões por hora

Em 2016, segundo o Atlas da violência 2018, quase cinco mil brasileiras foram assassinadas no país. O Brasil ocupa a quinta posição em homicídios de mulheres entre 83 nações, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com as estatísticas, uma em cada três mulheres sofre de violência doméstica. Em média, 503 mulheres são agredidas fisicamente por hora no país, informa o Datafolha.

No entanto, mais da metade (52%) se cala e não procura ajuda. Os motivos vão desde vergonha, atendimento policial preconceituoso a medo do agressor. Apesar disso, só de denúncias oficiais foram registradas no primeiro semestre deste ano 73 mil pelo Ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência.

Mortes

Uma mulher é morta a cada duas horas no Brasil. Segundo o Mapa da Violência 2015, entre os anos 1980 e 2013, foram assassinadas 106.093 mulheres no país, número que vem aumentando gradativamente a cada ano: de 3.851 em 2001 para 4.762 em 2013, sendo que nesse último ano 27% dos assassinatos ocorreram no próprio domicílio das vítimas.

Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no país, relata o Atlas da violência 2018, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FPSP). Isso representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras. Em dez anos, houve um aumento de 6,4 % nos casos de assassinato de mulheres.

Casos recentes de agressões e mortes repercutem em todo o país e colocam em pauta o debate em torno da violência de gênero. O agressor e assassino geralmente é uma pessoa próxima à vítima, como marido ou namorado.

 

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Maria da Penha

Em vigor desde 2006, a Lei Maria da Penha foi a primeira ação afirmativa do país, no âmbito da Justiça, no combate à violência contra a mulher, e foi  assinada no governo do presidente Lula. A lei, inclusive, classifica os tipos de violência a que a mulher é submetida: física, moral, psicológica, sexual e cárcere privado. A segunda ação foi a Lei do Feminicídio, promulgada pela ex-presidente Dilma Rouseff em março de 2015 – que julga assassinatos cujas motivações envolvem o fato de a vítima ser mulher.

As leis ajudaram as mulheres a tomar coragem para denunciar a violência, mas ainda são insuficientes para impedir que vidas de mulheres sejam tiradas de forma brutal. Por isso, aprimorar os mecanismos de combate está na ordem do dia.

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