Incêndio no Museu Nacional não foi criminoso

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A dois meses de completar dois anos da fatídica noite de 2 de setembro de 2018 em que o Museu Nacional – patrimônio precioso da humanidade – foi totalmente consumido pelas chamas, a Polícia Federal anunciou a conclusão da investigação sobre o sinistro, e descartou qualquer hipóteses de ação criminosa. O inquérito aponta para possibilidade de o fogo ter começado em um aparelho de ar condicionado instalado no Auditório Roquete Pinto, que ficava no primeiro andar, próximo à entrada principal do palácio.

A direção do Museu Nacional emitiu nota reafirmando as conclusões do laudo divulgado em 2019 sobre a provável origem do incêndio e que já deixava claro que não houve omissão ou ação criminosa. O texto relata os esforços feitos antes do incêndio para reformar e resguardar o prédio:
“Há muitos anos, a direção do Museu Nacional/UFRJ buscava recursos para a reforma do Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, bem como para a instalação de um sistema completo de segurança contra incêndios.”

Esforços

Os recursos esperados seriam alocados pelo BNDES, conforme contrato assinado em 2018 e com a previsão de início das obras ainda no segundo semestre de 2019. E, para o mesmo fim, seriam alocados R$ 20 milhões de uma emenda parlamentar obtida em 2013, valor que foi contingenciado em 2014. Segundo a nota, a instituição realizava treinamentos, vigilância, obras, reformas e captação de recursos, um trabalho árduo pela melhoria nas condições de infraestrutura do prédio, e finaliza informando que a direção segue trabalhando nos projetos de reconstrução do museu.

Tragédia

O incêndio no Museu Nacional atingiu a sede – um prédio histórico localizado na Quinta da Boa Vista, sendo destruído quase a totalidade do acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos, que abrangia cerca de vinte milhões de itens catalogados. As coleções que tiveram mais perdas foram as de antropologia, etnografia, paleontologia, geologia, entomologia (insetos), aracnologia (aranhas) e malacologia (conchas), sendo que esta está tendo uma recuperação razoável no resgate.

Além do rico acervo, também o edifício histórico que abrigava o museu, antiga residência oficial dos imperadores do Brasil, foi extremamente danificado com rachaduras, desabamento de sua cobertura, além da queda de lajes internas.

Resgate

Desde o incêndio, diversos profissionais se dedicaram inteiramente ao trabalho de recuperação do acervo e reconstrução do museu. Foi montada uma equipe de resgate — coordenada pela professora e arqueóloga Cláudia Carvalho, que já foi diretora do museu — formada por técnicos, professores, pesquisadores e colaboradores. Em um ano de trabalho foram resgatadas 1.500 peças.

Eles estão realizando um importante trabalho de resgate da memória e de itens valiosos do ponto de vista histórico e científico. Dentre elas, está o crânio de Luzia, um dos mais valiosos itens do acervo. Luzia é o esqueleto humano mais antigo já encontrado no Brasil.

Outro importante achado foi o Meteorito Angra dos Reis que estava intacto nos escombros porque estava guardado dentro de um armário de ferro. Foram resgatados também objetos de cerâmica pré-colombiana e esculturas de bronze egípcias.

Reabertura

Houve um esforço da UFRJ e da direção do museu para angariar verbas para o trabalho de resgate, recuperação e restauração, tanto dos itens do acervo quanto do próprio prédio do Museu Nacional. Até março de 2020 o museu conseguiu levantar R$ 164 milhões, o que não é suficiente para toda a recuperação.

A previsão da UFRJ é que a reforma completa seja concluída somente em 2025. Por isso, a direção do museu planeja reabrir parcialmente a instituição para as comemorações do bicentenário de independência do Brasil, em 2022, quando deverá estar pronta toda a restauração das fachadas, da cobertura e dos jardins.

Para 2023 estão previstas as obras no interior do paço e no anexo do museu, com término em 2024, quando também será iniciada a museografia e a montagem da exposição, a ser finalizada em 2025.

Museu Vive

Desde o incêndio várias atividades, entre ações científicas, culturais e educacionais, têm sido realizadas pela equipe do museu, na Quinta da Boa Vista principalmente, para manter o museu vivo e pulsante como sempre foi para o público.

Já foram mostrados ao público mais de cem itens resgatados dos escombros, por exemplo. E realizados festivais com atividades variadas. Em 2019, a edição do Festival Museu Nacional Vive levou para a Quinta da Boa Vista uma série de atividades gratuitas e abertas ao público.

 

 

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