Lições do passado para construção do futuro

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A retrospectiva da organização sindical da categoria, as lutas corporativas e sociais, o surgimento de entidades com perfil combativo, todo esse mosaico de fatos das últimas quatro décadas foi recomposto por lideranças históricas do movimento no debate da manhã desta quarta-feira, dia 2, do 1º Fórum Técnico-Administrativo da UFRJ, realizado pelo Sintufrj.

Vânia Galvão e Honório Rocha, ex-dirigentes da Fasubra, Toninho Alves, coordenador da atual gestão da Federação, e João Eduardo do Nascimento, ex-dirigente da Asufrj, protagonizaram o debate “Construção do movimento técnico-administrativo na UFRJ e no Brasil”, mediado por Márcia Tosta, também militante histórica que participou ativamente para a construção do sindicato.

A coordenadora-geral do Sintufrj Gerly Miceli lembrou conquistas, fruto da organização da categoria, como o PUCRCE e o RJU. “Mas hoje estamos vendo o retrocesso com este governo, em que servidores são apontados como inimigos da sociedade”, disse, lembrando que o Sintufrj construiu o fórum para provocar corações e mentes e alertar para o fato de que o momento requer mais uma vez muita unidade, resistência e luta.

Márcia Tosta observou que as lutas não foram apenas corporativas e extrapolaram os muros das universidades: “Vocês poderão ver (com o debate) como esta história se constituiu, desde a retomada da Fasubra para o campo combativo até os dias de hoje e o panorama atual do nosso movimento”, disse, sugerindo um documentário sobre o tema.

Legado

Como lembrou a mediadora, Vânia Galvão foi a primeira presidenta da Fasubra combativa, hoje à frente da Secretaria Municipal de Educação de Lauro de Freitas (BA). Ela resgatou grandes momentos do movimento, como as greves de 1982 e de 1984, marco na história e que deixou saldo na organização da categoria, até a conquista do Plano de Carreira e a resistência contra da transformação das universidades em organizações sociais, como propunha o governo FHC: “Foi uma luta grande em defesa da universidade pública”, disse.

João Eduardo, autor do livro “Novos atores na cena universitária” (1996), desde 2014 assessor do governador da Paraíba, ponderou que é sempre bom refazer criticamente caminhos percorridos para identificar virtudes e dificuldades e prosseguir na caminhada. Em particular neste momento de absoluta distopia na história social, com ascensão do pensamento de extrema direita. Ele pontuou a importância da construção de um movimento com profunda ligação com as lutas sociais: “Temos que ter isso como referência”, disse, apontando como estratégica a vinculação entre a universidade e a sociedade.

Unidade

Honório Rocha, que foi vice-presidente da Fasubra, lembrou militantes históricos que participaram da sua construção e o papel destacado que alcançou a Federação, por exemplo no movimento pela Constituinte de 1988. Ponderou que cada época tem seu desafio, como a unificação da categoria neste país continental. E avalia que é preciso pensar numa frente ampla: “Além da unidade, além da amplitude, o respeito. Temos que construir estas perspectivas, elementos centrais para construção de saídas, pois vivemos hoje um momento muito difícil”.

Papel do Estado

Toninho Alves lembrou que a Fasubra foi uma das primeiras a convocar a palavra de ordem “Fora Collor” e que enfrentou os ataques à categoria e à universidade pública na década de 1990, assim como a criação do projeto Universidade Cidadã para os Trabalhadores, marco no diálogo sobre o papel do Estado. Para ele, é preciso mais que nunca construir um processo junto à categoria que busque não só o diálogo, mas que recupere o debate do papel do Estado nacional, do servidor público no Brasil, para enfrentar o negacionismo e o processo de uberização dos trabalhadores.

Reflexão − Além da importância da construção coletiva e do caminhar unificado, foi comum entre os debatedores a proposta de um encontro nacional para resgatar este histórico e aprofundar a reflexão.

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