Prefeitura prevê leitos para o HU

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A Prefeitura anunciou, dia 1º, a criação de 343 novos leitos para Covid-19: 193 na rede pública e 150 na rede privada. Para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), segundo o anúncio, serão 60 leitos. Além disso, a Prefeitura criou um comitê de enfrentamento à covid-19 com a participação de especialistas, entre eles, o diretor da Divisão Médica do HU Alberto Chebabo. 

A Prefeitura publicou, no Diário Oficial do município, na sexta-feira, dia 1º, três decretos: um sobre transparência na ocupação de leitos no SUS na cidade, a instituição do Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19 no âmbito do SUS, e a criação do Centro de Operações de Emergência da Covid-19 Rio. 

HU na Plataforma

As unidades da rede do SUS no município devem manter atualizados dados de ocupação dos leitos na plataforma http://smsrio.org/censo, que tem acesso público. Lá estão informações sobre leitos livres, ocupados, impedidos e cedidos à Central de Regulação. 

Até o dia 4, nesta plataforma, no HUCFF, do total de 321 leitos, havia 12 livres, 163 ocupados e 134 impedidos (a maioria por falta de médicos e enfermeiros). A taxa de ocupação era de 93%.

HU no comitê

O Comitê Especial de Enfrentamento da COVID-19 terá, entre outras atribuições, a função de monitorar e avaliar o desempenho da rede do SUS e elaborar recomendações ao Centro de Operações de Emergência (COE COVID-19 Rio) para obter o constante aperfeiçoamento das ações de proteção à vida. 

É presidido pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, e conta com 15 participantes. Além de Chebabo, será composto por representantes do Ministério da Saúde e da Secretária de Estado de Saúde, da UERJ e da Unirio, Fiocruz e outras instituições. Chebado está completamente envolvido com as principais movimentações relacionadas à pandemia por ser também vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e fazer parte do Grupo de Crise da UFRJ para esta questão.

O Centro de Operações de Emergência (COE COVID-19 Rio) funcionará na Cidade Nova, e terá, entre as competências, planejar ações de combate à pandemia de acordo com níveis de alerta sobre estágios de risco.

Segundo a Prefeitura, este conjunto de medidas possibilitará a criação de 343 novos leitos para tratamento de pacientes de COVID já a partir de janeiro. Além de abrir 193 vagas na rede pública, a Secretaria Municipal de Saúde vai publicar chamamento para 150 na rede privada. 

Os leitos e profissionais do Hospital de Campanha do Riocentro serão remanejados para os hospitais Ronaldo Gazolla (80), Souza Aguiar (30), Salgado Filho (23) e Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (60).

Falta de pessoal

Chebabo contou que o HU fechou o ano com novos 12 leitos de CTI e 10 de enfermaria, mas que, provavelmente esta semana poderá abrir os novos leitos anunciados com a chegada de médicos e enfermeiros. Os reflexos da pandemia no HU, segundo conta, se estabilizaram momentaneamente, mas a demanda ainda é alta e de fato os leitos estão todos ocupados.

O coordenador de o Complexo Hospitalar da UFRJ, Leôncio Feitosa, explica que a UFRJ, através do HU, realizou várias reuniões com o Ministério da Saúde, representantes do estado e do município e conseguiu,  pessoal para reabrir em torno de 120 leitos: “Esse número vai depender da quantidade de pessoal que receberemos, portanto não é um número fechado. Mas é pretensão nossa a oferta para o Rio de Janeiro, de 100 a 120 leitos, dependendo do que mandarem de material para CTI e para enfermaria”, disse ele.

Feitosa chama atenção para outro problema: a redução no orçamento da UFRJ para 2021 em torno de 17%, por exemplo, na dotação orçamentária discricionária que cai de R$ 374 milhões em 2020 para R$3109 milhões em 2021, ou seja, R$ 64 milhões a menos. Isso, é claro, também vai impactar os hospitais da UFRJ. Em particular neste momento de tamanha crise sanitária. 

“Estamos com orçamento para este ano semelhante ao de 2011, o que mostra o atraso orçamentário que estamos tendo e as dificuldades que teremos no geral e nas unidades de saúde também”, observa o coordenador.

Para enfrentar a segunda onda

“Porém, para a pandemia, de forma provisória, conseguimos este acerto com a Prefeitura, estado e o Ministério, para abrir leitos para enfrentarmos a segunda onda que já está entre nós. O que foi negociado foram 100 leitos mas se mandarem mais gente, pode-se abrir mais”, disse ele.

A contratação emergencial é trimestral e pode ser renovada por mais três meses. “Isso porque ninguém sabe o tamanho e a duração desta onda, como não se sabe quando será o início da vacinação. Acredito que para julho já tenhamos um número significativo de pessoas vacinadas”, estima.

Mas Feitosa insiste em apontar a maior dificuldade: pessoal, agravada pelos afastamentos, adoecimentos e pelo trabalho remoto em decorrência da pandemia: “Já havia quantidade insuficiente.  Com a pandemia foi um golpe nas unidades hospitalares. Estamos com este problema grave de pessoal e problema grave de financiamento”, diz ele, explicando que tudo isso pode comprometer o funcionamento dos hospitais.

 

 

 

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